quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Sê plural como o universo!"--- Fernando Pessoa

De um texto de Fernando Pessoa de 1920:

"Sendo nós portugueses, convém saber o que é que somos.
a) adaptabilidade, que no mental dá a instabilidade, e portanto a diversificação do indivíduo dentro de si mesmo. O bom português é várias pessoas.
b) a predominância da emoção sobre a paixão. Somos ternos e pouco intensos, ao contrário dos espanhóis - nossos absolutos contrários - que são apaixonados e frios."

Divaguemos, então sobre a nossa "alma lusitana", e esperemos que a nossa emigrante confirme ou desminta esta comparação entre dois povos vizinhos e tão diferentes ( segundo Fernando Pessoa) :)

Serviço Cívico

Aqui vai uma ideia que me anda a fervilhar na cabeça há algum tempo. Vejamos o que pensam dela:)

O preço dos cereais voltou a aumentar na Europa. Vai aumentar o preço do pão, do arroz, etc.
Ontem, ouvi no telejornal que importamos 85% dos cereais que consumimos.
Pode um país sobreviver sem agricultura?
Sabemos que o nosso interior está deserto a ponto de terem fechado escolas e centros de saúde. Há aldeias onde vivem 2 ou 3 velhinhos. Quando morrerem, acaba o que resta de vida nesses sítios.

A minha ideia é esta:
E se fizesse parte do nosso sistema educativo, um ano cívico após conclusão do 12º ano? ( como existe em Inglaterra, por exemplo). Os jovens iriam, em fornadas, para as terras do interior onde trabalhariam na terra durante 9 meses ( um ano lectivo). A experiência seria controlada por técnicos dessas áreas e não me refiro a trabalhos forçados, mas sim a um ano dedicado ao desenvolvimento da nossa agricultura. Não seria uma tropa nem uma "balda" como penso que foi a experiencia de alfabetização que alguns jovens fizeram no pos-25 de abril.
Esta pode ser considerada uma ideia comunista. Pois eu acho que, nesses países, no meio de mtas coisas erradas, havia algumas ideias inteligentes.

Para o desenvolvimento dos nossos jovens parece-me óptimo: um ano longe dos pais, a viver em comunidade e a sentirem-se úteis ao país, talvez lhes despertasse alguns sentimentos menos egocêntricos :)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ambivalências

O excerto que se segue foi retirado de um texto da psicóloga Isabel Leal:

"Quer as pessoas quer os povos vivem ambivalentemente. Por um lado, é-lhes agradável pairar num clima de não acontecimentos e de sensações conhecidas, num limbo de tranquilidade difusa e amena. Por outro lado, aspiram por uma qualquer grandiosidade emocional que permita não só um colorido brilhante para os dias mas, também, uma experiência pessoal de novo e diferente.

Porque somos ambivalentes, porque queremos e não queremos, porque tememos o que desejamos, vivemos de fase em fase, racionalizando o que podemos, para contornar o mergulho derradeiro nas tentadoras crises."

Define assim crise: "Uma crise é sempre uma fase aguda, por vezes virulenta, de transformações que põe toda a gente insegura. Todas as crises implicam uma convulsão do que está estabelecido e, por isso, sair delas, quer dizer chegar a um novo equilíbrio..."


Em cheio? :)

domingo, 27 de abril de 2008

Intimidades

O jogo das associações é bonito. Podemos expor-nos sem falarmos de nós :)

Proponho-vos que imaginem que eram um animal ( este jogo já foi abordado, em comentários , num dos nossos posts).
A pergunta é : se fosses um animal que animal eras?

Convém que as respostas não sejam apenas o nome do animal, mas algumas das suas características ( tal como as "vemos")
Jogamos, então? :)

Falarei de mim enqto animal no espaço dos comentários. É mais íntimo :)

sábado, 26 de abril de 2008

Chorar

Em pequenos, choramos por tudo e por nada ( mais as meninas que os meninos).
Choramos de dor ( física ou psíquica), de raiva, de medo...
Crescemos e as lágrimas não surgem em todas as situações de dor. É como se as seleccionássemos. Como se se tornassem mais íntimas...

Mas há situações em que as não conseguimos conter: qdo vemos um filme que nos comove :)
Chora-se mais com imagens do que com livros, chora-se mais de comoção do que de tristeza!

Não é verdade?

Edgar Morin, "Complexidade e liberdade", 1994

Que tal voltarmos a filosofar?
Pego num livro de estudo da minha filha e tento entender se, o que dizem os nossos filósofos, sociólogos contemporâneos, é parecido com o que andamos a debater :)
Vou transcrever alguns excertos da obra de Edgar Morin, referida no título:

"A grande descoberta deste século é que a ciência não é o reino da Ciência. É claro que se fundamenta numa série de certezas, situadas localmente e espacialmente. A translação da terra à volta do sol, por exemplo, parece-nos certa, mas é possível dizer o mesmo 100 milhões de anos antes ou depois da nossa era, sabendo que o universo está submetido a flutuações, perturbações, àquilo que chamamos hoje o movimento caótico?"
"A obra de Popper foi indispensável para a compreensão de que uma teoria científica não existe como tal, senão na medida em que aceita ser falível e se submete ao jogo da sua "possibilidade de ser falsa" e, portanto, na medida em que aceita a sua possibilidade de biodegradação"
"A ciência clássica construiu-se sobre os 3 pilares da certeza, que são: a ordem, a separabilidade e a lógica"
Vai contestando esses pilares...e mais à frente diz:
" A questão "o que é o real?", que parecia tão evidente, ressurge."
" O grande desafio do conhecimento assenta nesse pradoxo: para uma mesma realidade, encontramos simultaneamnete o contínuo e o descontínuo."
"Voltamos a encontrar os mesmos problemas em realção à sociedade: Se a considerarmos globalmente, é um contínuo. Os indivíduos dissolvem-se na sociedade, conforme ainda pensam numerosos sociólogos; ou então consideramos apenas os indivíduos, e a sociedade dissolve-se, o que permite a certos sociólogos dizer que a sociedade não existe e que apenas contam as interacções entre os indivíduos".

O texto é grande e mto interessante. Penso que está na linha do que nos anda a interessar por estas bandas da blogosfera :)

O nosso Jr. deve gostar deste post :)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A pedra filosofal

As músicas despertam-nos emoções! As músicas de Abril não se esquecem! Há uma, escrita durante a ditadura, que passou a ser cantada por todos, depois da festa de 74: A Pedra filosofal.
Acabei de a ouvir, e, como de todas as vezes que a oiço, sinto-me arrepiada...

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul
......................................


O homem que escreveu isto, de pseudónimo António Gedeão, era Rómulo de Carvalho, prof de fisico-química e poeta...

