domingo, 8 de junho de 2008

Portugal é uma ideia a difundir pelo mundo --- Agostinho da Silva

Soube, recentemente, da existência da revista "Nova Águia"- Revista de cultura para o sec.XXI -- dirigida por Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio.

Passo a transcrever algumas partes do seu Manifesto:

"Portugal atravessa no presente uma profunda Crise a todos os níveis, com tudo o que a palavra implica de risco e oportunidade simultâneos. Agudiza-se, hoje de novo, como escreveu Raul Proença, uma "atmosfera" composta de "um sentimento de mal-estar" e de "um desejo de alguma coisa" indefinida "que nos incite, nos impulsione, nos una e nos salve".

"O enfeudamento do estado português aos grandes poderes políticos, economico-financeiros e culturais mundiais dissolve-nos efectivamente noutras áreas de influência e soberania, preservando-nos apenas uma independência formal, para logro dos ingénuos."

"Há que refundar Portugal: "baralhar e dar de novo", como dizia Agostinho da Silva."

"Portugal enquanto pátria transcende a nação e contribui para o movimento da consciência humana para a universalidade."
"A comunidade lusófona é o fruto mais imediato e concreto, em termos historico-culturais, deste impulso português para a universalidade."


E, citando alguns que compreenderam bem a nossa história e a nossa "alma":

Fernando Pessoa: "O nosso futuro não pode ser menos do que ser tudo, de todas as maneiras..."
Agostinho da Silva: "Portugal passa a ser, não propriamente um determinado país,... mas sim uma ideia a difundir pelo mundo."

16 comentários:

harumi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
harumi disse...

Eu nunca fui muito seduzido pela ideia do 5º império.
Acho que enquanto povo, não estamos vocacionados para nada de especial, se não fizermos por isso.
Sou mais do tipo: "causa e efeito" (um pedaço de madeira, um canivete,uma hora ou duas...e temos uma colher de pau).

reb disse...

Se não estamos vocacionados para nada em especial, como explicas que se fale português em todos os continentes do mundo? :)

LB disse...

Há uma piada que ajuda a responder...

Naquele tempo os conquistadores/descobridores em geral e, os Espanhois em particular, qd desembarcavam da naus perguntavam; “Ouro, prata ??....e não viam + nada, cortando todas as cabeças que fosse necessário para chegar a esse objectivo”
Os tugas, eram mais subtis e perguntavam apenas; “Gajas....??”

Brincadeiras à parte, concordo com o Agostinho da Silva, a humanidade tem bastante a aprender com a forma universal como os portugueses se relacionam com outras culturas.
Não faltam exemplos, do passado (Brasil é o expoente máximo), à actualidade (diversas missões em que temos estado envolvidos. E mm ainda o que, os outrora colonizados; Moçambique, Angola, Timor.... ainda hoje pensam de nós)

Discordo completamente do pessimismo e fatalismo reinante, especialmente na nossa camada (“pseudo”)intelectual.
Sejamos corajosos, intervenientes e olhemos o futuro de frente!!!
Vida há só uma (p’lo menos q se saiba)
E agora até temos o Obama...como inspiração :))

reb disse...

Se os portugas, depois daquelas viagens de meses, cheios de fome e escorbuto, ainda pensavam em gajas é pq são uns grandes garanhões :))

Mas é verdade: deus criou o preto e o branco e o portuga criou o mulato :)

Agora mais a sério: como diz o LB, a relação que temos com as ex-colónias deve ser uma coisa única no mundo.
Não acredito que, todos os portugueses colonizadores tenham sido anjinhos, mas, se tivessemos sido apenas uns carrascos, como se compreendia o carinho que têm por nós? Todos nos lembramos de ver na tv imagens dos ultimos jogos do euro 2004, qdo ainda havia a esperança de sermos campeões, da "festa" que os povos africanos de lingua portuguesa e os de timor e macau faziam sempre que jogávamos.
Naõ tenho conhecimento de outras reacções semelhantes entre povos ex-colonizadores e ex-colonizados!

Outra coisa que muito me comoveu, há uns anos, foi a reacção de portugal aos atentados em timor!
Aquele foi um povo colonizado por nós durante seculos, mas qdo os indonesios os atacaram, surge uma onda de solidariedade por estas bandas tão distantes, como se tivessem atacado um povo-irmão, ou filho.
Também não conheço movimentos destes de povos ex-colonizadores face a ex-colonizados...

Que sentimento é este que nos une em vários pontos do planeta?
Será que a frase do fernando pessoa tem toda a razão de ser? "A minha pátria é a língua portuguesa!"

Os que escreveram o Manifesto da revista "nova águia", seguem esta linha de pensamento, tentando recuperar a nossa identidade num mundo tão globalizado que podemos correr riscos de nos "despirmos" das nossas características...

Sim, o obama é uma inspiração do "mundo novo"...mas ele ainda só ganhou aos democratas. Claro que já é um fenómeno que, há uns anos, julgariamos impossivel nas américas...mas falta um ano para defrontar o candidato republicano....Será que durante este ano, a propaganda anti "lideres-romanticos" não vai tornar alguns americanos inseguros? Tomara que não!

Woody disse...

Uma das características dos portugueses é gostar de receber e a curiosidade de conhecer pessoas novas, culturas novas, ideias novas... Qual é o português que assim que vê um estrangeiro não tenta arranhar logo alguma coisa na sua língua? Penso que é algo muito difícil de ver em outros países e é talvez uma característica que herdámos dos nossos tempos de colonos e que está na origem dessa boa relação que temos com as nossas antigas colónias (que não deixámos de explorar e de atacar e bem recentemente). Tendo em conta que é esta a ideia de difundir de Portugal pelo Mundo: um povo acolhedor, boa onda, solidário, altruísta, acho que a maior ameaça que existe para o Quinto Império são os movimentos fascistas e nacionalistas que personificam a antítese daquilo que nós somos: abertos ao Mundo.

reb disse...

