domingo, 30 de março de 2008

Há um fio condutor?

Vejo a vida como um livro, com capítulos. Há a infância, a adolescência, as várias fases da idade adulta ( com ou sem filhos). Há fases ( ou serão ciclos?) que, aparentemente, não têm continuidade...chega a haver saltos ( para a frente ou para trás). Mas, se me ponho a pensar, parece que uma nova fase começou a germinar numa fase anterior, ainda que de forma inconsciente. Há a nossa capacidade de analisar ( ou não) o que se vai passando....mas, num registo inacessível à razão, há movimentos internos que vão acontecendo e nos empurram para as mudanças. É como se, o que nos aparece no exterior tivesse sido procurado por nós, sem o sabermos.
Nesse sentido, se estivermos atentos, há um fio condutor na nossa história de vida...

7 comentários:

Tão só, um Pai disse...

Eu contentar-me-ia com o ser feliz e ter muita paz, cá dentro. Porque, também, o preciso, de estar em paz com o mundo e com os outros.
Fio condutor? Tenho tido muitos. No que acredito? Que a nossa singularidade resulta, paradoxalmente, da, também, nossa complexidade, acumulada e sempre em mutação.

reb disse...

Isso de querer ser feliz e sentir paz é o objectivo de todos, não será? Mas se vivessemos sempre em paz, como evoluíamos? Saõ as coisas menos boas que nos ensinam mais, julgo eu ( desde que não fiquemos presos da angústia).
Concordo consigo, a nossa singularidade resulta da nossa complexidade sempre em mutação. O desafio é encontrar simplicidade nessa complexidade :)

Tão só, um Pai disse...

Não sei, não, reb, não sei. Às vezes demoramos tempo a perceber que queremos ser felizes e que, para isso, queremos a paz. Nem todos são felizes na paz. Simplesmente adiamos a resposta, de forma honesta, connosco.

E ... a complexidade não me assusta. Licenciei-me em Economia e aprendi a gostar dos modelos simplificadores da realidade. Desde que saiba de onde vim, porque estou e gosto de estar aqui, na vida, tudo resto são accessórios, coisinhas e berloques. Para onde vou, ou como vou, torna-se um pormenor de somenos. Nem sempre fui assim. Um dia, a vida foi-me tornada demasiado curta e ... desatei numa procura alucinante. Hoje tenho mais paz. Até na minha angústia com os filhos tenho paz. Quando não os tenho tudo se complica.

reb disse...

Nem todos são felizes na paz!
Mais uma frase sábia. Os meus comentadores fazem-me pensar. Isto é estimulante :)
Eu própria sinto isso: a adrenalina faz falta, não há dúvida!
Mas já não é a adrenalina pura, são doses mais moderadas que não façam perder o pé :)

idadedapedra disse...

eu acho que em determinadas alturas da vida estamos mais receptivos a ver determinadas coisas do que noutras. Dou um exemplo: uma mulher acabou de fazer um aborto porque tinha que ser, a vida não lhe permitia ter um filho nessa altura... Nos dias seguintes está triste e quando anda na rua só vê mulheres grávidas. Ora o número de mulheres grávidas é exactamente o mesmo, certo?, ela é que passou a reparar nelas. Quando te digo que há livros que parecem que me escolhem porque é naquela altura que os devo ler porque tem tudo a ver com o que estou a passar... também aí eu acho que só lhes dou a importãncia que dou nessa altura porque lhe escolho as citações que t~em a ver com o que sinto e provavelmente passariam completamente despercebidas noutra altura

idadedapedra disse...

ouve lá ó tão só um pai, com essa de dizeres que um dia a vida tornou-se-te mais curta queres dizer que tiveste aquela sensação que se tem aos 40 anos de que a vida são dois dias e o primeiro já passou? é isso?

Tão só, um Pai disse...

Sim, ídpedra, um dia a idade acordou-me, agarrou-me pelos colarinhos, gritou-me: "Pára, estúpido, a vida passou a correr por ti e nem deste por nada, nessa tua corrida de nadas para te esqueceres de que não é assim que queres estás vivo, e pára de quereres perceber porque estás vivo. Agora, o que tens é de estar vivo, chegou a altura de aceitares e de lhes dizeres, que não queres morrer por eles, mas viver por eles."

Quando isto atontece, já estamos demasiado cansados para continuarmos a correr, apercebemo-nos no meio desse escuro nenhures, que é o de termos andado e estarmos completamente perdidos da vida e do sentido da vida, que só tem um sentido, o de viver.

Finalente, vergamo-nos perante ela, aceitamos que será sempre curta, ficamos disponíveis para aceitar a vida com o peso da perda. Mas, para respirarmos o presente, com o consciente, o de nos sentirmos em cada minuto, momento a momento, precisamos de estar, também, disponíveis para enfrentarmos o passado mais demente, que julgávamos morto e enterrado mas que, aos quarentas e muitos de vida, de forma recorrente, atira-me à cara que eu sou neste eu, um todo de muitos eus, uno e indivisível, e que jamais se apagarão deste ser que sou, e serei, sempre, eu.

Qual passado demente?

Assim, e bem à distância, o destes eus:

http://taosoumpai.blogspot.com/2007/05/prra-pra-ela-p.html

http://taosoumpai.blogspot.com/2007/06/era-escusado-p.html

http://taosoumpai.blogspot.com/2007/06/mais-cuidado-p.html