domingo, 30 de novembro de 2008

Silêncio

Gosto de silêncio.
Os professores precisam dos seus momentos de silêncio.
Nas aulas, fala-se, ouve-se, às vezes grita-se. A concentração é grande, não há momentos de distracção. Não existem outros pensamentos, o mundo de fora desaparece.

Talvez por isso, precisemos tanto do silêncio. Descomprime-se e há uma sensação de liberdade.

Este fim de semana calhou ficar só. Perdi a noção do tempo, entre pensamentos, leituras, um cinema, correcção de uns trabalhos dos alunos. Não senti falta de pessoas. Gostei da minha companhia :)

Só tenho pena que o tempo voe. Estava a saber-me bem este retiro. Apetecia-me mais dois dias de silêncio...

sábado, 29 de novembro de 2008

Para que serve um blogue?

Um blog não é um diário.
Como escrever, num espaço público, o que, de íntimo, deixaria de o ser?

Como expor sentimentos sem se sentir despida, vulnerável?

Felizmente há ideias, interesses, projectos que se podem partilhar na blogosfera.

Gosto disso! :)

domingo, 9 de novembro de 2008

Porque lutam tanto os professores?

Há 8 meses, no dia 8 de Março estiveram 100 000 professores na rua. Ontem, eram 120 000. A classe tem 140 000 pessoas.
Qualquer pessoa, ainda que não conheça as razões desta revolta, deve perguntar-se: "O que se passa, de tão grave, para virem quase todos protestar?"
A atitude mias cómoda é acreditar no que diz a Ministra da Educação: "Não querem ser avaliados", ou "São manobrados pelos sindicatos".
Os professores estão todos equivocados? Saõ pouco inteligentes e deixam-se manobrar? Estão todos receosos de perder direitos adquiridos?

Os professores sempre foram avaliados. Se o modelo não era o mais correcto, haveria que negociar outro. Mas, sendo uma profissão com características tão peculiares ( não há chefes pq todos têm a mesma formação) teria que se ter pedido o contributo de pessoas conhecedoras da realidade escolar e teria que se ter estudado modelos europeus e fazer adaptações. Em vez disso, pegou-se no modelo de um país de 3º mundo, o Chile, e impôs-se a todas as escolas portuguesas, com o carácter de lei, ou seja, aplique-se! Assim que as escolas tentaram aplicá-lo, depararam-se com situações completamente ilegais, irresolúveis, absurdos, a que a tutela não consegue dar resposta. Apenas insiste: "Avaliem-se uns aos outros!"

O que me revolta não é só a burocracia. Querem afogar-nos em grelhas? Se fosse só isso, pegávamos nas montanhas de grelhas que circulam na net e faziamos copy paste.
O que me indigna e não consigo engolir é esta avaliação inter-pares.
Não tendo recursos para proceder à avaliação de todos os professores, o ministério decidiu abrir um concurso para dividir os professores em "titulares" e "simples professores". Não sabia como dividir-nos, então escolheu o seguinte critério: baseou-se nos últimos 7 anos de docência e atribuiu pontos pelos cargos desempenhados nas escolas.
É aqui que começa o absurdo. Os cargos que sempre existiram nas escolas ( professores que coordenam os seus grupos disciplinares) não se obtinham por mérito!!! Todos tinhamos que os desempenhar, eram rotativos, de 3 em 3 anos havia nova eleição, e eram de aceitação obrigatória.
Eu fui coordenadora do meu departamento, a pessoa que se me seguiu estava no cargo quando foi o concurso. Ela ficou titular-avaliadora e eu fiquei professora-avaliada.

Esqueceram-se, ainda, os senhores do ministério, que há departamentos que englobam várias disciplinas. Passou a haver professores avaliadores de Educação Musical, por exemplo, que, por terem passado a titulares, terão que avaliar colegas de Educação Física ou Educação Visual, sem terem quaisquer conhecimentos científicos dessas disciplinas.

Aqui chegados, pergunta-se à DREL : "Como pode um professor de francês, por exemplo, avaliar um de português?" A resposta deles é : "a avaliação não contempla os aspectos científicos".

Então contempla o quê?????
A relação do professor com os seus alunos??? Mas se em muitos casos ( já que o critério foi aleatório) a pessoa que avalia tem pior relação com os miudos do que a que está a ser avaliada!!!

Outra questão interessante é a seguinte: o minisério, ao fazer esta divisão, legislou que os professores avaliadores seriam eles também avaliados por inspectores. Não conseguiu ( custa dinheiro) formar inspectores avaliadores. Logo, esses colegas, que estão ao nosso lado, têm exactamente a mesma formação que nós, não serão avaliados!

Nesta trapalhada toda, as questões importantes são as seguintes:
Quem avalia quem?
O que se avalia??

Tudo isto é um processo kafkiano que ninguém, no seu perfeito juízo, consegue aceitar!
Os que não são professores preferem nem tentar perceber!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A mudança começou na América!

Queria lá estar! Queria participar daquela grande festa! O meu coração hoje mora na América!

Dizia um homem negro: "Passámos da escravatura a ter um presidente negro. Isto no espaço de uma geração"

Lembram-se o Luther King? I have a dream!
Dreams come true when we fight for them!


Yes, we can!

Esta frase, esta frase é a mensagem!

Que nos sirva de inspiração! Não há só o capitalismo desenfreado e egoísta; não há só o "estalinismo", que faz de nós carneiros obedientes.
A liberdade individual não é mérito dos liberais.
Há outros paradigmas e o que o Obama nos ensina é que é possível fazer política de outras maneiras!

Por cá, neste rectângulo retardado, já há quem pense assim...

"Mudam-se os tempos/ mudam-se as vontades/muda-se o ser/ muda-se a confiança/ todo o mundo é feito de mudança..."