É tão bonito este poema, não acham?

Mais um 25 de Abril!

Este dia nunca me é indiferente!
Hoje está sol e vou almoçar na praia e ficar por lá...mas, no meu coração, há um lugar para a memória, que não quero que venha a desaparecer...
Qdo as miúdas eram pequenas, iamos sempre desfilar na Avenida. Queria que elas sentissem que, embora tivessem nascido mto depois dessa data, havia ali mtas pessoas para quem esse dia tinha sido uma libertação e sentiam-se "emoções colectivas".
Íamos sempre com uma amiga minha que tem 3 filhas e às vezes juntavam-se outras pessoas. Era uma festa! Nunca me esqueço da filha mais nova dessa minha amiga a repetir o slogan. "25 de Abril sempre, "baptismo" nunca mais!" :)

A última vez que desfilei foi na última manif de profs. Não me entusiasmam as palvras de ordem, sempre repetidas e, por isso, gastas : manda-se sempre "para a rua" quem se contesta, só muda o nome...
Mas comoveram-me às lágrimas os momentos em que desfilámos em silêncio. Uma multidão em silêncio, avenida a baixo, o som dos nossos passos, é potente! O silêncio colectivo é muito bonito!

Neste dia sinto sempre orgulho por pertencer a uma geração que fez história. Não fomos nós que fizemos o 25 de Abril, mas formámo-nos nos valores da época e, ainda que nos tenhamos confundido com tamanha liberdade para a qual não estávamos preparados, somos todos pessoas para quem alguns valores ficaram a pertencer-nos: a solidariedade, a sensiblidade às injustiças. Nós não somos a geração competitiva! Seremos talvez os últimos a contestar a ausência de valores , mas, enqto existirmos, penso que temos obrigação de os transmitir aos mais novos!

Um bom 25 de Abril para todos! ( wherever you are :) )

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Realidade?

Qdo era pequena, costumava pensar : "qdo eu morrer, desaparece tudo o que vejo?"
Mais tarde, fui percebendo que esta dúvida existencialista ingénua já tinha sido abordada por filósofos.
O mundo existe pq eu o percepciono ou existe independentemente de mim? Se existe apesar de mim, existe para quem? Para os que ainda estão vivos?
Se eu viver numa aldeia de Trás-os-Montes, o que é Lisboa para mim? E vice-versa?

Há quem viaje muito, quem conheça diferentes culturas e afirme que, por todo o planeta , as pessoas são sempre pessoas e conseguimos entender-nos.
Acredito que sim! O meu conhecimento de outros lugares e gentes vem mais dos livros que vou lendo do que das poucas viagens que tenha feito...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Cores

É sabido que as cores depertam sensações diferentes em todas as pessoas e que, em matéria de gostos, algumas oferecem maiores consensos do que outras.
Eu sou das muitas pessoas para quem o Azul é a predilecta.
De todas as cores primárias, é o azul a única de que gosto. Em geral, prefiro as cambiantes que partem das primárias, mas, no caso do azul, gosto de todas as tonalidades. Azul escuro, azulão, turquesa, acinzentado. O azul inspira-me tranquilidade e bem-estar ( será pq vivemos no planeta azul?:)
Não gosto de vermelho. Acho-o agressivo. Mas aprecio os rosas e aquela mistura entre azul e vermelho que são os violetas e roxos.
Também não sou fã de amarelo vivo....teria que ser clarinho para o suportar. Embora ache que o laranja é alegre, acho-o uma cor cansativa...
Não gosto de castanho. É lá côr :)
O verde tem tonalidades muito bonitas: o verde seco, o marinho. Do verde-alface não gosto :)
O branco tem dias, mas sim, é sempre branco. Não preferem o branco sujo?
O preto tb tem dias...mas não seria capaz de estar numa sala com paredes pintadas de preto. Nem de encarnado:)
O cinzento é mais acolhedor...

E vocês, de que cores gostam mais? :)

...e brota vida de onde menos se espera...

Na minha casa de banho, junto ao lavatório ( naquele espaço que o rodeia) tenho um pequeno cesto de verga onde estão os meus cremes. Sempre soube que não se devia usar verga em casas de banho, mas como não gosto de plástico, o tal cestinho já lá está há algum tempo.
Esqueci-me de pensar que se trata de matéria orgânica :)

Hoje, pelas 7 da manhã, oiço um grito vindo da casa de banho: "Mãããeeee!! Chega aqui depreeeessssaaa! Está aqui uma coisa nojenta!"

Fui ver. De um dos lados do dito cesto, tinha surgido um cogumelo de haste mto comprida, escuro e de aspecto, realmente, nojento :)

Se estivessemos em Marte isto não acontecia :)

terça-feira, 22 de abril de 2008

A imprevisibilidade

Explicaram-me assim a "Teoria do Caos" ( alguém se lembra do nome do autor?):

Em todos os acontecimentos da vida, há sempre uma margem de imprevisibilidade, que torna impossível uma previsão objectiva.
Por muito que se investigue em meteorologia, nunca se pode afirmar, com rigor, que amanhã vai estar um dia de sol...
Disseram-me que o autor deste livro afirma o seguinte: "Se uma borboleta bater asas na América do norte, pode acontecer um tornado na América do sul" :)

Algum dos meus comentadores está informado sobre esta teoria e gostava de a partilhar connosco?
Ou, alguém prefere encontrar na sua vida fenómenos "imprevisíveis" que mudaram o curso dos acontecimentos? ( ainda que sejam pequenos acontecimentos...)

Dedicatória de Saint-Exupéry no livro "O Principezinho"

Para Léon Werth

Os meninos que me perdoem por dedicar este livro a uma pessoa grande. Mas tenho uma desculpa de peso: essa pessoa grande é o meu melhor amigo no mundo inteiro. E tenho outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de perceber tudo, mesmo os livros para crianças. E tenho outra desculpa, a terceira: essa pessoa grande mora em França e em França passa fome e passa frio. Bem precisa de ser consolada. Mas, se todas estas desculpas não chegarem, então, gostava de dedicar este livro à criança que essa pessoa grande já foi. Porque todas as pessoas grandes já foram crianças. ( Há é poucas que se lembrem disso.) Portanto, a minha dedicatória vai passar a ser assim:
Para Léon Werth
quando ele era pequeno

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Laços

De volta ao "Principezinho". A raposa tenta explicar-lhe os sentimentos dos terrestres. Atentem neste diálogo:


"_ Anda brincar comigo _ pediu-lhe o Principezinho: Estou tão triste...
_ Não posso ir brncar ctg _ disse a raposa _ não estou presa...
_ O que é que "estar preso" quer dizer?
_ É uma coisa que toda a gente se esqueceu _ disse a raposa _ Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
_ Laços?
_Sim, laços_ disse a raposa_ Ora vê: por enqto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mim rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu tb não precisas de mim. Por enqto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu tb passo a ser única no mundo...
_ Parece-me que estou a começar a perceber_ disse o Principezinho_ Sabes, há uma certa flor...tenho a impressão que estou preso a ela..."

in "O Principezinho", A. Saint-Exupéry, 1946

domingo, 20 de abril de 2008

O coração é uma bomba!

