quarta-feira, 11 de junho de 2008

As pequenas hortas de que falava o Ribeiro Teles

Noa anos 80, o arquitecto Ribeiro Teles dizia que se devia incentivar a instalação de pequenas hortas particulares nos baldios e terrenos não construídos na área metropolitana de Lisboa.

Hoje, e perante a crise do combustível e possível escassez de determinados alimentos, esta ideia parece ganhar novo alento.
A este respeito, escreve o biólogo Tomás de Montemor:

"Não só se produziria um corredor verde que evitaria o divórcio da cidade com a sua fauna e flora, como teria um efeito protector contra as enxurradas e cheias como aquelas que paralisaram Lisboa em Fevereiro último. É notório que muitos lisboetas gostam de fazer a sua hortinha em qualquer canto com dois palmos de terra fértil. Até nas bordas das vias-rápidas ou encostas das auto-estradas se vêem batatas, favas e couves com um ar frondoso e apetitoso. Geralmente, um senhor de idade entretém-se com a enxada a mondar os futuros itens de uma sopa e cozido delicioso."
"Agora que os alimentos ameaçam escassear, o hábito das hortas será de certeza aumentado e imitado por muita gente. Este facto poderá acrescentar uma beleza rural a muitas zonas degradadas da capital enquanto ajuda a economia das famílias mais carenciadas. Aliás, até acho que se poderá estudar a possibilidade de o Ministério da Agricultura subsidiar estas microscópicas explorações estimulando a sua expansão. Seria interessante uma grande cidade auto-suficiente em termos alimentares."

"Só resta uma preocupação: quando tudo estiver a correr pelo melhor, com feijoeiros a trepar pelas canas do milharal e laranjeiras a emprestar sombra aos pimentos, a ASAE irá aparecer para fiscalizar, vedar e multar aqueles que ousaram corromper a arrumação e assepsia da lei."

:)

10 comentários:

Unknown disse...

Podes contar comigo...acho uma ideia maravilhosa.Sempre fui fã do Ribeiro Teles.Mas é preciso fazer mover as cabecinhas.Acredito que se vai realizar no futuro.Hoje a sociedade não está preparada, pelo menos a nossa. Era preciso consciencializar os municípios de que em vez de tantas rotundas as suas terras ficavam mais a ganhar com o florescimentos das hortinhas...
Disseram-me que em muitas cidades da Américo isso se está a praticar..Na Alemanha as pessoas alugam pequenos espaços para cultivar hortas ao fim de semana.Mas cá o paradigma é outro e vai levar muito tempo a sair.

LB disse...

A ideia é gira sim senhor, e, Sra.D.Té, fique sabendo que não necessita de ir até à Alemanha. No seu próprio país já está em prática, com bastante sucesso aliás....:PPPPPP

Ver o link abaixo:
http://www.cm-maia.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=234&Itemid=6

As boas ideias são para se replicar!!!

LB disse...

ahhhh.... esqueci-me de acrescentar que, ao contrário da Alemanha, cá os "talhões" são cedidos, de borla, pela C.M.

:PPPPPPP

Viva Portugal!!!!!!!!!

reb disse...

LB, podes mandar-me esse link para o mail?
Se cá existe, quero divulgar :)

Unknown disse...

Acho uma ideia absolutamente disparatada com utilidade nula.

Em primeiro lugar porque os cultivos nunca seriam autosuficientes. As despesas associadas ao cultivo, como por exemplo adubos seriam muito superior ao seu custo no mercado quando produzidas em grande escala.

Depois teríamos problemas em atribuição de tais espaços, visto serem diminutos para a população total.

Quanto ao financiamento do ministério da agricultura parece-me uma ideia no mínimo patética, é a mesma coisa que eu pedir um subsídio para plantar couves no meu jardim.

Quanto às rotundas, acho esteticamente muito mais apelativo numa cidade uma rotunda ou uma praça com um belo jardim do que uma horta com as suas couves e batatas!

Um lugar ao Sul disse...

reb, o nuunno anterior sou eu :p

reb disse...

Horta à Porta": Acordos são Assinados no Sábado
19-09-2007
A Quinta da Gruta é a casa mãe de toda a estratégia ambiental do Município da Maia e depois de ter sido alvo de uma intervenção orientada no sentido da sua preservação, reconversão e revitalização, permite, através de um programa diversificado e original, uma participação activa em múltiplas actividades teórico-práticas de sensibilização e educação ambiental rumo a um Desenvolvimento Sustentado.

