segunda-feira, 31 de março de 2008

Sexualidade e reprodução

Todos os animais acasalam com o objectivo de se reproduzirem e, assim, dar continuidade à sua espécie. Nos humanos existe uma coisa curiosa: o homem, biologicamente falando, pode reproduzir-se de cada vez que tem uma relação sexual com uma mulher...mas, a mulher é fértil apenas uma semana por mês, e tem órgaõs genitais cuja única função é o prazer, independente da função reprodutora.
Que eu sabia, as fêmeas de outras espécies só copulam no seu período fértil e têm como único órgão sexual externo uma vagina.
O que teria Deus em mente qdo nos fez assim ;)

Navegar é preciso, viver não é preciso...

Os poetas podem usar estas imagens desconcertantes. Muitas vezes as sentimos como verdadeiras, mas todos fazemos mais o que "não é preciso" do que o que " é preciso."
O que é navegar para ele, entendo, mas...o que é viver?
Viver é sobreviver? É cumprir com as obrigações de todos os dias? Pode-se viver, navegando?
Sim, há sempre um espaço só nosso em tudo o que fazemos...
Navegamos tanto ao longo da vida: somos barco com bússola ou barco à deriva, escolhemos o mar alto ou preferimos terra à vista, somos apanhados de surpresa por temporais terríveis, agarramo-nos ao leme e lá sobrevivemos, paramos em portos seguros, ou portos só de calhaus onde nem nos podemos abastecer....mas seguimos sempre viagem rumo a bom porto, para atracar e parar....ou para descansar e poder voltar a partir.
Viver, nesta frase, parece o antónimo de viajar: é nunca partir, não descobrir...

domingo, 30 de março de 2008

Escolhe-se?

Um dia, conversando com um amigo sobre as razões que levam umas pessoas a apaixonar-se por outras, fui surpreendida com o seu comentário : "Escolhe-se?"
Segundo ele, tudo começa com um cheiro, um leve toque.
Quando lhe perguntei: "E o resto?", respondeu-me: "O resto adapta-se. Sem o cheiro, não se passa ao resto."

Adrenalina, serotonina e outras -inas

Excerto de um livro que ando a ler: "...a psiquiatria parecia situar-se no limiar de grandes descobertas biológicas acerca das causas bioquímicas da enfermidade mental, na psicofarmacologia....sem esquecer a descoberta iminente da localização cromossómica do gene responsável por cada uma das principais perturbações mentais."
Se assim fosse, seria fácil tratar esses doentes com fármacos, e, no entanto, os fármacos só por si, não curam.
Estas descobertas são espantosas e muito úteis, mas insuficientes para devolver a felicidade a quem a perdeu, não é?
Temos hormonas para tudo, somos um cocktail de hormonas....e ainda assim, o que as estimula, é o que vamos pensando, sentindo e fazendo.
De uma certa forma, somos "donos" das nossas vidas...somos o maquinista do nosso comboio...mas tb somos o passageiro desse mesmo comboio...
Lol, gostei deste meu "delírio"! :)

Há um fio condutor?

Vejo a vida como um livro, com capítulos. Há a infância, a adolescência, as várias fases da idade adulta ( com ou sem filhos). Há fases ( ou serão ciclos?) que, aparentemente, não têm continuidade...chega a haver saltos ( para a frente ou para trás). Mas, se me ponho a pensar, parece que uma nova fase começou a germinar numa fase anterior, ainda que de forma inconsciente. Há a nossa capacidade de analisar ( ou não) o que se vai passando....mas, num registo inacessível à razão, há movimentos internos que vão acontecendo e nos empurram para as mudanças. É como se, o que nos aparece no exterior tivesse sido procurado por nós, sem o sabermos.
Nesse sentido, se estivermos atentos, há um fio condutor na nossa história de vida...