Vou contar-vos uma história verídica que li hoje no jornal:

Em 1995, Sonny Graham, 56 anos, recebeu com sucesso um transplante de coração.
O novo coração deste norte-americano provinha de um suicida.
Sonny decide ir conhecer a viúva, de 28 anos, mãe de 4 crianças. Quando a conhece escreve: "Senti que a conhecia há anos. Não conseguia tirar os olhos dela".
Casaram em 2004.
Este ano, este mês, Sonny voltou a ser notícia. Sem motivo aparente, disparou um tiro de caçadeira na garganta.

Só se espera que o coração não venha a ser usado em novo transplante :))

Existe uma "memória celular", como alvitra o jornalista, ou será caso para desconfiar daquela mulher? :)

sábado, 19 de abril de 2008

E o pensamento, também é emocional?

Havia uma canção com um poema assim: "...porque é livre como o vento...porque é livre..."
Referia-se ao pensamento e à única liberdade possível em épocas de repressão política...

E qdo somos livres de pensar o que quisermos, o nosso pensamento é realmente livre?

Já aqui falámos da influência da cultura do país/região onde vivemos, da interiorização das regras/ modos de pensar dos nosso pais e outros que contribuiram para a nossa formação.

Falta-nos reflectir sobre aquilo em que pensamos e como pensamos, qdo chegamos àquela altura da vida em que nos julgamos maduros e confiantes.

Vamos a exemplos para compreender isto melhor:
É 2ª feira, chove, tenho sono e preguiça, instala-se uma neura. Entro no carro a caminho do trabalho e penso que esta vida é injusta, pq qdo puder gozar o meu tempo como muito bem me apetecer, já serei velha para isso...
É um dia de férias, está sol, combinei com amigos ir almoçar na praia e ficar por lá a passear, ao solinho. Entro no carro e acho que sou uma rapariga cheia de sorte, pq vivo num país lindo, rodeado de mar por todos os lados, tenho bons amigos, e a vida é um milagre :)


A pensar, a pensar.... :)

A razão como controle das emoções

Já todos experimentámos calar-nos qdo sentíamos vontade de gritar, recuar qdo nos apetecia avançar. As nossas emoções estão educadas. De outra forma, não poderíamos viver em sociedade. Temos a capacidade de interiorizar as regras sociais e, racionalizando-nos, escolher entre o que podemos demonstar "na hora" e aquilo que devemos guardar, para reflectirmos qdo a cabeça estiver "menos quente".
Somos assim tão eficientes a controlar as nossas emoções?

Há uns anos, um colega meu afirmou o seguinte: "Somos todos potenciais assassinos!"
A frase chocou-me. Ele exemplificou: "O que farias se visses alguém a molestar os teus filhos?"
E acrescentou: "Para mim, nem era preciso que fossem os meus filhos. Se alguma vez deparasse com algum tarado a fazer mal a uma criança e tivesse uma arma na mão, não heistava em disparar."

Muito tenho pensado sobre isto.
Já consegui imaginar que era uma mãe pobre, com filhos a passar necessidades. Sei que não teria pruridos em roubar, num hipermercado ,alimentos que não pudesse comprar...

Em situações-limite, esquecemos a razão ( que razão?) e somos só emoções...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O acordo ortográfico

Não consigo entender a necessidade deste acordo!
Já sei que as leis da economia regem o mundo, já sei que os brasileiros são muitos mais que nós e mais influentes e fazem mais pela expansão da língua do que nós.
Mas isso será razão para termos que usar a "mesma" linguagem escrita? Porquê? Eles não entendem o que escrevemos? Penso que o que não entendem é a linguagem oral, mas isso não se pode mudar...
Alguém imagina os ingleses mudarem a sua grafia por causa dos americanos, ou os espanhóis por causa dos povos da América Latina??

Os defensores do Acordo, argumentam que a língua não é estática e que há 100 anos se escrevia "pharmacia", etc. Claro que a língua vai evoluindo ( mais recentemente, a chegada dos retornados das ex-colónias trouxe novos vocábulos que já existem nos dicionários)...mas isso é um processo natural, vem de dentro, vem da oralidade. Este Acordo é uma imposição vinda de fora. É anti-natural.

Já pensaram o que será ter que reescrever dicionários, manuais escolares, etc? E os nossos escritores...será que conseguem adaptar-se?

Pela minha parte, sei que nunca serei capaz de escrever: ótimo, ação, infeção, etc.
Lá terão que ser os meus alunos a corrigir-me :)

O Fernando Pessoa dizia: "A minha pátria é a língua portuguesa!"...mas penso que se referia ao amor pela língua, com todas as suas variantes...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A ternura

De sentimento em sentimento, lembrei-me da ternura...
Sentimos ternura pelas pessoas, animais ou mesmo alguns objectos que nos são valiosos.
A ternura é mais um dos condimentos do amor e talvez dos mais abrangentes. Penso poder afirmar que não há amor sem ternura ( e aqui Amor abarca todas as formas desse sentimento que experimentamos ao longo da vida).
Mas também sentimos ternura por pessoas ou animais que nos são desconhecidos ( com os quais não temos um elo afectivo): as crianças despertam-nos ternura, pela minha parte os cães também e todas as crias , há pessoas que vemos na rua e nos inspiram um "sentir" parecido com ternura...
Já o mar, embora o amemos, não nos desperta esse sentimento, não é verdade?

