domingo, 18 de maio de 2008

Os computadores não substituem as pessoas...

Todos os domingos leio as crónicas do Octávio Cunha ( pediatra do Porto). Gosto da sua simplicidade, da sua humanidade...

Aqui vai:

"Mas afinal o que é ser médico? Hoje os computadores fazem diagnósticos diferenciais e deles partem para o diagnóstico definitivo. Máquinas sofisticadas praticam com precisão inimaginável o que os homens médicos não conseguem. Ser médico é, ontem como hoje, ser ao mesmo tempo, um bom técnico e um ser humano, no meio da desumanidade que nos cerca. Coisa que máquinas e computadores nunca vão conseguir. Ser médico é saber ler nos olhos de uma criança que ela está mal. Saber ler na expressão de um idoso que está com medo de morrer. É saber ouvir e saber decidir o que é melhor para o outro."
"Em medicina é cada vez mais fácil tratar a doença. Cada vez mais difícil é cuidar do ser humano, do seu bem-estar global e da sua dignidade. É bom ser médico. O orgulho de o ser não deve ofuscar. Deve libertar. Dar a lucidez suficiente para pensar que saber o que se sabe é sempre insuficiente. O que hoje é dado como adquirido pode não o ser amanhã."
"Abel Salazar, patrono da escola onde há mtos anos ensino, pelo entendimento que tinha da vida, da cultura e da sua profissão, escreveu esta frase profunda e cheia de significado: "Quem só sabe medicina, nem medicina sabe."
"Ser médico é ser humano. Ter curiosidade pelas outras áreas da vida. Se um médico pensa, nem que seja por um instante, que é Deus, o melhor é mudar de profissão."


Acrescento que estas sábias palavras se aplicam a todas as profissões humanas. Um professor que pensa que é bom professor só pq tem bons conhecimentos científicos sobre as matérias que lecciona, está profundamente equivocado...

70 comentários:

Tão só, um Pai disse...

... :) ótpimo ... lá vamos nós abrir mais umas quantas latas de vermes ... ora bem, menina REB, conta-nos lá como é que o Octávio Cunha define os valores que classificam alguém como sendo, ou não, humano :) ou, como ele diz, "um bom ser humano". É que as pessoas têm que ser claras nisto, porque o é importante.

reb disse...

o que está implícito neste texto é o conceito de "empatia" ( sentir o outro).

Um aluno só aprende se gosta do professor, ou melhor, se sente que o professor gosta dele. Isto garanto-te, diz-me a experiencia...

Tão só, um Pai disse...

:) ... pois eu não concordo muito ... a empatia não tem, bem, a ver com o gostar. Tem a ver com o perceber e o respeitar. Na minha opinião, ser humano até está longe da afectuosidade. Tem a ver, isso sim, com o tratar o outro como um ser humano, o que implica honestidade, transparência, abetura, atenção, e, acima de tudo, justiça. Juntemos-lhe, ainda, mais meia dúzia de coisas, como a confiança, solidariedade e a protecção na fragilidade, já para nã falar no reforço da auto-estima do outro. Mas nada disto é fácil. Na certeza, porém, que levar isto pelo lado dos afectos pode ser perigoso e manipulador.

reb disse...

tem a ver com gostar de outros seres humanos...tão simples qto isso :)

há quem não goste, há quem prefira máquinas...tudo bem, cada um deve ter a profissão que melhor lhe assenta :)

não estamos a falar de Amor, mas sim de empatia...

Tão só, um Pai disse...

:) ... e eu, sem querer ser chato á brava, estou a tentar dizer-te que não basta a empatia para respeitarmos os outros enquanto seres humanos ... :) ... e que, pelo facto de não gostarmos deles, isso não signfica que não os tratemos com justiça, imparcialidade e, até, entusiasmo.

idadedapedra disse...

um homem é um homem e uma máquina é uma máquina... são diferentes... as máquinas são muito úteis para se aprender e até conviver, por isso ajudam no relacionamento humano que é o que é preciso para se ser um bom médico (para além de as usar para estudar, claro).
Dificilmente uma máquina substituirá completamente o médico, porque, para além do diagnóstico da doença, é preciso perceber o que a doença está a afectar no indivíduo como um todo.
Mas podes crer que um computador fazia melhor trabalho que alguns médicos que trabalham nos serviços de urgência dos nossos hospitais :)

Tão só, um Pai disse...

