terça-feira, 25 de março de 2008

Paradoxos

Às vezes, de uma mãe pragmática e pouco intuitiva, nasce uma criança sensível e introspectiva.
O sentimento de incomprensão por parte da mãe é semelhante ao sentimento de abandono...

4 comentários:

Tão só, um Pai disse...

Hum, tocaste-me num ponto muito sensível. Não gosto de falar nisto, sinto que me exponho onde não quero e não devo. Veremos. Não sei por onde lhe pegar.

Tenho uma relação de sentir em silêncios com a minha filha. Quando nasceu, ligá-mo-nos pelo olhar, um olhar desafiador e malandro, às vezes triste e choroso.
Simultâneamente, começámo-nos a sentir. Não preciso que ela fale para a sentir bem ou mal. Serena ou ansiosa, leal ou desleal. Já não preciso que me olhe. Eu próprio, sempre fui um gajo calado, para desespero dos meus pais. Por isso, entendo muito bem o que ela me diz, sem o dizer. Também sinto que, para ela, este sentir se intromete no mais profundo dos seus segredos, medos e receios. Sei que sofre dolorosamente com o meu sofrimento. Por norma, não verbalizamos grande coisa, meia dúzia de palavras bastam para completar ou confirmar o entendimento do sentimento. Ela tem 13 anos. O filhão tem 18. Sem darmos por isso, eu e ele já nos vamos sentindo, o que tem sido assustador. Nós, os pais, assustamo-nos com pouco.

Sabes, com os filhos, desde bébés, é mais fácil sintonizarmo-nos nos silêncios do que não é dito, do que com a verbalização de emoções. Por eles, ultrapassamo-nos, adaptamo-nos, até nos silencios. Para ti vai ser fácil. Ele ou ela é e será, sempre, o teu bébé.

reb disse...

A 1ª coisa em que pensei depois de ler este texto foi isto: como é que uma pessoa, que se diz mto calada, escreve tanto? Afinal tem mto para dizer :)
Qto a pais e filhos e relações de silêncios, acho que isso se vai modificando à medida que eles crescem. Acho mesmo que as palavras simplificam tudo, ajudam a organizar o pensamento, estruturam. Os sentires são complexos e confusos, nunca se sabe bem o que o outro está a pensar...não se adivinha tudo!
Penso que é saudável conversar com os filhos, não tem que ser uma "exposição" íntima e profunda, isso é terreno perigoso, mas conversar sobre temas de interesse para eles e para nós.

Tão só, um Pai disse...

:) "mas conversar sobre temas de interesse para eles e para nós." :)

Experimesta sorrir, sintoniza-te nos silêncios, deixa-o(a) ir escolhendo os temas de interesse, os dele/a, troquem sonhos e partilhem experiências.

reb disse...

Pais e filhos é uma ligação que tem tudo, menos erotismo. Às vezes basta a presença, outras sorrimos ao mesmo tempo com aquela cumplicidade, outras, ainda, discutimos ideias, filmes, coisas da vida...
É a única ligação para a vida ( pelo menos no meu caso, e em tantos...)