sábado, 31 de maio de 2008

"Esta crise traz grandes oportunidades"

Foi este o título que mais me chamou a atenção no Expresso de hoje.
É retirado de uma entrevista a Simon Dolan, director na ESADE Business School.

"A nossa cultura está à beira do colapso. Enfrentamos a maior crise desde que a humanidade progrediu para além da simples sobrevivência. E esta crise fomos nós que a criámos."
" Temos de deixar de negar que a crise existe; sair da área de segurança; descartar a ideia que nada podemos fazer para a evitar; compreender que não é suficiente tratarmos do nosso jardim enqto lá fora a inundação aumenta."
"Precisamos de uma massa crítica de pessoas capazes de desencadearem um ponto de viragem na opinião mundial. A motivação dos nossos dirigentes deve-se canalizar para a responsabilidade e o sucesso em vez do poder e do estatuto. Isso significa que precisamos de mais dirigentes com as caracteristicas femininas da dedicação e compaixão. Precisamos de encontrar um equilíbrio entre elementos femininos e masculinos."

....

"É importante realçar que temos grandes oportunidades. Produzir energia renovável, permitir meios de transportes limpos, distribuir água pura, garantir alimentos para o mundo, etc.
Os maiores desafios do sec 21 criam também as maiores oportunidades_ e são possibilitadas por tecnologias emergentes em materiais avançados, biologia sintetica e nanotecnologia."
...
" Se abordássemos seriamente os nossos problemas fundamentais, isso desencadearia mtos projectos novos e importantes. Alguns exemplos: a criação de um Sara verde, a criação de um novo celeiro na cintura que parte da Ucrânia através da Ásia, o desenvolvimento de uma nova fonte de energia para substituir o petróleo, a garantia de água para todas as pessoas, a garantia de um sistema educativo de alta qualidade e de formação profissional..."



sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança... :)

6 comentários:

harumi disse...

E a primeira grande oportunidade que temos, é chegarmos à conclusão que termos urgentemente de mudar de paradigma (já que a política hoje não se mede por esquerda e direita), o neo liberalismo serviu durante umas décadas, e até criou algum desenvolvimento, quanto mais não seja para nos mostrar que o socialismo científico era uma utopia, mas cresceu desmesuramente ao ponto de acharmos normal que um futebolista de primeira grandeza ganhe 100.000 contos por mês. Dizemos: é o mercado a funcionar! Pois.... como se a indiferença perante uma tão medonha distância entre as possibilidades materiais das pessoas, pudesse ser algo com que convivessemos, sem transportar em si as sementes de uma organização social, impossível de gerir enquanto modelo naturalmente aceite por todos.

reb disse...

É isso Harumi, a sociedade desenvolveu-se de tal forma desigual que os que estão bem não têm qq sensibilidade em relação aos que não estão. A televisão fez o resto: vemos diariamnete imagens de guerra e pobreza e fome no mundo, contrastando com riquezas extraordinárias... e dessensibilizámo-nos: aquilo banalizou-se, é "normal" e não nos afecta.
O mesmo se passa em relação à vida do planeta. Os entendidos vão avisando que deixará de haver água, que cada especie extinta é um buraco no ecossistema, que não respiramos sem as florestas....e nós assobiammos para o lado....e achamos que as calamidades virão num futuro muito distante...

Chegou a crise real. Estamos completamete dependentes do petroleo...mas ele começa a faltar e tudo fica complicado...

Como tu dizes: é altura de todos pensarmos que é urgente mudar de paradigma!
Entretanto, os mais desfavorecidos irão sofrer muito com esta crise e irão revoltar-se e sair pra rua...

Que os outros, os que têm poder de decisão, percebam da urgência de encontrar alternativas para as pessoas e para toda a vida no planeta!

nelio disse...

vai ser muito difícil convencer os homens da economia que o dinheiro e o crescimento das economias não são as coisas mais importantes. seria como mudar-lhes o sistema operativo, as bases sobre as quais sempre raciocinaram. a maior parte das pessoas não tem a elasticidade mental necessária para mudar de rumo. quando a crise vier a sério, vai ser o salve-se quem puder... a única esperança é que não haja convulsões generalizadas muito abruptas e que seja possível as coisas irem mudando com o passar das gerações.

reb disse...

É verdade, nélio, as pessoas da economia não mudam assim, mas vai começando a haver pressões de outras pessoas que estudam as coisas e prevêem catástrofes, se não for acontecendo a mudança, da qual já não se consegue fugir, não achas?
Estou tão preocupada com as convulsões sociais!...Algumas pessoas que já viviam no limiar da pobreza, não vão conseguir descer mais...
Nesta fase de transição, enqto não houver alternativas ao petroleo, tb tem que haver dinheiro para subsidiar aqueles cuja vida profissonal depende totalmente dele.

Como tu, eu gostava de poder acreditar que esta mudança se poderia fazer gradualmente, ao longo das gerações...

nelio disse...

sou muito céptico. há muitos anos que se prevê esta(s) crise(s) e ninguém fez verdadeiramente nada para mudar o rumo das coisas. nas nossas sociedades, não são os mais lúcidos e os mais válidos que estão no poder. os mais lúcidos e os mais válidos, mesmo que tenham apetência pelo poder, não têm pachorra para entrar no aparelho de um partido, e se o fizerem, quando chegarem a lugares elegíveis, já estarão tão comprometidos e corrompidos como os outros. os do dinheiro, estão-se nas tintas para os outros, desde que mantenham o seu modus vivendi. basta olhar para os lucros escandalosos que os bancos têm ano após ano, apesar da crise. também convém recordar que são os do dinheiro que controlam os governos e que são os governos que controlam as forças da ordem...

reb disse...

Tudo o que dizes é absolutamente verdade, mas há coisas engraçadas. As energias renováveis tb podem dar grandes lucros, não é? Então, talvez o governo possa tb lucrar com as parcerias com essas empresas. Já reparaste na campanha do BES sobre a biodiversidade? Não acredito que um banco daqueles possa ter outros interesses que não seja obter lucros...
Se assim for, que seja o proprio capitalismo que faz inverter as coisas...
Outro assunto que não pode deixar ninguém indiferente é a baixa natalidade. Para ter filhos é preciso poder sustentá-los e ter algum tempo para eles. Isto irá obrigar a novas politicas de apoio à natalidade...
É preciso jovens para pagar a segurança social...os velhos saem caros...
O dinheiro é que move todas as decisões politicas....mas sem equilibrio social não há dinheiro que valha....


O que eu continuo sem entender é a necessidade de termos um TGV numa época de contenção. Qtas viagens terá que haver entre vigo-porto ou lisboa-porto para pagar todo aquele investimento???