IP, de facto, podemos peguntar-mo-nos em que altura da sua vida uma parte do pessoal médico deixou de ser humano. Quanto ao resto do pessoal não médico, ou seja, no resto da sociedade, já sabemos que acham que até nem devem ser humanos (salvo raras excepções), talvez porque os valores aprendidos em casa já nao são os da cidadania e os religiosos há muito que deixaram de existir em grande parte dos lares. Como a escola não faz nada por isso, perdendo-se, antes, em subjectividades e "implicidades" do castigo com explicações que ninguém percebe, a começar pelo castigo, os valores tornm-se diluídos e vazios. Mas, quando se trata da vida humana no esplendor da sua fragilidade, há muito pssoal médico que chega a ser criminoso na sua actuação. Eu sei que não são todos assim. Eu próprio o testemunhei. Mas há muitos que, noutro país, já teriam encontrado outra profissão com passagem pela prisão.

reb disse...

ts1pai, um dia tens que começar a relatar as experiências boas que já te aconteceram na vida :)

Tão só, um Pai disse...

:( ... da última vez em que fui tratado com humanidade, fui-o nos hospitais centrais de coimbra ... vê lá tu a minha sorte ... :) experiências boas, sim, quando nasceu a minha filhota, mas isso já eu escrevi algures ... quando falámos do amor de pai :) ... caraças, fizeste-me ter saudades ... mais recentemente, o almoço, o de ainda há bocado, com o meu filho ::) ... também há outras "experiências boas" mas ... enfim ... este blogue não é propriamene um diário de coisas íntimas ... :)

reb disse...

Falávamos de profissões humanas, o texto referia-se à insubstituível relação entre um doente e o seu médico, que o compreende como pessoa, para além da sua doença, cujo diagnóstico até pode ser feito em computador. Extrapolei para a relação professor/ aluno que também é, antes de ser uma relação pedagógica, uma relação humana. E o que é isso? É confiar, e permitir ao outro confiar em nós. É ser capaz de se colocar no lugar do outro. Por que razão não aprende? Há tantos factores que podem intervir, mas, para mim, o fundamental está nessa relação humana...
É por isso que um professor está sempre a aprender, não há 2 alunos iguais...assim como não há 2 doentes iguais para um médico...

Isto levou-te a desabafar a falta de confiança que tens nas escolas e hospitais. Não duvido. Há experiências negativas por todo o lado. Mas tb há as boas. Era só isso que te perguntava... :)

Margarida B. disse...

Olá Reb!

Gostei imenso do seu comentário ao meu post. Ainda mais, vindo de uma professora :) Já deve ter percebido que sou apaixonada por esses profissionais, que se entregam de corpo e alma(a maioria)na educação dos seus pupilos.Pude constatar que, infelizmente, há uma certa divisão dentro da comunidade Surda. Senti, pela primeira vez, na minha pele, o sofrimento devido às críticas mordazes que puseram no meu blog. Felizmente, ultrapassei. Apenas vinha defender, o bom-nome que as escolas fazem para todos os alunos, quer surdos, quer ouvintes. Apesar, de ainda não vigorar a lingua gestual nas escolas regulares, os Surdos nao podem culpabilizar os professores, dizendo que a escola não serviu para nada. Acho que deveriam ter uma maior consideração pelos profissionais de educação, que se esforçaram muito por eles, e digo isso, porque sei disso. Guardo excelentes recordações do meu tempo de estudante, a par de umas menos boas, mas felizmente, são poucas :)

Obrigada por ter visitado o meu blogue, e sempre que tiver dúvidas sobre lidar com alunos surdos, estou sempre à disposição!


Beijinhos, Margarida

Tão só, um Pai disse...

