terça-feira, 30 de novembro de 2010

Faz 75 anos que morreu. A mim, acompanha-me desde os 15 anos...

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.



......


Álvaro de Campos.

sábado, 27 de novembro de 2010

"Se eu tivesse morrido antes de conhecer a Pilar, teria morrido muito mais velho."

"José e Pilar". Fui ver hoje.

Um homem e uma mulher. Um escritor e a sua companheira. Um sítio: Lanzarote. Uma casa: "A Casa".
Muitas viagens ( como o elefante), muitos compromissos, exigência, palestras, entrevistas, autógrafos. Ela sempre ao lado. Sempre a continuar. Parar, nunca. Deprimir não é comigo. Sou pelos fármacos, se se deprime, toma-se o medicamento e continua-se.
O frenesim da vida de um homem de 85 anos. A paz só possível com a presença dela, a mão dela.

A mulher que intuiu que, sem a sua obra, o homem morreria.

A dada altura, a Pilar irritou-me, tanta energia, tanta força, tanta racionalidade.
Só compreendi bem o seu papel qdo ele adoeceu e ela o "obrigou" a recuperar porque tinha um livro para acabar...
Não sabia que a "Viagem do elefante" ( que a minha filha Maria me ofereceu há 2 natais), tinha sido acabada depois do internamento de 3 meses.
Lembro-me da dedicatória "Para a Pilar, que me salvou a vida."

Desde que a conheceu, aos 63 anos, todos os livros lhe foram dedicados.

"À Pilar, meu pilar."

"Pilar, por que demoraste tanto a nascer?"

"Aos 63 anos, eu julgava que já tinha vivido tudo. Não sabia que ainda tinha tudo por viver."

"Pilar, encontramo-nos noutro sítio."

Há amores!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Céu

Vivo mais perto do céu que da terra.

Quando chego a casa, cansada de ruído, deito-me na cama, virada para o lado direito. Em frente, um rectângulo azul salpicado de branco absorve toda a minha atenção. Será atenção? De facto, é mais uma comunhão. Aquele pedaço de céu entra no meu quarto, as nuvens, levemente instáveis, roçam-me a pele... Fecho e abro os olhos. Eu sou aquele céu. Volto a fechar os olhos e, quando os reabro, já está outra nuvem no lugar da anterior. O movimento do meu céu embala-me.

Às vezes adormeço. Acordo e o azul deu lugar ao escuro. Levanto-me. A vida continua e o azul ficou cá dentro.

domingo, 21 de novembro de 2010

Não sei viver sem...

... Humor, Poesia e Luta.


Não falo de Amor porque faz parte das funções vitais, como comer ou dormir...

Humor é um dos pontos de vista. Tudo pode ser olhado, sentido, com humor. Nada é completamente objectivo. Há olhares e o humor é um deles. Um dos meus preferidos.


Poesia não é só ler ou escrever poemas. Todas as coisas têm um lado poético. Só quem anda muito distraído não sorri, de vez em quando, com o que se passa mesmo, mesmo ao lado.


E como viver sem Luta? O mundo é um lugar de mudanças, e para se ser um agente desse devir, há que lutar.
Nunca nada me apareceu à frente como oferecido. Na vida pessoal, no meu contributo para o bem-estar social, o verbo lutar conjuga-se em todas as frentes. "Quem luta, sempre alcança." Pode não ser tudo, mas nunca se fica igual, nunca nada fica igual.


Se eu estiver incapaz de rir à gargalhadas, de me emocionar com os pequenos detalhes do dia-a-dia ou de sentir força para lutar pelo que acredito ( seja me que campo for)....é porque estou triste...

sábado, 23 de outubro de 2010

Voltei?

Talvez só por hoje...

De vez em quando passo por aqui. Gosto de reler o que ia escrevendo. Perdi-me na blogoesfera. Passei a comentadora.
Algo me diz que voltarei ao meu Dispersões.

Só não sei quando...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quantos seremos? ... Miguel Torga

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

domingo, 11 de janeiro de 2009

"A troca" --- Clint Eastwood

Fui ver ontem.
Qundo vou ver um filme do Clint Eastwwod "preparo-me" primeiro. Sei que vou estar numa sala escura, em silêncio, a lidar com emoções fortes, paixões, a humanidade nos seus extremos.
O senhor tem mais de 80 anos mas continua apaixonado pela condição humana. Há pessoas que não envelhecem.

"A troca" faz-nos sofrer, perturba. Agarramo-nos à personagem ( única), seguimo-la, dá-nos esperança ( hope, she says).
A Angeline Jolie está sublime. Nunca a tinha visto assim. Sai-se do cinema com as expressões dela gravadas. Impossível esquecer.

O Clint Eastwwod conseguiu ver nela muito mais do que a perfeição física. E ela tem muito mais. E "deu-nos" outro lado, tão forte, sofrido e corajoso que nunca mais nos atrevemos a considerá-la apenas "a mulher mais sexy do planeta".