domingo, 18 de maio de 2008

Ciência(s) em movimento

O artigo que acabei de ler vem ao encontro do que temos vinda a debater no nosso blog.
Ora leiam:

"Tendo sido, durante décadas, uma condição para o progresso cinetífico, a especialização acabaria por contribuir tb para um certo desconhecimento do mundo como um todo. Dividiu a realidade em partes, mergulhou fundo na pesquisa de cada uma delas, esperando que a sua reunião reconstituisse o mundo enfim esclarecido.Verificou-se, contudo, não ser bem assim. O todo não se explica pela soma das partes, pois cada uma delas, em lugar de revelar a simplicidade das coisas, evidencia, isso sim, a sua complexidade, constituindo-se num novo campo de inesgotavel conhecimento. Veja-se o átomo, por exemplo.
Qdo se julgava ter alcançado a menor porção de matéria( daí o nome "sem partes") a física descobriu, no final do sec 19, que ele mesmo é composto por partículas menores (protôes, electrões, neutrões, etc).
Mergulhados nas especificidades, os cientistas foram designados em 1929, por Otega y gasset de "sábios-ignorantes": homens de ciência conhecedores de uma pequeníssima parcela do universo..


Começa, entretanto, um movimento paralelo de cruzamento de disciplinas que, de tão focadas nas suas especificidades, começaram a precisar de outros olhares que as completassem. A interdisicplinariedade é hoje uma realidade nos grandes centros de investigação.

Em Portugal, este movimento de retorno ao saber abrangente, iniciado na década de setenta, tem sido alvo de estudo de uma vasta equipa de investigadores, coordenada por OLGA POMBO, docente e investigadora em Filosofia na FCUL (faculdade de ciências da universidade de lisboa).
Os saberes de filósofos, sociólogos, psicólogos, antropólogos, físicos, químicos e biólogos cruzam-se sistemticamente na reflexão sobre os efeitos do conhecimento nos novos modos de fazer ciência.
Foi criado o Centro de Filosofia das Ciências ( www.cfcul.fc.ul.pt).
Um dos investigadores, o físico José Croca, recebeu, este ano, um prémio internacional pelo seu trabalho na promoção da Razão.
As suas palavras, na cerimónia de entrega do prémio ,foram as seguintes:
"Não existem limites, pelo menos do ponto de vista conceptual, para a capacidade de o homem conhecer a natureza. No fundo, trata-se de um retorno ao ideal grego. Acreditar que pelo uso da Razão o ser humano pode ir sempre mais longe, um pouco de cada vez, na senda dessa fascinante e maravilhosa aventura que é a procura do Conhecimento".

in: Notícias Magazine ( D.N. de domingo)
"Cultura científica. Migrações conceptuais e contaminações sociais"

27 comentários:

idadedapedra disse...

pois claro, é o que nós já tínhamos dito... Mas afinal parece que a ideia não é nova (nossa) e até já há centros de estudo interdisciplinares como nós tínhamos imaginado...
Andaram a copiar-nos, foi o que foi

Tão só, um Pai disse...

:) ... fogo ... e nada de créditos para nós ... essa malta da ciência está, cada vez mais, ferida do egocentrismo. :)... só não percebo porque é que a investigação contituna tão secreta ... pois, os clientes pagam e tudo terá que ficar no segredo dos deuses ...

reb disse...

vai ver o site :)

achas que eles tb vêem ler o nosso blog? :))

Tão só, um Pai disse...

:( tentei ver site mas deve haver algum problema com o endereço ... :(

idadedapedra disse...

http://cfcul.fc.ul.pt/

idadedapedra disse...

http://cfcul.fc.ul.pt/palestras/dispersoes.html

Até têm um tema chamado dispersões :)))))

reb disse...

IP, que endereço é este?
como faço pra ir consultar isto?

idadedapedra disse...

copias lá para cima para a barra de endereços... tá bem pronto, eu mando-te o link por mail

Tão só, um Pai disse...

:) ah ... já nem me preocupo com os nossos direitos de autor ... aquilo é tudo muito coloquial, aproveitam a necessidade latente da multidisciplinaridade para conversas entre amigos, sem objectivos operacionalizáveis específicos .... enfim, andam próximo do sexo dos anjos ... pois bem, continemos ... :)

reb disse...

lolol, até falam de "dispersões" como nós :)

sabem o que vou fazer?
vou escrever-lhes a contar a história do nosso blog e candidatamo-nos a ir apresentá-lo numa das conferências deles....ao lado daqueles filósofos todos :))

alinham :)

reb disse...

preparamos a nossa intervenção, falamos todos e, no fim, o nuno remata com uma das suas charadas :)))

Tão só, um Pai disse...