:( ... reb, gostei do teu último comentário, permitiu-me perceber um pouco mais de ti ... sabes, nunca ouvi uma professora falar como tu ... e tudo o que dizes, com uma sensibilidade que não te conhecia, é correcto ... mas acho que falta às nossas escolas uma grande clareza sobre o que são os valores de cidadania e, por isso, eles são praticados de forma confusa. :) é que um dos valores de cidadania é, pecisamente, a transparência ... se isto não existir, tudo o resto se torna cínico e distorcido.

Tão só, um Pai disse...

E é claro que o Abel Salazar tem toda a razão. Não acho que ponha em caausa a relação do médico com o doente. :) Apenas tomei a liberdade de o ler nas entrelinhas, como que compararando alguns dos praticantes a máquinas de diagnósticos peremptórios, apressados, como se cada doente fizesse parte duma to do list, a picar, e não a um ser complexo e humano com as suas aspirações, os seus receios e, até, traumas com que, por vezes, encaram a saúde dos filhos, já para não falar da deles.

Um lugar ao Sul disse...

É um artigo interessante, que deveria ser lido por muito médicos. A ideia com que se fica quando falamos com alguém que esteve internado durante alguns tempos num hispital (felizmente não falo por experiência própria) é que os médicos são máquinas que fazem aquelas consultas altivas de rotina, enquanto que as enfermeiras tratam da parte humana.

Nos centros de saúde percebe-se isso perfeitamente, quando vemos aquelas "velhinhas" que vivem sozinhas, sem ninguém, que vão apenas até lá para se queixarem um bocadinho ao médico, não porque estejam mal, para para terem alguém com quem falar enquanto esperam e sentirem que alguem (o médico) se preocupa com elas ao lhe receitar algo milagroso para lhes "almofadar a vida". Infelizmente os médicos são máquinas, que receitam meia dúzia de placebos e mandam-nas embora.

reb disse...

Queridos comentadores, tenho sempre medo das generalizações. Sei que mtas pessoas se queixam do atendimento médico e talvez haja, realmente, alguns médicos que se tornaram insensiveis ao sofrimento dos que os visitam, às vezes para terem com quem falar, como diz o nuno. Mas serão a maioria?
Conheço médicos fantásticos, a minha ginecologista é um exemplo, e qdo fiz a mamografia deparei com uma pessoa óptima, que falou comigo e abordou a medicina de um ponto de vista humano...
Também me chocou a campanha anti-professores que este ministério lançou na opinião publica. Senti-me taõ ofendida que não calculam. Nas escolas por onde tenho passado, sempre conheci pessoas de uma dedicação aos alunos mto grande e, se há maus professores, é pq há pessoas com menos qualidade em todas as áreas. Antes de sermos profissionais, somos humanos...

E agora, um abraço de Boas-vindas à Margarida !!!

Descobri o blog dela e escrevi um comentário para lhe demonstrar todo o meu apoio e consideração pela pessoa que é!!

Volta sempre, margarida! As tuas experiencias só podem enriquecer-nos....e espero que possamos tb dar-te alguma coisa nossa :)

Um lugar ao Sul disse...

Sim, reb, tens razão, é uma generalização que abrange injustamente muitos profissionais. E nós temos tendência a evidenciar o que existem de mau e não dar o devido valor quando as coisas correm bem. É típico, e eu não escapo também! Mas também é humano exigir de um profissional profissionalismo na sua profissão...

Bem vinda Margarida, já deu uma espreitadela pelos teus blogs, parabéns pela força! Acredito que não seja fácil, parabéns!

Tão só, um Pai disse...