sábado, 29 de março de 2008

Humor

Dizem que o humor é uma característica das pessoas inteligentes. Não sabendo eu o que é a inteligência ( há tantas formas de inteligência), acho que uma pitada de humor faz muita falta...
Já todos devem ter tido a experiência de estar a brincar com alguém que nos leva a sério. É do pior! Apetece logo fugir :)
Há vários tipos de humor e achamos mais graça a algumas pessoas do que a outras. Há famílias que cultivam essa maneira de estar ( a minha é uma delas, felizmente)
Raras de encontrar, e por isso muito louváveis, são aquelas pessoas que se riem de si prórpias, caricaturizando-se.
Vem isto a propósito das crónicas que o Miguel Esteves Cardoso escreve no Público, a partir do hospital onde está internado por uma cirurgia à anca. Chama-se "O diário da minha perna" e tem uma foto dele em roupão ao pé da cama. Numa dessas crónicas, conta como se sentou à janela com aquela vista soberba sobre lisboa e diz que nunca se lembra de se ter sentido tão bem na vida. A descrição é tão engraçada e ao mesmo tempo transmite-nos um tal bem-estar, que chega a apetecer passar uns dias naquele hospital a descansar frente a uma bela paisagem num dia de sol :)

O Tempo

"O tempo, esse grande escultor", dizia a Sophia de Mello Breyner.
Vai-nos esculpindo o corpo....e a alma?

Há coisas que mudam: crescemos, modificamo-nos, aprendemos e integramos.
Mas o essencial....será que muda?

Releio coisas escritas na adolescência e mais tarde....e ainda me reconheço nelas. Talvez as dissesse, agora, de uma outra maneira, mas o sentir não é mto diferente.

Continuo a acreditar que o amor nasce de uma identificação, de sentirmos que pertencemos ali, que o outro é um porto para o nosso barco e vice-versa.

A dificuldade vem de gerir este sentimento contra todas as adversidades da vida e suas rotinas.

A minha subjectividade objectiva- Fernando Pessoa

Cada um de nós percepciona o mundo de uma forma muito própria. Levamos uma vida inteira a tentar a objectividade, para podermos comunicar. É fácil estarmos de acordo quanto a designar as coisas pelos seus nomes: um copo é um copo, o mar é o mar. Mas qdo queremos atribuir qualidades a essas coisas, começa a tornar-se mais difícil: o que para uns é bonito, para outros pode ser feio ou assim-assim, o que para uns desperta sentimentos ou emoções, pode ser indiferente para outros.
Às vezes, como por milagre, duas pessoas estão a ouvir uma música e sentem coisas mto parecidas, ou estão a olhar para o mar e sentem que o outro está a emocionar-se de uma forma semelhante.
Quando o nosso "universo pessoal" se toca com outro "universo pessoal", o amor torna-se uma coisa séria :)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Ainda o Principezinho

Se se lembram, o Principezinho tinha como única companhia, no seu planeta, uma flor. Na terra, a raposa tenta explicar-lhe o que são sentimentos.
Diz esta frase linda que eu vou escrever em francês, pq adoro a sonoridade:
"C´est le temps que tu a perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante pour toi"

É o tempo que dedicamos a alguém ou a alguma outra coisa, que a torna tão importante a nossos olhos...
Somos tão subjectivos...