Conseguiremos compreender o que cada um de nós sente qdo tem ternura?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Linguagem não-verbal: a mímica das emoções

Nas aulas de Português, qdo começamos a analisar textos narrativos, devemos conduzir os alunos a caracterizarem as personagens. Pretende-se que, a partir de frases como "olhos cabisbaixos", "sobrolho carregado", "sorriso de orelha a orelha", etc, consigam exprimir, por palavras, o estado de espírito daquelas personagens.
Ultimamente costumo abordar o assunto da seguinte maneira: pergunto-lhes que sentimentos conhecem. Em geral referem só 2: a alegria e a tristeza. ( falo de meninos de 10/11 anos). Não significa que não tenham outros sentimentos, mas apenas
que não sabem usar vocabulário para os exprimir. Então, uso a mímica facial: faço uma cara de susto e pergunto-lhes o que estou a exprimir: respondem "medo"; depois ponho um ar tímido e envergonhado, e eles dizem logo: "vergonha"; em seguida um ar furioso e eles: "raiva", e um ar admirado e sai-lhes logo: "espanto", e por aí fora, tanto qto a minha expressão corporal consegue :)

Isto para introduzir o tema da linguagem não-verbal, muito mais facilmente descodificada por todos do que a linguagem verbal. Se dissermos a alguém que estamos mto contentes e os nossos olhos denunciarem o contrário, a intuição do interlocutor vai deixá-lo desconfiado, não é?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Emoções e Sentimentos

Há várias maneiras de abordar estes conceitos: umas mais científicas, outras mais psicológicas, ou filosóficas, ou poéticas e ainda há a concepção literária que pressupõe uma interpretação das personagens, à luz das correntes de análise de texto. Há também o "senso-comum" que todos temos e que é anterior às diversas formações que fomos fazendo. Tendo nós, como colaborador deste blog um "filósofo" que faz a "cobertura final" do que os nossos pensamentos "parcelares" vão dizendo, talvez cheguemos a algum porto, nem que seja concluirmos, cada vez mais que "só sabemos que nada sabemos" :)
Pego no dicionário Houaiss. A definição de emoção é mto mais curta do que a de sentimento. Vou transcrever algumas frases:
Emoção: " agitação de sentimentos; abalo afectivo ou moral; turbação, comoção; reacçaõ orgânica de intensidade e duração variáveis, geralmente acompanhada de alterações respiratórias, circulatórias etc, e de grande excitação mental.. Derivado do latim "motio"= movimento, perturbação".
Sentimento: "Acto ou efeito de sentir, aptidão para sentir; atitude mental ou moral caracterizada pelo estado afectivo; disposição emocional complexa da pessoa, predominantemente inata e afectiva, com referência a um dado objecto ( outra pessoa, coisa ou ideia abstracta), a qual converte esse objecto naquilo que é para a pessoa; afecto, afeição, amor; pesar, tristeza, mágoa. Derivado do latim "sentir".

Talvez isto possa servir de ponto de partida para tentarmos "classificar" coisas pouco classificáveis, numa tentativa de, racionalizando ou não, compreendermos melhor os nossos sentimentos/ emoções.

Pela minha parte, julgo que algumas emoções são a base dos sentimentos. O meu desafio é este: dos conceitos que se seguem, quais associam mais a emoções e quais a sentimentos:

Amor, paixão, tristeza, melancolia, saudade, alegria, euforia, medo, curiosidade, inveja, competição, espanto, mágoa, submissão, domínio, timidez, tranquilidade, ansiedade, prazer, ilusão, desilusão, identificação, rejeição, ....
Podem acrescentar os que quiserem :)

Volto aqui ao fim da tarde, para me deliciar a ler o que escreveram :)

domingo, 13 de abril de 2008

História do pensamento ocidental

Já aqui falámos da evolução da economia, desde a revolução industrial até à nossa actual revolução tecnológica.
Sem querer descontextualizar as "ideias" das épocas históricas em que surgiram, e das condições económicas dessas fases, gostaria que nos pronunciássemos um pouco sobre a evolução do pensamento.
Que eu saiba, toda a nossa cultura ocidental se enraiza na cultura grega ( renascida no "renascimento"). Dos gregos nos vem a filosofia, mãe de todos os conhecimentos ( inclusive das ciências e matemáticas), a literatura ( as grandes epopeias), e outras formas de arte. Vem também a mitologia , arquétipos do nosso in(consciente) colectivo. Que um mito como o do rei Édipo tenha sido utilizado pelo Freud para, enqto metáfora, estudar uma fase do desenvolvimento infantil, acho um espanto!
A mitologia grega fascina-me! Sei muito pouco e adorava saber mais!
Apelo ao nosso Filósofo ou outros comentadores interessados neste tema que contem algumas dessas "histórias" que poderíamos interpretar, para melhor compreendermos os comportamentos humanos (naquilo que sobrevive ao tempo)

Orçamentos do Estado

Na minha escola, há uma fotocopiadora velhinha ( é a mesma há 8 anos qdo para lá fui). O técnico lá vai fazendo a manutenção, mas ultimamente encontra-se a "dar o berro" e, ao que parece, sem grandes melhorias possíveis. Havia que comprar outra! Como devem imaginar, a fotocopiadora de uma escola grande não pára de trabalhar. Há testes para copiar, fichas de trabalho para as aulas, relatórios, etc.
Na 6ª feira fui buscar umas fichas que lá tinha deixado e vinham com uma qualidade péssima. A funcionária ia dizendo a todos os profes: "Não posso fazer mais nada. E para conseguir isto, vejo-me grega!"
Fui ao conselho executivo reclamar. Estava lá o vice. Respondeu-me que não havia dinheiro para comprar uma fotocopiadora nova, que estão fartos de falar nisso à Drel e a resposta é sempre a mesma: Não há verba! Informou-me tb que, às vezes ,chega alguma massa mas tem que ser gasta numa rubrica específica e não pode ser desviada para outras necessidades...
Tenho colegas que tiram fotocópias do seu bolso, e eu já uma vez ou outra fiz isso, mas nesta momento não posso. São várias folhas , multiplicadas por 25 alunos de cada turma. Não dá!

Outra coisa para a qual deixou de haver dinheiro é para as visitas de estudo. São mto importantes para estes miúdos que raramente saem do sítio onde vivem ( bairro da periferia da cidade).
No 1º período levámos todos os 6ºs anos ao teatro. Como as carrinhas são caras, fomos de transportes públicos ( cada turma com 2 professores), 2 turmas por dia. Apanhámos 3 autocarros até ao teatro. Os bilhetes, embora especiais para escolas, não são acessíveis a todas as famílias. Há pais que mandam recado na caderneta dizendo que não podem pagar. Deixamos esses miúdos na escola? Claro que não. Pagamos-lhes o bilhete...

Quando leio sobre os projectos de novas pontes e de TGVs, não consigo deixar de pensar: que prioridades são estas?

Eu até sou optimista :) Tenho prazer no que faço. Mas seria mto mais optimista se não me deparasse com estes obstáculos na minha vida profissional :)

sábado, 12 de abril de 2008

Ciúme

Quem nunca sentiu ciúmes, que atire a 1ª pedra! :)

Quando somos bebés, sentimos ciúmes de tudo e todos que afastem a nossa mãe de nós, pela infância fora, temos ciúmes dos irmãos, na escola temos ciúmes a sério quando alguém nos rouba a melhor amiga, depois vêm os ciúmes das amigas dos namorados, mais tarde das amantes ( reais ou imaginárias) do marido...

