segunda-feira, 31 de março de 2008

Navegar é preciso, viver não é preciso...

Os poetas podem usar estas imagens desconcertantes. Muitas vezes as sentimos como verdadeiras, mas todos fazemos mais o que "não é preciso" do que o que " é preciso."
O que é navegar para ele, entendo, mas...o que é viver?
Viver é sobreviver? É cumprir com as obrigações de todos os dias? Pode-se viver, navegando?
Sim, há sempre um espaço só nosso em tudo o que fazemos...
Navegamos tanto ao longo da vida: somos barco com bússola ou barco à deriva, escolhemos o mar alto ou preferimos terra à vista, somos apanhados de surpresa por temporais terríveis, agarramo-nos ao leme e lá sobrevivemos, paramos em portos seguros, ou portos só de calhaus onde nem nos podemos abastecer....mas seguimos sempre viagem rumo a bom porto, para atracar e parar....ou para descansar e poder voltar a partir.
Viver, nesta frase, parece o antónimo de viajar: é nunca partir, não descobrir...

5 comentários:

Tão só, um Pai disse...

:) E, no entanto, sobreviver, por vezes, é-nos concedido. Apenas ficamos com o corpo por barco, com ele agarramo-nos a dois ou três destroços e, com estes, reconstruímos um ténue sentir, cheio de indiferenças e vazios. Um dia, mergulhamos numa vaga, que nos acorda para a vida, e olhamos o mundo com outro entendimento. Desconhecemos o porquê, esa questão desinteressante, face ao mais importante, o de sabermos que aqui estamos, porque, em consciência, é a isso a que nos agarramos, ou seja, por querermos continuar aqui.

idadedapedra disse...

pois, é o que digo, sobreviventes, quarentões unidos jamais serão vencidos, etc etc.
De bonanças e tempestades percebo eu :)
E mais, o balanço (não o do barco, balanço como contabilidade) é positivo apesar de já quase me ter afogado tanta vez...

JR disse...

Fazer da viagem o objectivo, do porto de chegada o porto de partida.
Esquecer é preciso.
Esquecer que somos.
Entreter-nos com a viagem

reb disse...

Três comentários tão interessantes :)
O 1º fala de um quase-naufrágio e de uma vaga salvadora. Entendo, até pq por vezes somos barco, outras vezes somos o próprio mar...
O 2º fala da bonança que sempre sobrevém à tempestade, e de como reaprendemos a nadar ( às vezes a boiar) dp de quse nos termos afogado. Gosto da palavra balanço quando se aplica a mar ( um ligeiro balanço, embala, um grande balanço enjoa).
o 3º fala de "fazer do porto de chegada o porto de partida"....sim, é sempre começar de novo.
Qto a esquecer que somos e entretermo-nos com a viagem, pq não sermos e viajarmos ao mesmo tempo?
Naõ gosto de esquecer, penso que temos lugar pra tudo, na nossa viagem...

LB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.