domingo, 22 de junho de 2008

Semana de trabalho de 65 horas??!!

Quando li que o Conselho de Ministros do Emprego da União Europeia tinha aprovado uma directiva relativa à organização do tempo de trabalho, prevendo a possibilidade de a semana de trabalho poder alargar-se até às 65 horas, o que daria uma média de 13 horas de trabalho por dia, pensei: "Isto é de loucos! Perdeu-se totalmente o bom-senso?". Passei, então, a procurar vozes que se insurgissem contra isto. Encontrei, hoje, uma, no "Notícias Magazine"( do D.N.)

Diz a socióloga Teresa Medina:

" Esta directiva contraria claramente uma tendência histórica, iniciada nos finais do século XIX, em consequência da persistência e da luta dos trabalhadores e dos movimentos operários, que, já no dia 1 de Maio de 1886, nos EUA, iniciaram uma greve geral exigindo a redução da jornada de trabalho para as 8 horas diárias. A passagem das jornadas de trabalho diário de 16 ou 18 horas, sem descanso semanal ou férias, do início da Revolução Industrial, até à situação actual, da semana de 35/ 40 horas, em vigor na maioria dos países europeus, constituiu uma das maiores conquistas sociais do último século."
"A redução progressiva do tempo de trabalho, com a consequente libertação de tempo para a família, a cultura, o lazer e os descanso, teve uma importância decisiva na melhoria da qualidade de vida das pessoas, constituindo um dos factores mais importantes no aumento da esperança média de vida registado, como tem sido demonstrado por diversos estudos."
"No entanto, e apesar dos constantes avanços tecnológicos e científicos, que criam condições para uma redução efectiva do tempo de trabalho, facilitando uma maior e melhor conciliação entre o trabalho e a vida familiar, cuja importância, noutros documentos, a Comissão Europeia não deixa de salientar, aquilo a que os trabalhadores europeus têm assistido é a um contínuo agravamento das suas condições de trabalho e a uma perda crescente de direitos, há muito consagrados."
"Neste quadro, não deixa de ser chocante ver esta directiva ser apresentada pelos seus responsáveis como uma vantagem para os trabalhadores, que, agora, passariam a ter a possibilidade de "livremente", optarem por jornadas de trabalho mais prolongadas. Mas de que liberdade estamos a falar, quando todos conhecemos as crescentes taxas de desemprego ( que esta directiva tenderá a agravar), a precarização das realções laborais, a persistencia de políticas de baixos salários a que estão sujeitos muitos trabalhadores?"
"A entrar em vigor, estaríamos perante um enorme retrocesso civilizacional, que nos poderia reconduzir às condições de trabalho e exploração do sec.XIX, com consequências gravíssimas para a humanidade. Certamente os europeus não deixarão que isto aconteça."

Aqui está uma análise com a qual estou totalmente de acordo!

3 comentários:

Maria Romeiras disse...

Século XIX, sem dúvida... de acordo contigo.

nelio disse...

totalmente de acordo contigo. e é absurdo pensar que tudo isto tem o fim de manter os lucros astronómicos de alguns à custa da qualidade de vida da maioria que são os trabalhadores. mais cedo ou mais tarde os europeus terºao que rever este caminho para o capitalismo mais selvagem. se esta directiva for para a frente, acho bem que os trabalhadores europeus se preparem para usarem os seus direitos de cidadãos e façam greves, mas greves a sério, não são estas jornadas absurdas a que estamos habituados. paralisar as economias europeias, pôr esta merda toda a ferro e fogo.

nelio disse...

continuando... mas pelo menos desta vez os nossos ministros não tiveram vergonha em deixar transparecer a verdade: que não estão ao serviço dos seus povos, mas sim das grandes empresas e multinacionais. valha-nos isso.