Quando nos encontramos em períodos de celibato afectivo, há um certo alívio por deixar de sentir essa pontinha de insegurança, mas.....faz falta sentirmos que alguém tem ciúmes de nós. Parece que não somos verdadeiramente importantes para ninguém! :)

Nota: nestes meus "desafios", falo em doses moderadas do sentimento. Evidentemente, em casos extremos ou patológicos, o ciúme pode levar ao crime! :)

Relações humanas num mundo virtual

Para nós que tivemos uma infância e adolescência sem computadores, esta nova realidade traz mais vantagens que desvantagens: o acesso a toda a informação que queremos, a comunicação com pessoas do outro lado do planeta, os nossos blogs que vieram substituir as cartas de antigamente e nos põem a pensar e debater, enriquecendo-nos,...
Mas, para os mais novos, que nasceram "programados" para teclar em vez de falar, que consequências terá nas suas relações futuras?
Para um jovem tímido, isto deve ser óptimo. Consegue fazer-se ouvir e obter reconhecimento sem precisar do intimidatório "face-to-face". Mas, aprende-se a vencer a timidez com as experiências reais, aprende-se a conviver, convivendo, aprende-se a socializar, socializando. Será que a internet pode ser uma ajuda numa 1ª fase, ou será que dificulta ainda mais o avanço para a outra realidade?

Onde eu moro há mtos jovens. Há uns 7/ 8 anos , todas as pracetas e jardins estavam cheias destes miúdos, as salas de condomínio serviam para as 1ªs festas, onde, lá pelos 15/16 anos experimentavam os namoricos, os cigarritos e as bjecas...
Hoje quase não se vêem miúdos pelas ruas, a não ser no caminho para as escolas do bairro.
Estarão todos em casa a teclar com os amigos e a ouvir música nos seus portáteis?
Para os pais deve ser um sossego...mas...que fase é esta do desenvolvimento? Como sairão disto? Precisam de sair um dia ou pode-se "crescer" assim?

Acreditar na Humanidade

Acabo de ler esta frase no Expresso: " Na História da humanidade sempre foi assim, tempos de crise e épocas onde renascem os valores da solidariedade, onde as ideologias se voltam a impor..." (notícia "Indonésia por detrás dos atentados em Timor")

Pensei logo no trajecto mundial da chama olímpica que antecede o acontecimento tb mundial: Os Jogos Olímpicos em Pequim.
Em todas as partes do planeta por onde tem passado, tem gerado "ondas de contestação" por várias pessoas. Isto sugere uma solidariedade à escala do planeta!
Afinal, um pequeno país ( pequeno em importância no xadrez mundial), mobiliza gentes que se indignam , revoltam e manifestam, em vez de ficarem calmamente no seu "mundinho"agindo como se nada fosse com eles...
Isto é bonito! Faz-nos pensar que não estamos tão moribundos e egocêntricos como costumamos julgar! Isto devolve-nos a esperança.
Podemos até ser governados por políticos insensíveis aos valores humanos, mas haverá sempre pessoas que não se resignam. Essas pessoas, que de poucas passam a muitas, fazem História. Sempre assim foi, sempre foi possível evoluir!

Relembrei o "caso Timor". Foi bonita de ver aquela manifestação de apoio aos timorenses aquando do massacre pelos indonésios!

Tenhamnos esperança no futuro!
E viva a internet que nos põe em contacto directo com todo o mundo :)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Selecção natural

Dizem os cientistas que chegámos ao que somos pelo processo de selecção natural.
Isto tem-me feito pensar no seguinte: se, hipoteticamente, houvesse uma tal globalização que provocasse um cruzamento de raças maior do que o que conhecemos até agora, haveria alguma raça predominante e alguma que fosse extinta?
Mesmo entre caucasianos, as características dos povos do norte ( cabelos e olhos claros) desapareceriam?
Se algumas características de algumas raças são predominantes sobre outras, isso significa que estão melhor adaptadas à sobrevivência?

Como temos uma comentadora cientista, esperemos que nos ajude a compreender estas questões :)

A timidez

Em tempos, uma colega contou-me uma coisa engraçada: quando andava na infantil, no Liceu Francês, recebeu um prémio especial: "Prix de timidité"
Achei lindo e nunca mais me esqueci.
A timidez ( quando não é excessiva) é, ao contrário do que se diz, uma qualidade bonita...
Desperta ternura no outro...

No fundo, todos nos consideramos algo tímidos, embora, por vezes, os outros não pensem isso de nós.
Afinal o que é a timidez?

Eu sou uma pessoa extrovertida. Geralmente, não tenho dificuldade em exprimir a minha opinião. Mas, tenho uma "zona de reserva" a que poucos têm acesso, é a minha intimidade.
Tenho conhecido pessoas aparentemente mais tímidas do que eu ( aquelas pessoas que, numa reunião, raramente se manifestam, mas quando falam, todos escutam com atenção), que, surpreendentemente, expõem aspectos da sua privacidade com muito mais facilidade do que eu.

Como será que cada um de nós sente a sua timidez?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

memórias :)

"Ó papão, vai-te embora/ vai pra cima do telhado/ deixa dormir a menina/ um soninho descansado"

"Naquela linda manhã/ estava a brincar no jardim/ a certa altura a mamã/ chamou-me e disse-me assim...lá lá lá..."

"Peixinho dourado/ do fundo do mar/ vem para a areia/ me escutar..."

" Senhor rei e pai amigo/ meu amor não tem igual/ eu lhe quero como quero/ às pedras brancas do sal!"

"Está a chover/ está a pingar/ estão as raposinhas no quintal/ a apanhar laranjinhas/ para o dia de natal"

"Um, dois, três, macaquinho do chinês"

"Um dó li tá, cara de amendoá..."

"Não vi velha nem velhinha, não vi velha nem velhão, corre, corre cabacinha, corre, corre cabação"

:)

Amar o mar...

"Ó mar salgado
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal?" (F.P.)

Somos um país periférico, "à beira mar plantado"...
Já fomos os "heróis do mar", unimos o mundo, a partir de pequenas caravelas. Fizemos História.
Os nomes dos oceanos foram dados pelos Portugueses.
Além desses factos de que muito nos orgulhamos, temos um temperamento especial, talvez pela pequenez que nos devolve a imensidão do mar.
Se fizermos, em viagem, toda a nossa costa, encontramos as praias mais bonitas e percebemos que os povos do litoral têm uma relação profunda com o mar. Do mar, vem riqueza, mas também, companhia.
Muitos dos nossos provérbios têm o mar como tema. "Nem tanto ao mar nem tanto à terra", "Há mais marés que marinheiros", "Gaivotas em terra, sinal de tempestade", etc.
Em tempos, uma amiga disse-me: "Qdo estou triste, preciso de ir ver o mar". Também já ouvi dizer: "As pessoas, qdo se apaixonam, vão passear para a praia de mão dada".
Não penso que um suiço sinta estas coisas, ou um alemão... :)

Que papel tem o mar nas nossas vidas? Tranquiliza? Estimula? ( há tantos adeptos de desportos de mar), Ajuda à relexão? Ou, pelo, contrário, atenua os pensamentos mais obsessivos?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um povo sem história é um povo sem memória!