:) Bom dia a todos. Já perceberam que estas áreas, da medicina e da educação, me são particularmente sensíveis. E não é caso para menos. Médicos que, supostamente deveriam iniciar as suas consultas às 9, fazem-nos às 11, quando não ao meio-dia. Casos isolados? Se assim fosse, porque há tantos dedos apontados? Porque razão o Octávio Cunha elege para tema duma crónica o da consciência social e humana do médico? Porque razão a classe médica oculta e protege os comportamentos irresponsáveis dos seus pares?
Já agora, porque é que isso também acontece entre os professores duma escola? Os alunos queixam-se de que os professores não sabem ensinar ou andam sempre a faltar, mas ninguém lhes dá ouvidos, porque ou são "crianças", ou "adolescentes mal-educados". Há escolas em que isto não são casos isolados, e ninguém faz nada para o alterar, porque o professor tem sempre razão. Os Conselhos Directivos não estão lá para punir colegas, mas sim os alunos. Que justiça há em tudo isto? Nenhuma. O sistema está ferido de irresponsabilidade e da sua ocultação.

idadedapedra disse...

tsup: irresponsabilidade há em todas as profissões... se isso lhes for permitido. Na saúde e na educação nota-se mais porque são áreas muito sensíveis para todos.
Por estúpido que seja, há muitos profissionais que só são responsáveis quando obrigados a isso. Mas isso são pessoas que não gostam do que fazem.

Estive a espreitar os blogs da Margarida. Não sei se ela aqui vai voltar mas queria dar-lhe os parabéns por ser quem é. Margarida, eu se fosse a ti, punha os comentários a terem que ser autorizados antes de serem aceites pelo blog. A vida já é difícil que chegue para ainda ter que levar com comentários mal educados.
No teu blog, Margarida, pelos comentários de outros surdos, apercebi-me duma coisa em que nunca tinha pensado. Vê lá tu... é que eu sou pediatra, tinha obrigação de estar mais atenta a estas coisas. Apercebi-me da dificuldade que um surdo tem até para escrever. Nunca tinha pensado nisso, mas é óbvio que seja assim. Parabéns Margarida!

TãoSóUmPai disse...

:) ... tens razão, IP, quando dizes "se isso lhes for permitido". Questão: porque é que o tem sido e o há-de ser?

idadedapedra disse...

ora, bolotas! porque ao que parece se não houver o fantasma do despedimento a perseguir algumas pessoas, elas não se palicam naquilo que fazem. isto só pode ser mesmo pq não gostam do que fazem

Tão só, um Pai disse...

:) ... pois eu até acho que tem a ver como os modelos organizacionais, de gestão e, concumitantemente, ou acima de tudo, com a cultura organzacional. Pois, tudo tem a ver com tudo. Talvez, por isso, não possamos estar á espera das revoluções mentais.

É preciso mudança.

reb disse...

ts1pai, como diz a IP, as profissões ligadas à saúde e à educação têm uma visibilidade social que as outras não têm. Todos precisamos de médicos e todos temos filhos na escola.
Isto faz com que a maioria das pessoas julgue entender tudo o que por lá se passa e critique a mais pequena incompetência. Eu sei lá se todos os engenheiros são bons, ou todos os canalizadores, etc..

Sobre a classe médica pouco sei, apenas os que conheço e me parecem todos conscientes, mas geralmente vou a consultas na privada.
Qto às escolas, é completamente falso isso que dizes de os prfessores terem sempre razão e os alunos nunca a terem. Pelo contrário, a ideologia dominante é a de que os meninos não devem ser castigados nem sequer reprovar de ano. ( basta leres os jornias para te aperceberes disso).
Há professores que ensinam menos bem do que outros? Não duvido. Ensinar implica tanta coisa que não tem nada de fácil. Hoje em dia ainda é mais difícil pq cada aula dura 90 minutos e a indisciplina é muito grande ( como penso que tb sabes).
Os professores faltam muito? Pergunta aos teus filhos qtas vezes faltaram os profes deles ao longo do ano. O que se passa é que, cada miúdo tem 8 ou 9 profes. Se, um dia, um deles falta, isso tem uma repercussão em 20 e tal famílias desses alunos a quem contam em casa: "o stor de física faltou". E então os pais dizem logo: "passam a vida a faltar. Ninguém pôe ordem nisto!"