A natureza humana

Fico com dúvidas sobre a natureza humana quando assisto ou oiço mais um caso de agressão (física ou psicológica) de um grupo de indivíduos a alguém que se encontra indefeso. Este fenómeno, actualmente designado de "bullying", revela a faceta mais sombria do ser humano: a cobardia aliada ao sadismo.
Desde muito cedo, nas escolas assiste-se a este tipo de comportamentos: a vítima é escolhida por ser alguém com alguma fragilidade, os agressores são, geralmente, comandados por um líder, criança com problemas emocionais disfarçados por essa capacidade de liderança, os cúmplices, são os "carneiros" da sociedade que seguem sempre quem lhes parece mais forte. Há um denominador comum a todos os agentes do bullying: o medo (agredir o outro por medo de se confrontar com outros medos).
Existe este fenómeno nos outros animais? Que eu saiba, um animal agride outro para o comer ou para defender o seu território.
Resta-nos esta interpretação: os humanos agridem a despropósito, porque são fruto de uma sociedade em que as agressões mtas vezes acontecem sem haver uma razão para o acto. Frustração?
Tem que haver culpados e responsabilizados. Aprende-se tb com castigos. Os maiores culpados destas aituações são (além da sociedade sem valores em que acabámos por cair), os pais dessas crianças que, por falta de tempo, de disponibilidade ou de valores, nada lhes ensinam sobre o respeito ao próximo. Apenas incentivam os seus filhos a serem os "melhores" em tudo (resultados escolares, desportivos, etc), ensinando-lhes o único "valor" que conhecem: a competição!

"A verdade é inacessível aos olhos...", Saint-Exupéry

Dizia a raposa ao Principezinho, quando lhe explicava como eram os sentimentos dos humanos: "A essência capta-se com o coração, é inacessível aos olhos".
Muito tenho pensado nesta frase, e se há mtos anos me parecia completamente verdadeira, hoje tenho dúvidas. Acho que o que há de mais verdadeiro num ser humano é o olhar. A questão é: sabemos nós olhar nos olhos do outro e ver?

As palavras servem para mentir, mas os olhos não têm essa capacidade...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Pilates

A prof. Inês começa sempre as aulas dizendo: "Pilates é uma técnica de bem-estar".

De facto é. Todos aqueles exercícios se executam lentamente, ao ritmo da respiração: inspira fecha, expira abre. É uma técnica que exige grande concentração, exige consciência corporal: sentir os pés bem assentes no chão, ombros alinhados e descontraídos, barriga apertada para proteger a coluna. Depois, os movimentos fluem e obtém-se um grande prazer.
No final da aula, as caras das pessoas estão diferentes, mais calmas, sorridentes...
É nessas alturas que tenho a percepção que o nosso corpo e a nossa alma são um só!

Obrigada, Inês, pelos ensinamentos e por acreditar no que faz! Eu também acredito!

quarta-feira, 26 de março de 2008

corpo são em mente sã...

Antes de existirem cidades, antes de existirem carros, prédios, elevadores, as pessoas mexiam-se: caminhavam, corriam, subiam, desciam, trepavam, ...
Hoje levantam-se, vão para os empregos de carro, trabalham sentadas, regressam a casa de carro, sobem de elevador até ao andar em que moram, sentam-se a ver televisão ou ao computador e, qdo têm que fazer compras, utilizam mais uma vez os seus carros. Quantos passos dão por dia? Quantos músculos mexem?
À noite, quando se deitam, não sentem cansaço físico, apenas cansaço emocional ( o tal stress).

Com esta vida, esquecem-se que "somos" também corpo... Não "temos" corpo e espírito, somos as duas coisas, numa união indissociável, e
quando um dos nossos lados não está bem, o outro também não pode estar.

É por isso que me sinto tão bem quando faço ginástica: sinto-me mais "inteira", menos dividida em partes...

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida" (Vinicius de Morais)

Estar só leva-nos a descobrir outros interesses. Há prazeres solitários. Felizmente, temos uma vida interior que nos proporciona momentos de alegria e até de tranquilidade...
Mas nada se compara ao encontro entre 2 almas gémeas ( e 2 corpos que se entendem)...
Encostar a cabeça no ombro de alguém que se ama e nos ama, faz sentir o tempo parar. São momentos eternos em que de dois se passa a um, o exterior passa a cenário, e aquela unidade adormece todos os medos e inseguranças. É o sabor da felicidade!