Para mim, que não sou prof de História, acho esta a disciplina mais importante!
Dá-nos a noção do "devir", da mudança. Dá-nos raízes, estrutura-nos. Dá-nos esperança: a humanidade tem vindo a evoluir.Embora haja retrocessos, o caminho é o do aperfeiçoamento ( um passo atrás e dois à frente, dizia o lenine).
A história são as nossas memórias, aquilo de que somos feitos, o que nos foi transmitido, e o que iremos transmitir às gerações futuras. Situa-nos no tempo, deixa-nos compreender melhor os nossos próprios ciclos, o nosso crescimento.
Sem História, sem memória, a vida perde o sentido.
Os jovens deviam interessar-se mais por esta disciplina que, infelizmente, para os que seguem o ramo científico, acaba no 9º ano...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ser pai...

Nada é comparável. No entanto, a nossa experiência pessoal serve-nos de base para tentarmos entender a dos outros.
Se há coisa que eu gostava de entender é o sentimento de pai. Sou mãe e conheço muitas mães. Como as mulheres falam mto umas com as outras, não preciso que verbalizem o seu sentimento maternal, pq está presente em todas as conversas. As mulheres falam mto dos filhos, eles ocupam grande espaço na sua mente. Os homens falam menos da sua vida pessoal.
Imagino que o sentimento de pai seja tão intenso e profundo quanto o de mãe, mas é seguramente diferente...
Quando a minha filha mais nova nasceu, o meu marido (na época, era-o) olhou para ela e disse: "Sinto-me disponível para me apaixonar de novo!" ( o "de novo" referia-se à 1ª filha:) )
Achei aquilo mto bonito, até pq foi espontâneo, e a disponibilidade para amar é, em si, já um estádio desse amor.
Mas pensei: "Eu já estou apaixonada por ela há tanto tempo..."
Ou seja: o arranque não é igual, e acredito que, nos 1ºs tempos, esses 9 meses de antecedência façam alguma diferença, mas, depois, essa diferença esbate-se e o pai apanha rapidamente a carruagem.
Ainda assim, gostava de compreender melhor o papel que os filhos têm no coração dos pais, como sofrem ou ficam expectantes por eles,como se orgulham, como lhes servem de bússola para não perder o norte, etc.
Já que tenho tantos comentadores homens, ainda por cima homens que gostam de pensar e conversar, será que conseguem verbalizar esse sentimento, nem que seja com uma só frase? :)

"A metafísica é uma consequência de estar mal-disposto"- Fernando Pessoa

Todos os versos do Fernando Pessoa têm o condão de nos deixar a pensar. Como entendia tanto da natureza humana?
Esta frase faz-me sorrir! Acho-a de uma ironia sublime! :)
Ele tinha aquela qualidade rara de encontrar: gozava-se a si próprio.
Se alguém tinha laivos metafísicos era ele! Estaria tantas vezes mal-disposto? :)

E passando para nós: o que é a metafísica? É sair dos sentidos, sair do físico? Pairar?
Existe essa dicotomia: físico/ metafísico? Viramo-nos para o espiritual quando o mundo terreno nos provoca algum tédio? Ou temos fases mais isto, fases mais aquilo? Ou somos sempre as duas coisas, uns mais umas que outras? Energias investidas num dos lados, desaparecem do outro?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A vida é feita de pequenos nadas...

Nem sempre temos a mente ocupada com todos estes assuntos de que temos vindo a falar aqui.
Às vezes, no nosso tempo livre, simplesmente "estamos". Sonhamos acordados, lemos romances, passeamos, temos conversas triviais com os amigos. Saboreamos a vida!
Há dias em que nos sentimos em sintonia com o mundo, ou porque está um dia de céu mto azul e sol brilhante, ou porque cheira a primavera, ou porque olhamos para as pessoas que passam por nós na rua e nos parecem contentes, ou porque encontramos alguém que não víamos há algum tempo e nos dá um abraço, ou ouvimos o chilrear dos pássaros, ou...ou...
São esses pequenos nadas que nos trazem bem-dispostos...
Às vezes viver é tão simples...

Cuba

Há 3 anos estive em Cuba. Não fui para um resort, hospedei-me em Havana. Fui com a mente aberta, tentando observar e aprender, sem ideias pre-concebidas. O que queria compreender era o que fazia com que aquela ilha se mantivesse independente dos tentáculos do polvo norte-americano ( qual Gália do Astérix:) )
Convivi com uma família cubana, visitei uma escola, conversei com todos os motoristas de táxi( desloquei-me mtas vezes de táxi).
Do que vi e ouvi, ficou-me uma opinião, certamente pouco aprofundada, qua passo a expor.
Aspectos negativos:
1º- A poluição. Chegar a Havana é como retroceder várias décadas no tempo. Os carros são velhos, as fábricas tb e a poluição torna o 1º impacto desagradável.
2º- A pouca manutenção da cidade que, embora mto bonita e charmosa, tem um aspecto de pobreza.
3º- O que mais me chocou: a vida dos turistas nos hoteis é contrastante com a vida dos cubanos. No hotel come-se de tudo (buffets diversos) e sabemOs que a população tem racionamento para adquirir bens essenciais. Isto foi-me explicado pela família cubana que conheci, como uma das medidas do fidel, qdo caiu a União Soviética e desapareceram os países do bloco socialista que os ajudavam. Passaram grandes dificuldades e abriram-se ao turismo para que entrassem divisas no país.
4º- A falta de liberdade, a censura(filmes, livros, jornais, canais de tv, musica). Em Cuba os dissidentes ( os intelectuais) são perseguidos e presos. Se eu vivesse em Cuba ou estaria presa ou teria exilado.
Aspectos positivos:
1º- Os cubanos são cultos e informados. Todos os motoristas de taxi conheciam alguma coisa da história de Portugal. Sabiam, inclusive ,o nome do presidente da república(recem-eleito). Sobre Espanha sabiam também. Diziam que o Zapatero os tinha ajudado mto mais do que o anterir, Aznar. A reposta é esta: todos os cubanos têm curso ( superior ou técnico). Alguém imagina um norte-americano saber sequer onde fica Portugal?
2º- A medicina é das melhores do mundo ( vide portugueses com deficiencias fisicas que se têm ido lá tratar, e doentes oftlamológicos que se foram operar por médicos cubanos.) A senhora da casa onde estive disse-me que, nem que precisasse de fazer 10 cirurgias durante a vida, nunca pagaria nada. O mesmo se passa com a educação. Sempre que viajava de táxi perguntava o que faziam os filhos do taxista. A resposta foi sempre a mesma: estudavam na universidade. Nunca pagaram nada por isso.
3º- Naõ se vê uma distinção gritante entre pobres e ricos. Pelo contrário, as diferenças sociais são esbatidas. Isto faz com que não se sinta aquela revolta/raiva que existe nos países capitalistas, onde, de vez em quando, a população miserável/ das favelas assalta os ricos, por não suportarem mais vê-los possuir coisas que a eles são inacessiveis. Essa injustiça gritante que gera uma revolta e agressividade nos mais desfavorecidos, não a vi em cuba.
4º- Os cubanos são um povo muito caloroso e alegre. Querem o dinheiro dos turistas mas, para isso, não mendigam, simplesmente tocam e dançam em todo o lado ( caracteristica essa que penso ser comum aos países da america latina.) Muitos se queixaram de viver tão pobremente, mas todos mostraram orgulho na sua identidade e resistência perante os norte-americanos. Inspiraram-me respeito!
5º- Visitei uma escola primária. Os alunos tinham um ar feliz. Quiseram mostrar-nos como já todos sabiam ler na 1ª classe. Pareciam alegres e disciplinados. Foi isso que constatei tb nas ruas: as crianças são felizes, os adolescentes não! Esses conseguem, piratiando, ter conhecimento do que se passa noutros países e muitos querem sair de lá. Se não o fazem é pq, ao fim de um ano fora ,perdem os direiros cubanos( a tal sobrevivencia das necessidades básicas).