A questão da aprendizagem é melindrosa, pq os filhos são a maior preocupação dos adultos e ninguém consegue assumir que, por vezes, o problema tb está do lado deles...
Em cada turma há um director de turma que tem uma hora por semana no horário livre de aulas para atendimento particular aos encarregados de educação. Se os pais aproveitassem essa hora para irem falar com os D.T. sobre os problemas que o filho está a ter, talvez em conjunto se pudesse encontrar caminhos para facilitar a vida dos garotos...
A família e a escola devem dar as mãos para ajudar os miúdos...a pior coisa que se pode fazer é cada um puxar para seu lado, criticando o outro...

Tão só, um Pai disse...

:) REB, tens razão, a saúde e a escola estão debaixo do olho dos pais, que têm o direito de exigir responsabilidades, como a eles lhe são exigidos no seu dia a dia, sem apelo nem agravo. Tal como o exigem à EDP, às Finanças, ao hipermercado onde fazem as suas compras, e por aí adiante.

O que é ou deixa de ser nos outros lados, não me interessa. O importante é eu ver desmazelo, indifenrença, onde vejo, que me prejudica e aos meus filhos, e ninguém fazer nada quer para o corrigir, quer para o responsabilizar. No dia em que houver, também, responsabilização e esta for levada às últimas consequências para todos os envolvidos, acaba o laissez faire e o encobrimento cúmplice.

Há 2 ou 3 anos, a professora de matemática da turma do meu filho era uma senhora que estava á beira da reforma. Passemos ao resultado: nunca mais aquela turma teve alunos de jeito a matemática e 2/3 deles resolveram mudar para humanidades. Os pais reclamaram e o CD disse que não podia fazer nada. Porque é que ninguém foi responsabilizado, a começar pelo CD? Porque é que o CD não é responsabilizável? O facto de todos os outros professores fazerem bem o seu trabalho nao implica a desresponsabilização de um único, quando o mau trabalho compromete o futuro dos nossos filhos. Nem implica a desresponsabilização de quem os gere e encobre. Quanto julgam tu que esta situação tem, desde então, custado em explicações? Quem paga os sacrifícios feitos por quem, hoje, tem de pagar, ou seja, os pais? Há que haver responsabilidade e responsabiliação, a todos, mas a todos os níveis. É o mínimo. É assim em todo o lado. Numa empresa, é assim, não pode ser de outra maneira. Basta um erro para ruir ou a rentabilidade, ou a credibilidade e ter o seu futuro hipotecado. Na cidadania, a escola e o hospital não são e nem se admite que possam ser diferentes.

Na escola dos meus filhos não coonheço um único caso em que os professores, em frente aos pais, tenham ouvido as suas críticas, exigências e sido obrigados a justificar-se. Não há, porque têm o tampão da DT. Para quê? Porquê? Porque não vão os professores prevaricadores justificar-se perante os pais? Porque não são alvo de inquéritos à sua competência ou desmazelo? Porquê?

Um lugar ao Sul disse...

Eu subscrevo o ts1p.

Em todas as profissões temos exigências mínimas, tempos pessoas altamente competentes, pessoas competentes e aquelas que à mínima oportunidade vão para a rua porque definitivamente não nasceram para aquilo.

A diferença é que no sector privado nós podemos gratificar quem realmente se esforça, e quem é incompetente podemos castigar (podendo mesmo despedir com as devidas justificações) isto provoca uma competitividade no sector que leva a aumentos de eficiência.

No sector público nada disso acontece, as promoções por anos de carreira, sem grandes exigências de qualidade dos serviços prestados. A falta de incentivos de valorização do trabalho realizado leva a que as pessoas não se sintam motivadas, e a inoperância perante casos de incompetência leva a que se nivele por baixo a qualidade do servido. Só pessoas com grande força de vontade e dedicação conseguem resistir a este ambiente (e por vezes são mal-vistos pelos colegas, pois tendo alguém a trabalhar com eficiência faz notar a incompetências dos outros).