Toda a razão!!

Não confundir o nosso espírito universalista ( que penso estar relacionado com a proximidade do mar--ligação com outros mundos) com o espírito colonizador de outros tempos.

Acabei de ouvir o discurso do cavaco do dia 10 de junho: vem na linha do que aqui se tem escrito :)

Pena é que tenha cometido a gaffe de dizer que o 10 de junho é o dia da raça :))...o que é a antítese do tal espirito universal que nos caracteriza :)

nelio disse...

gosto muito do agostinho, mas a ideia do V império é um sonho alucinado. não creio que estejamos vocacionados para nada de especial. fala-se português em todos os continentes porque os portugueses andaram a foder nos 5 continentes. só isso. onde chegavam fodiam e deixavam os seus descendentes mestiços. os espanhois iam com a cruz, os ingleses com as armas e os portugueses de pau em riste... (desculpa o baixo nível da linguagem)

reb disse...

lolol
Existe então essa ideia que os portugas são uns machos latinos mais "potentes" que os próprios espanhois :))

Mulatos àparte, como se explica a ternura que os ex-colonizados têm ainda por nós? Ao que sei, os povos da américa latina não gostam muito de espanhois...

harumi disse...

reb, quando digo que não estamos vocacionados para nada de especial, não pretendo de modo algum argumentar, que somos menos qualificados que os outros.
Pretendo tão só dizer que a ideia de 5º império transporta em si conceitos metafísicos. Algo como se um determinismo qualquer nos fizesse transportadores de um graal.
Por se falar português em vários locais do mundo, não nos confere qualquer espécie de "destino" universalista, mas sim chegarmos à conclusão que há quinhentos anos, fomos realmente bons a procurar e encontrar outros destinos geográficos, e com isso conseguimos transmitir a nossa lingua, cultura e religião, a povos que nessa altura, eram menos civilizados que nós.

reb disse...

Há 500 anos mudámos o rumo do mundo, mas agora...tanto tempo depois, ainda temos elos com eles que vão para além da lingua.
Há algo de místico nisto? Talvez :)

Pelo menos é diferente do que se passa entre países ex-colonizadores e ex-colonizados.

Isto pode levar-nos onde?
Imagina que, em vez de nos virarmos só para a europa, nos virávamos para os outros países de lingua portuguesa. Que força poderia ter essa lusofonia? :)

Unknown disse...

teste

b

Unknown disse...

teste

b

Unknown disse...

A Rabeca pediu-me um texto sobre o V Império.Que tema mais vasto e misterioso!
Se passarmos para a dimensáo do ultra racional, ou seja, o mundo dos mitos e dos sonhos, constatamos que o mito do Vimpério é belo e singular ("O mito é o nada que é tudo"..).Foi e é (?) a ãncora de um povo naufragado,um povo que foi grande e depois se descobriu pequeno e até mesmo inexistente pois perdeu a sua independência.A realidade era demasiado terrível e a sua superação passa pelo mito e nele Portugal volta a ser grande e pensa-se universal. E tão profunda foi essa crença que enformou correntes de pensamento que perduram até aos nossos dias.E Pessoa surge como o grande paladino da ideia(("O Primeiro é o da Babilónia, o Segundo o Medo-persa, o Terceiro o da Grécia e o quarto o de Roma, ficando o Quinto, como sempre, duvidoso....O último é plausivelmente entendido como sendo o Império de Inglaterra...Aqui o V Império terá que ser outro que o inglês, porque terá que ser de outra ordem.Nós o atribuímos a Portugal....não direi se o sei ou se o não sei, se o presumo ou o não presumo.Saber seria de mais;presumir seria de menos.Quem puder compreenda que o compreenda (texto de Pessoa no prefácio a"VImpério" de Augusto Ferreira Gomes)".
Assim "quem puder compreender que o compreenda"...claro que eu não o comprrendo, mas acho bela a ideia. A minha adesão é estética e não real.Mas constato que nós, portugueses, nos agarramos a sonhos para sobreviver.Não é estranho que gerações várias tenham, por exemplo, acreditado no mito de um IMPÉRIO COLONIAL? Hoje os mitos são mais rasteiros mas até o fervor maluco face à selecção nacional de futebol, acreditando que somos os maiores, não deriva dessa ideia sonho de que nos podemos transcender para alturas de universalidade e grandeza...?Mas o embate com a realidade é sempre traumático e os números e as estatísticas cravam-se dolorosamente na nossa pele...daí a nossa fuga permanente.E ambivalência de sermos os maiores (mito) e os piores (fuga ao mito)
Isto vai longo.Fiquemos por aqui.

reb disse...

Obrigada, querida té!

O sonho tem sido o motor da nossa vida! Há 500 anos demos a conhecer ao mundo velho o mundo novo. A 1º "globalização" foi feita por nós..
Hoje temos afinidades com os povos que antes foram nossos subordinados. Deixámos-lhes tradições, cultura, a língua, e um sentimento de proximidade.

Eu tb acredito, pq acredito em coisas que não sei explicar, mas sinto! Acredito que temos uma força própria!

YES, WE CAN :)

reb disse...

Oh, país das contradições:))

A crise a galopar, com ameaças de "situação de emergência" e os portugueses a esquecê-la, festejando mais uma vitória!
Já derrotámos o império otomano (os turcos) e hoje arrumámos com os checos. Seguimos em frente,imparáveis na conquista do v império :)

Viva portugallll!!!!!!!