Resumindo: do ponto de vista de uma pessoa habituada ao conforto e variedade que existe no nosso país, viver em cuba seria um tédio, uma neura total; mas, do ponto de vista dos meus alunos pobres, que se confrontam diariamente com as posses dos "ricos", o que os enche de raiva e de um sentimento enorme de injustiça, em Cuba seriam, certamente, mais calmos e menos revoltados.

domingo, 6 de abril de 2008

O conceito de "EU" para Dalai Lama

Muito se tem aqui falado da hiper-valorização do "Eu" na cultura ocidental. Um comentador sugeriu que verificássemos como se interpretva esse conceito na filosofia oriental.
Peguei num livro do Dalai Lama, que reúne excertos de encontros havidos entre budistas ocidentais e orientais.
Vou transcrever algumas respostas do Dalai Lama a perguntas feitas por cientistas ocidentais.
" Não pode existir um "eu" separado do corpo e do espírito e, no entanto, se o procurarmos nos agregados físicos e mentais, não o encontramos. O "eu" existe, mas trata-se apenas de uma designação referente ao corpo e ao espírito. O corpo, porém, é material, uma entidade composta por inúmeras partes e, se o procurarmos por entre essas partes, não o encontramos."
Mais à frente:
"Só podemos explicar um fenómeno que surja pela interdependência se houver uma base, tem de haver algo que seja dependente. A interdependência prova que as coisas não têm existência própria por existirem em dependência umas das outras. O facto de as coisas funcionarem e existirem em dependência umas das outras elimina a possibilidade de elas terem existência própria."
"O "eu", tal como é concebido pela mente comum, não se encontra em lado nenhum. Esse tipo de "eu" aparece-nos desta forma por estarmos habituados desde tempos imemoriais a pensar que as coisas têm uma realidade intrínseca. Mas esse "eu" não existe"

sábado, 5 de abril de 2008

Que responsabilidades temso?

Desta vez cito outro filósofo contemporâneo, Olivier Mongin, para tentar ajudar a compreender as inquietações de que aqui se tem falado:
"Fala-se do futuro incerto mas, paradoxalmente, nunca fomos tão responsabilizados pelo futuro que devemos deixar às gerações futuras."
Na mesma linha, Hans Jonas diz: "A partir de agora, devido à evolução da técnica, somos responsáveis por um determinado númeor de gestos e de decisões que podem ter consequências nefastas para as gerações vindouras."
Ainda o Mongin: "Vergamos sob o peso das nossas responsabilidades. Por outro lado, vivemos numa época em que não sosmos capazes de exprimir essas responsabilidades".
"Nunca falámos tanto de ética, por estarmos inquietos em relação às responsabilidades que temos e que não somos capazes de resolver."

"Nós"

Falo de "nós" pronome pessoal ( eu, tu, ele,...)
Excluindo as relações familiares...quando podemos na vida dizer que "eu+tu= nós" ?
Quantas vezes sentimos que o" outro" encaixa no nosso "eu"?
Quantas vezes sentimos uma sintonia de semelhanças e diferenças que nos torna compatíveis?
Quando nos acontece ter ternura pelos "defeitos" do outro, pq essas são as suas características únicas, que o tornam especial a nossos olhos?
Quantas vezes perdemos o medo de mergulhar no oceano dele e deixá-lo mergulhar no nosso, criando uma união com códigos secretos, inacessíveis às outras pessoas?

Quem já viveu situações destas, sabe do que estou a falar: sem se dar por isso, começa-se a usar a 1º pessoa do plural: NÓS!

Astrologia

Em astrologia, o homem é, de facto, o centro do universo. Passo a explicar o que sei: no momento em que nascemos, "tira-se uma foto" ao céu e essa foto passa a ser o nosso mapa astral, como se fosse um ADN astral. A foto baseia-se essencialmente nos astros do nosso sistema solar ( havendo estudos que incluem outros, mais afastados, considerados relevantes). Assim, àquela hora e naquele lugar, havia um planeta a surgir na linha do horizonte, e esse é o nosso ascendente; um outro que estaria a sair dessa linha, o descendente; o astro que estaria em cima( traçando 2 diagonias) seria o "meio-do-céu" e o de baixo o "fundo do céu". Ao longo dessa roda( o nosso mapa) estarão posicionados todos os outros planetas . Conforme a posição desses planetas, e a energia que emitem, temos características diferentes uns dos outros. Entre esses astros e sua posição na nossa "roda" estabelecem-se interacções de energias que, ou são positivas( harmoniosas) ou negativas( conflituosas). A esta "relação entre astros" se chama, em astrologia: os aspectos. Há aspectos favoráveis e outros desfavoráveis. ( ex: a energia de vénus e marte pode ser benéfica se se encontraram a uma determinada distância um do outro( medida em graus) ou o contrário.
O que a astrologia tem de fascinante é ser uma "ciência" ou "filosofia" optimista. Nada está pre-determinado, há tendências e alturas propícias para iniciar um novo ciclo de vida: a nós resta-nos aproveitar a oportunidade ou não. A maturidade é um valor , podemos sempre "resolver os maus aspectos" e "aperfeiçoar os bons". Temos a nosso favor, os ciclos de Saturno ( deus do tempo e regente do signo capricórnio) que ocorrem de 7 em 7 anos e oferecem condições benéficas à mudança..
Evoluir só é possivel se se tiver "conscìência de si" ou "sentimento de si".:)
Mas pode-se andar completamente desatento, evitar aprender e cometer toda a vida os mesmos erros. A escolha é nossa!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Perfumes

