segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quantos seremos? ... Miguel Torga

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

domingo, 11 de janeiro de 2009

"A troca" --- Clint Eastwood

Fui ver ontem.
Qundo vou ver um filme do Clint Eastwwod "preparo-me" primeiro. Sei que vou estar numa sala escura, em silêncio, a lidar com emoções fortes, paixões, a humanidade nos seus extremos.
O senhor tem mais de 80 anos mas continua apaixonado pela condição humana. Há pessoas que não envelhecem.

"A troca" faz-nos sofrer, perturba. Agarramo-nos à personagem ( única), seguimo-la, dá-nos esperança ( hope, she says).
A Angeline Jolie está sublime. Nunca a tinha visto assim. Sai-se do cinema com as expressões dela gravadas. Impossível esquecer.

O Clint Eastwwod conseguiu ver nela muito mais do que a perfeição física. E ela tem muito mais. E "deu-nos" outro lado, tão forte, sofrido e corajoso que nunca mais nos atrevemos a considerá-la apenas "a mulher mais sexy do planeta".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

No sec. XXI, os dogmas são inadequados e contraproducentes

Cito parte de um discurso de Aga khan:

"Tal como a crise financeira nos tem lembrado, o nosso mundo do século XXI é mais complexo do que muitos de nós imaginávamos, com uma interdependência profunda e com maiores desafios, riscos e consequências, (...) mais do que sempre, as doutrinas rígidas e os dogmas são inadequados e contraproducentes. Precisamos de observações precisas, análises cuidadosas e um bom compromisso de boa governação, a todos os níveis, em todas as esferas, se quisermos evitar percalços políticos, sociais e económicos. Devemos encontrar meios de prevenir, tanto a nível internacional como nacional, que os fossos entre nações ricas e nações pobres continue a aumentar, que as suas divisões sociais se tornem cada vez mais evidentes. Os factores sociais e económicos estão tão imbricados naquilo a que chamamos " desenvolvimento" que é um risco que nós mesmos corremos ao enfatizar uns em detrimento dos outros. A globalização torna obrigatório que procuremos abordagens e soluções holísticas"