segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quantos seremos? ... Miguel Torga

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

12 comentários:

Pedro disse...

pois, farsas e farsantes continuam
a ser do dia a dia coveiros
sem se ver o fim à cova
onde estamos e os vícios continuam

reb disse...

olá, relance. Há tanto tempo :)


quantos seremos, assim num relance...?

Pedro disse...

não sei
não conto
não sei contar

se soubesse
contar
ia
para financeiro
dos que se safam
porque sabem
contar

:-)

DS13 disse...

05 FEVEREIRO, 2009
«NÃO, NÃO VOU POR AÍ!!!» (aos companheiros(as) de muitas lutas)

Concordo que quem é líder e voz de muitos, em coerência, não renegue que o é, mas penso que a posição de muitos, que muito admiro, peca por excessos - os excessos da luta e de se sentirem emparedados entre a obstinação do poder em queda e o cansaço deles, das pressões que sofrem e de todos nós, na maioria confusos, muito sós e cheios de retóricas de que estamos fartos - as de 'políticos profissionais' que encontramos desde os partidos, às empresas, aos sindicatos e a todas as instituições hoje profundamente abaladas até aos alicerces.
Urge inverter o caminho do 'soviético coxo' ou do neo-conservador perdido e completamente encalhado na maior crise do seu amado e endeusado capitalismo!

São os tempos!... Mas já vimos isto com demasiada fequência nos poucos 'bits' a que as nossas existências estão confinadas... E aos emparedados e encalhados apenas podemos desejar que acordem, pois como alguém me dizia, «este é o nosso presente e o vosso amanhã...»
E se não soubermos isto, nada mais podemos ser capazes de...
E se não assumirmos as lições da nossa história, enquanto seres de civilizações e modelos ainda tão infantis, quando comparados com todas as outras espécies da natureza que, impune e arrogantemente julgamos dominar, então não estamos a ser nem a estar! Só sobrevivemos, na lógica de "Roma não paga a traidores!" que é pura e duramente suicidária para quem ouse segui-la!
É que assim caiu o dito 'império', como tantos outros e ainda outros tantos que aí estão ou que aí virão...
Não julguemos a dor dos fragilizados e oprimidos!

Não os etiquetemos como párias!
Não os escorraçemos!!!
Não somos nem seremos nunca vanguarda de coisa alguma!!!
Somos e estaremos sempre, entre os, infelizmente muito poucos, que só sabem aprender, estar e ser com os outros, pelos outros, pela liberdade de todos!
Por isso, como José Régio, aqui digo, me revejo e reafirmo:
«NÃO, NÃO VOU POR AÍ!!!»

DS13 disse...

09 FEVEREIRO, 2009
Ao João e a todos os que continuam a lutar...
«João, envio-te uma resposta que mandei a um post do guinote sobre a cenoura para titulares. Não é nada de especial. Uma voz mais apenas.


Caro Paulo;
Não costumo comentar as tuas mensagens que leio todos os dias. Mas esta da cenoura...
É...incomentável, e é aquela que escolho para o efeito.
Após colocar muito gelo na cabeça e amordaçar os insultos que parecem querer escapar-se-me em direcção à 5 de Outubro, quero friamente dizer que a conjuntura económica nos é desfavorável, os professores já raciocinam e agem em função disso e que esta "oferta" do ME vai calar mais uns quantos. Conheço escolas completamente vencidas pelo medo. Tudo isto reforça ainda mais a minha convicção de lutar. Era bom que pensássemos numa estratégia global, firme, convicta, um pacto com sindicatos, movimentos (resistentes, de maneira geral) e agissemos de acordo. Que se lixe o medo dos que o têm! Tenho mais indignação do que medo!
Temos de conseguir acordo quanto ao essencial e agir em bloco, com as estratégias adequadas em tempo de crise.
Faz falta um apelo à União, mais forte do que tem sido. União entre aqueles que não aceitam a derrota. E que estes ajam, lutem, cumpram aquilo que acham ser seu dever.

João Correia»

Finalmente uma opinião notável, dum Professor notável!

Parabens João Correia! Gostava sempre de te ter a meu lado em qualquer luta!
De 'guinotadas' e 'umbiguismos' bacocos todos estamos fartos!...
É pena que muitos apenas olhem para si e os seus interesses, deixando a nobre arte da intervenção cívica e política,(no sentido antigo da palavra, a 'polis' grega), entregue aos desmandos de tantos 'surfistas' como dizia o nosso Eduardo Lourenço nos idos de 80...
A união de que falas só se consegue no terreno, bem o sabes, sem espavento, com a serenidade da razão e a força das emoções e da liberdade!
'Hasta siempre, companero!'

DS13 disse...

Já tinha dito, nesta minha «'espécie' de 'blog», que aprendi no oriente a matar com o silêncio...


Quando estive lá foi isso que aprendi...

Por mais que fale, que me expanda, há dias em que silencio, mato com o silêncio, NÃO COM A CUMPLICIDADE ou a aceitação, os tremendos disparates, a que a infantilidade e vaidades humanas nos levam, a todos, quando confusos ou transtornados...

Fernão Mendes Pinto, por certo, percebeu isso quando chegou ao Malabar...

Senti-o no peito e na mente quando passei o Cabo e, mais tarde, repousei no Bilene, antes de prosseguir para a Cidade do Santo Nome de Deus (Macau), para nós tristes errantes ocidentais...
Só que o povo destes lás, africanos e asiáticos, deixa saudade, pela serenidade e pelo reencontro com a nobreza e fugacidade das nossas tão limitadas e lúgubres existencias...

São estes os meus momentos de silêncio que, emocionadamente me permitem 'publicar' o que penso... (e também podem servir de pista a quem me queira tentar perceber ou explicar... mesmo se eu mesmo não me consigo exprimir ou explicar...)

Ludwig Marcuse, um alemão filosofante, exilado nos E.U.A. no pós-68/69 europeu, ensinou-me outra coisa: por vezes temos de 'deixar no cabide das roupas esquecidas', algures num qualquer guarda-roupa de velharias, algo ou alguém, que duma forma ou doutra, de alguma maneira nos marcam...
Mas essas marcas e momentos, são indelevelmente nossos, são a nossa 'cultura' e

alicerce, para o bem, para o mal, ou, como às vezes digo, algures no meio, de todos os nossos dias de arco-íris, de cinza e seus matizes ou mesmo nos mais negros das nossas fugazes vidas.

Por isso o silêncio não significa muitas vezes mais que uma serena confiança e esperança de luz ao fundo do túnel!

Muito provavelmente vivemos tempos desses!...

E se não formos capazes de ser e estar com humilde humanidade, mais vale não irmos por aí, pelo logro da decepção e do engano ou do desespero inutéis, porque cerciadores de liberdade!

Tomar,
14 de Fevereiro de 2009

CláudiaMG disse...

Olá, olá REB

Deixei-te um miminho no meu cantinho. Quando puderes passa por lá.

Beijinhos especiais

nelio disse...

vejo que estás em pausa blogosférica. eu estou de regresso. espero que um dia tu também. beijos

Anónimo disse...

Olá mummy, tenho saudades de te vir ler aqui, ainda mais agora que estou tão longe de ti!!beijo grande da filha finlandesa:)

Pedro disse...

que é feito?

reb disse...

Caros amigos leitores do meu blog:

Estou, temporariamente, desviada do meu blog pq me dediquei à luta de professores e navego na "Educação do meu Umbigo" :)

Um dia voltarei com outras reflexões :)

Boa Páscoa a todos!

Pedro disse...

bom umbigo
que a umbigar
não morre
o peixe
do ar

:-)