:) pá, com almoçaradas, tudo se resolve. Alinho, sim senhora.

reb disse...

mas temos que preparar bem a nossa intervenção e escolher 2 ou 3 posts que sejam os mais significativos da nossa multi-disciplinariedade :)

idadedapedra disse...

desde que eu não tenha que falar em público pode ser :)

reb disse...

passas os slides, os powuer points, e falas 5 minutos sobre genes :)

Tão só, um Pai disse...

:) ... lá vamos dispersar mais um bocado ... IP, ouvi ontem, na televisão, que aquelas espirais do ADN são constituídas por átomos ... isto é ciência oficial, ou especulação parapsicológica?

Tão só, um Pai disse...

... ou melhor ... que o adn são átomos ...

idadedapedra disse...

tsup: o ADN são moléculas enroladinhas... as moléculas são constitídas por o quê? por atómos!
Mas neste mundo há alguma coisa que não seja constituída por atómos?
A energia não são átomos (acho eu, mas aqui os engenheiros podem esclarecer-nos por exemplo sobre o que é a luz), o vazio não tem átomos... tudo o resto são átomos.
Se perguntasses o que são os átomos, aí a resposta era mais difícil :)

Tão só, um Pai disse...

:) então, é a diferente combinação de átomos que faz de nós, seres vivos, o que somos ... logo, a diversidade de átomos é estrondosa ... ou seja, a tal tabelinha que decorávamos em química, é um ábaco.

idadedapedra disse...

o que é um ábaco?

Tão só, um Pai disse...

:) ... isto:

http://adolfogarro.files.wordpress.com/2007/05/abaco.jpg

idadedapedra disse...

ah, já sei o que é.
Eh pá, ele os atómos são muitos, agora imagina o número de combinações possíveis... cada moléculazinha de uma proteína tem milhentas combinações de átomos e cada proteína se junta a mais milhentas proteínas para formarem proteínas maiores, portanto as combinações são para elém do nossa imaginação.
O que eu gostava de saber é se os átomos ainda são como eu os estudei. Ainda são um núcleo à volta do qual andam uns electrões à volta? E andam à volta como? Há espaço livre para andarem? Se sim, o que é que existe nesse espaço? :)
Uma pessoa não pode saber tudo.
estas dispersões dão vontade de ir estudar tudo, mas não é possível, carago :)

Tão só, um Pai disse...

:) ... pois, a física quântica ... :)

reb disse...

Alguém me consegue explicar, resumidamente, os princípios da física quântica?

ZIB disse...

Vê esta web:
http://www.cienciapopular.com/n/Ciencia/Fisica_Cuantica/Fisica_Cuantica.php

harumi disse...

É sempre a velha questão de se ver só a árvore perdendo a noção da floresta. A especialização normalmente conduz a esse tipo de atitude que é indesejável, seja em ciência, seja em qualquer outro tipo de domínio, onde a complexidade exija uma compreensão de cada uma das partes, mas também das novas realidades criadas a partir da união desses segmentos.
A religião, na busca metafísica incessante de tentar compreender a atitude humana numa perspectiva universal, criou o conceito de ecumenismo, exactamente para se aproximar de uma possível solução.
Se analizarmos uma parte de cada vez sem tentar compreender as interacções que as várias partes têm entre si, caracterizando assim a realidade que nos rodeia, ficaremos tão só qual computador, excepcional a resolver questões complexas para o cérebro humano, mas incapaz de lidar com sentimentos ou emoções.

reb disse...

O problema é esse: precisamos de ter pessoas que se especializem em determinadas áreas, simplesmente pqq não há tempo para aprofundar muitas coisas numa vida. Mas sabemos que algumas dessas pessoas se tornam "ignorantes" noutras áreas da vida, sobretudo qdo o seu objecto de estudo é muito técnico e específico...
Outros, como nós ( eu, por exemplo sou assim) têm necessidade de alargar o leque de conhecimentos, mas nunca poderão aprofundá-los todos.
Ainda assim prefiro conseguir manter uma mente aberta, sobretudo pq sinto que vivemos uma épca extraordinária de descobertas e cruzamentos entre várias disciplinas e não gostava que isso me passasse ao lado :)