A Câmara Municipal da Maia, que desde sempre se tem dedicado ao desenvolvimento de um trabalho consistente e pioneiro na área ambiental, adoptando para o efeito uma abordagem integrada de âmbito local e regional por via do desenvolvimento de um conjunto diversificado de projectos e acções de grande dimensão estratégica, pretende evoluir para a dinamização da Quinta da Gruta, também, através de parcerias com entidades que desenvolvam projectos temáticos na área ambiental.

Neste sentido, no próximo dia 22 de Setembro (sábado), pelas 10.00 horas, no Complexo de Educação Ambiental da Quinta da Gruta, realizar-se-á a Cerimónia de Assinatura dos Acordos com os Utilizadores da Horta-a-Porta da Quinta da Gruta.

A Horta-a-Porta da Quinta da Gruta é a 10ª Horta do projecto da Lipor e a terceira do Município da Maia. Esta horta é composta por 66 talhões, de aproximadamente 40 m2 cada, contemplando, ainda, dois abrigos comuns de arrumos para alfaias e diversos pontos de água para rega e manutenção dos talhões.

Os talhões são disponibilizados, gratuitamente, aos utilizadores inscritos, assim como, a devida formação em agricultura biológica, a que se obrigam a praticar no local.


O projecto Horta à Porta surgiu em Julho de 2003 de modo a proporcionar a todos a possibilidade de cultivarem a sua pequena horta, com a garantia de qualidade dos produtos, de melhor saúde e ambiente.

Na prática, este projecto pretende disponibilizar talhões a particulares interessados em praticar a agricultura biológica. Ao receber o talhão de terreno, os utilizadores recebem também formação no terreno em compostagem caseira e agricultura biológica.

Os produtos são para consumo próprio. É disponibilizada água e um local para armazenar as ferramentas. É ainda disponibilizado um compostor comum.

Pretendemos dar formação e informação para que cada cidadão possa encaminhar os seus resíduos da forma ambientalmente mais correcta e adaptada a cada caso.

Neste momento o Projecto tem 10 Hortas em funcionamento:

reb disse...

Aqui fica a informação que a zib me enviou por email. Pelo menos em Gaia já aderiram a este projecto.

Entretanto, se alguém souber de outras iniciativas interessantes, please divulgue. Há que valorizar o que de positivo se vai fazendo por cá :)

reb disse...

No post "Boas iniciativas" acabei de publicar informação sobre "hortas em lisboa"

reb disse...

Outras terras, outras hortas, uma nova preocupação
As hortas do futuro são amigas do ambiente e dos cidadãos

Mais iniciativas do projecto "HORTA À PORTA"
( este foi-me enviado pelo LB)


Francisca Leal

Moinho de vento recuperado no Parque Florestal de Monsanto



Enquanto em Lisboa as hortas existem por vontade de quem delas se ocupa, noutros pontos do país há pessoas, empresas e instituições que fomentam a criação de plantações vocacionadas para a agricultura biológica.
As "horta à porta" são um projecto desenvolvido por uma empresa camarária do Porto e as "hortas colectivas" situam-se nas salinas do Samouco, em Alcochete.

No Porto, mais de 300 partidários da agricultura biológica mostraram interesse em receber um pequeno talhão para fazer os seus cultivos.
No âmbito deste projecto, a empresa intermunicipal Lipor disponibiliza gratuitamente ou a baixo custo, um talhão com um máximo de 30 metros quadrados, em vários locais da Área Metropolitana do Porto, por um período de dois anos.
Os "inquilinos" das hortas biológicas comprometem-se a não utilizar produtos químicos, a manter o talhão limpo e a não venderem os produtos que colherem, dado que o projecto se destina apenas a produções para consumo próprio.
Os terrenos têm pontos de água e um local de armazenamento de ferramentas agrícolas.


Em Alcochete, em resultado de um projecto apresentado pela Fundação das Salinas do Samouco a uma candidatura comunitária, prevê-se a criação de 18 hortas colectivas, com objectivos sociais, ecológicos e de arranjo paisagístico da zona envolvente.
Os projectos aprovados ocuparão entre cinco a seis hectares do complexo das salinas.
Cada munícipe interessado pagará à câmara ou à junta de freguesia local o arrendamento de um talhão de uso comum para semear culturas de sequeiro, podendo cada parcela ter entre 200 a 300 metros quadrados.
Os utentes das hortas comprometem-se, além do pagamento de uma renda simbólica, a respeitar um manual de boas práticas agrícolas e ambientais