Ainda a Camille Claudel

Acabei ontem a biografia . Andará alguns dias na minha companhia. O mínimo que posso fazer para a homenagear é visitar as suas esculturas sempre que for viajar (embora esteja em poucos museus do mundo)....e, tentar encontrar o diário do irmão, Paul Claudel.

terça-feira, 25 de março de 2008

Animais como nós

Muito se tem escrito e pesquisado sobre a inteligência dos animais. Acabei de ler um artigo no National Geographic que ilustra bem isto: estudos feitos com várias espécies de animais ( não só primatas) concluem que eles são capazes de memorizar, reconhecer cores, construir ferramentas ( até com o bico) para alcançar comida, identificar palavras, etc. O artigo é surpreendente e deveria ser mais divulgado, para que os humanos fossem mais humildes e respeitadores dos direitos destes outros seres.
A mim, e desde que convivo com uma cadela, impressiona-me ainda mais aquilo que poderia designar por "inteligência emocional" dos cães. Eles têm manifestações de amor que envergonham muitos da nossa espécie. Pressentem, intuem, ajustam o seu comportamento ao nosso estado de espírito, e também exigem e manipulam ( como as crianças), mas, acima de tudo, têm qualidades já raras nos humanos de hoje: são gratos e fieis! Amam o seu dono!

Paradoxos

Às vezes, de uma mãe pragmática e pouco intuitiva, nasce uma criança sensível e introspectiva.
O sentimento de incomprensão por parte da mãe é semelhante ao sentimento de abandono...

Camille Claudel

Estou a ler a biografia de Camille Claudel. Viveu na transição entre o século XIX e o século XX.. Era uma mulher apaixonada pela sua arte: a escultura. Foi contemporânea de Rodin e sua amante. Esculpiu obras tão grandiosas como as dele, chegou a participar em exposições do seu mestre Rodin, sem que o seu nome aparecesse. A glória era para o mestre, que a amava e lhe invejava o talento tão equiparado ao seu.
Deixou esculturas lindíssimas : objectos com alma. Fui pesquisar no google. A "valsa" é impressionante, pelo movimento, pela expressividade dos corpos.
Foi internada por volta dos 40 anos e viveu 30 anos num asilo, de onde escreveu belas cartas ao seu irmão Paul Claudel ( poeta).
A sua loucura era só uma: querer viver de forma diferente das mulheres da sua época, querer dedicar a vida à arte que amava acima de tudo!
Há 100 anos, ser uma mulher com garra era uma guerra: os homens achavam-nas loucas, as mulheres invejavam-nas e todos as desprezavam!
Que sorte que eu tenho por ter nascido mais tarde...

sonhos

Há sonhos recorrentes. Aparecem ao longo da vida, sob diferentes formas, mas a mensagem é sempre a mesma. São coisas ancestrais, do princípio da nossa história, que convivem connosco, adormecidas, mas que despertam a um estímulo do nosso tempo presente. Disfarçam-se de mil e uma "vestimentas" e soltam-se enquanto dormimos...

segunda-feira, 24 de março de 2008

dispersões

Tenho um pensamento disperso, uma curiosidade intelectual por vários assuntos. Às vezes uma frase que li algures, um comentário que ouvi, desperta uma ânsia de saber mais. Nesse processo, preciso do "outro": falar, escrever organiza-me e faz-me evoluir...
Mas esta curiosidade é saltitante: um dia surge outro tema que tb me interessa, ponho o pensamento anterior em stand-by e "apaixono-me" pela nova descoberta. Não abandono o anterior, regresso sempre, vou convivendo com vários interesses...
Não sou pessoa de aprofundar até à exaustão, mas tb não sou superficial. Tenho uma mente curiosa.
Raramente encontro interlocutores e, no entanto, poucas coisas me dão tanto prazer como o debate de ideias. Sonho com o tempo das tertúlias em cafés do princípio do século. Adorava ter vivido nesse tempo em que havia tempo para conversar...
Hoje tecla-se....menos mal. Pior seria ter que deixar de conversar, retirar estímulo ao pensamento...