Muito se fala em feromonas. Ao que parece um dos nossos sentidos ( o olfacto) é exímio em estimulá-las.
No entanto, ao longo da história, temos vindo a adicionar odores ao nosso corpo, através de essencias florais e , ou, perfumes de todos os géneros.
E as feromonas continuam a funcionar...
Se eu polvilhasse a minha cadela de perfume, nenhum cão se aproximava dela para a cheirar.
Para os animais só funciona o cheiro natural...
Mas nós até falamos de algumas pessoas assim: "Cheira tão bem!"....o que equivale a dizer: "Usa um perfume tão bom!" :)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O poeta é um fingidor- Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

Esta definição é sublime! Poderia aplicar-se a qualquer criação artística ou, simplesmente, a qualquer tentativa de se exprimir o que se sente...

Afinal o poeta sente ou finge? A dor que exprime é diferente da dor que sente?
Criar é fingir? Só cria quem sente? Como se transforma a dor sentida na dor expressa?
O que é a arte? É a mentira dos sofredores?

A ética e a filosofia

Peguei num texto de Gilles Lipovetsky ( filósofo contemporâneo) para servir de introdução a um debate sobre os valores.
Diz ele que , desde há milénios, os valores morais são sempre os mesmos...mas a ética tem uma história. Distingue 3 fases na história da moral ocidental. A 1ª e mais longa corresponde ao momento teológico da moral. Fora da igreja e da fé em deus não podia existir virtude. A 2ª inicia-se no final do sec XVII e é a fase laico-morlista. Os princípios morais são estritamente racionais, universais e independentes das confissões teológicas( seculo das Luzes). Foram as sociedades laicas que inventaram os direitos humanos. Segundo este autor, estamos agora a iniciar uma 3ª fase a que ele chama "pós-moralista". É originada numa sociedade que estimula mais os desejos, o ego, a felicidade, o bem-estar individual do que a abnegação. Liquidou a cultura da ética dos sacrifícios.. Defendem-se os resultados a curto prazo e desvaloriza-se o esforço.
No entanto, estas novas democracias reafirmam um núcleo estável de valores socialmente aceites: os direitos humanos, a honestidade, a tolerância, a recusa da violência e da crueldade. Fala de um individualismo responsável.
O que pensam disto?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O corpo emocional

Como a Maggie me dizia há dias: tudo em nós está ligado!
É verdade! Todas as nossas emoções têm manifestações físicas ou fisiológicas: se estamos tristes, choramos; se alegres, rimos; qdo envergonhados, coramos; se estamos nervosos trememos e suamos; se nos irritamos sobe-nos a tensão arterial; se andamos em stress, ficamos com borbulhas; se estamos apavorados, fazemos muito xixi ou ficamos de diarreia; se andamos muito preocupados cai-nos o cabelo ( mais nos homens), mas quando estamos num período bom da nossa vida, a pele fica mais bonita e os olhos ganham brilho...
Leva-me isto a pensar no seguinte: se as oscilações de humor frequentes ao longo da vida se manifestam em sintomas físicos, poder-se-á inferir que as doenças graves ( oncológicas e outras) se podem ter originado em períodos de grande sofrimento ou tensões acumuladas?

terça-feira, 1 de abril de 2008

O nosso lado espiritual

Quase todos fomos católicos na infância e quase todos nos tornámos ateus na adolescência. O que ficou dessa crença que nos foi transmitida? Como resistimos à ideologia cristã/ católica da sociedade portuguesa? Seremos mesmo completamente ateus ( ou agnósticos) ?
O conceito de Deus da nossa infância era materializado num senhor de vestes brancas e barba, em ascensão ao céu ou pregado numa cruz. Temíamos essa figura que conhecia todos os nossos segredos, e nos descobria todas as mentiras...
O tempo foi passando....e, dentro de nós, será que algo substituiu essa crença? Ou ficou um espaço vazio?
Quando nos acontece alguma coisa má, não nos socorremos de qualquer coisa espiritual que nos devolva a esperança?
A pergunta é: pode o homem viver sem religião? ou antes: pode o homem abdicar do seu lado espiritual?

Os limites da ciência

A ciência é uma das maiores conquistas da humanidade. Talvez o espírito científico sempre tenha existido ( quando o homem descobriu a roda, teve que ir por tentativa erro, até adquirir conhecimento). Foram precisos mtos séculos para o conhecimento se desprender da religião, e aceitar que a terra é redonda e que não é o sol que gira à volta dela. O Galileu teve que desmentir as suas descobertas em tribunal, para que não o matassem..
Hoje em dia, tudo é pretensamente científico e objectivo. E o que não é experimentável e observável, é simplesmente descartado, com o rótulo de supersticioso ou psicológico ou metafísico. No entanto, ainda não há explicação para os mistérios do universo...
Tenho muita admiração pelas pessoas que investigam e vão sempre descobrindo coisas novas....mas continuo a sentir que tb não há explicação para todas as variantes de estados de espírito que experimentamos ao longo da vida, para as intuições, os sonhos, as identificações, as rejeições e tantas outras coisas do psiquismo humano. Procurei algumas respostas na psicologia, e a que mais me agradou foi a teoria psicanalítica ( por se tratar de uma compreensão mto honesta de todos estes sentires)...e tb na astrologia, que, do pouco que sei, se me revelou surpreendente...

O homem é um animal monogâmico?

Sabemos que há animais que acasalam para a vida, e essa condição ( monogamia) observa -se tanto em animais terrestres, como em aves ou até em animais marinhos. Mas muitos outros, talvez a grande maioria, não o são.
Nos humanos tudo depende das culturas e das épocas históricas. A família como a conhecemos ( pai, mãe e filhos) é uma instituição relativamente recente na história da humanidade ( na cultura ocidental).
E no início disto tudo? Será que o australopitecos ( é assim que se diz?) se envolvia com uma australopiteca ao longo da sua curta vida? Penso que não deveriam viver mais que os vinte e tal/ trinta anos... Haveria casos de monogamia e casos de poligamia?
Bem, mais recentemente, a Florbela Espanca dizia: "Quem disser que se pode amar um só homem em toda a vida é porque mente" :)

O homem é um animal monogâmico?