Eu ainda à bem pouco tempo era aluno e tenho conhecimento do que se passa nas escolas por pessoas próximas que ainda lá andam. O que se passa não é como já se disse aqui, que são muitos professores, e se faltar um de cada disciplina parecem muitos. O que se passa é que há professores que faltam sistematicamente e nada é feito para evitar. O que o ts1p disse é pura verdade, como é que o CD pode fechar os olhos a isto? Porque os colegas de profissão não vai estar a arranjar chatices com outro colega. Se ficar quietinho ganha o mesmo, nada lhe acontece, não passa por mau da fita nem arranja chatices.

reb disse...

Engraçado: temos aqui 2 jovens a falar de escola: a margarida e o nuno. Ambos estudaram na escola oficial ( julgo eu) e ambos têm visões completamente opostas. As minhas filhas sempre estudaram no oficial , bem como todos os meus sobrinhos e os filhos das minhas amigas. Nunca ouvi queixas nem generalizações destas.
A ideia que algumas pessoas têm é que, sem o "chicote", ninguém é responsável. Permitam-me discordar. Tenho pela vida fora conhecido mtos optimos profissionais para quem, a recompensa do seu trabalho se traduz em alunos bem-preparados e satisfeitos. Estranho? Para mim é normal, sempre foi assim, com raras, mas mesmo raras excepções.
Não gosto de dizer que eu é que sou boa e os meus colegas não prestam. Somos, de facto, muito diferentes, mas todos se interessam pelos alunos. Relativamente ás faltas, gostaria que o nuno fizesse um estudo estatístico. Podia escolher uma amostra de 2 escolas do norte, 2 do centro, 2 do sul. Depois era só ver os nºs.

ts1pai: é engraçado que, de todas as professoras que o teu filho teve na vida, só te lembres de uma para apontar o dedo. A má experiencia fez-te esquecer as outras todas??

Qto ao caso que relatas: ao que parece uma professora de matemática não ensinava bem. Poucos conhecimentos cientificos? Dificuldade em impor a disciplina para que todos a ouvissem?
Se a situação fosse realmente grave, terias muitas possibilidades de intervir. A 1ª seria falar com D.T; a 2ª seria aproveitares as reuniões de pais( com D.T.) e, em conjunto exporem a questão. Como é evidente, na reunião a D.T. não faria complot convosco a dizer mal da colega. Mas, certamente, iria tomar as medidas necessárias. A 3ª seria escreverem e assinarem os pais dessa turma, uma queixa e apresentar ao conselho exectutivo. Nesses casos, é pedida uma inspecção que irá fiscalizar o trabalho dessa senhora.

Há uns anos, uma das minhas filhas teve uma professora de português novinha com conhecimentos pouco solidos. Apareciam alguns erros ns cadernos. Na 1ª reunião de pais do 2º periodo ( principios de janeiro) todos os pais falaram desse assunto. O grupo de portugues da escola reuniu e a professora foi substituida pela delegada de portugues. O processo demorou uma semana.

E ficamos por aqui nesta discussão, pq, de há 2 anos para cá, desde que se começou a denegrir, nos orgaos de comunicação social, a imagem dos professores, tenho lido e ouvido coisas que nunca pensei ouvir e ler. Generalizações patéticas, como se esta fosse uma profissão de pessoas pouco dignas e pouco responsaveis...
Felizmente tb tenho lido muitos textos de apoio e indignação contra esta "onda", o melhor dos quais foi de uma mãe de 4 filhos que terminava o texto dizendo: "bem-hajam por tudo o que fizeram pelos meus filhos!"...

ZIB disse...

Fazendo um pouco de advogado do diabo, gostava que dizer que acho que todos têm razão, porque todos estão a falar de experiências pessoais.
Claro que não se pode generalizar, porque em todas as profissões há bons e maus profissionais. Claro que as pessoas que exercem uma profissão que não gostam, têm mais tendência a “desleixar” e acabar não produzindo o que deveriam. Claro que as pessoas que não são motivadas, valorizadas, promovidas nos seus trabalhos, ou que não têm um patrão visível (caso dos funcionários públicos), também não dão o seu melhor. E porquê trabalhar mais se lhes pagam o mesmo trabalhando de “nine to five”, se não lhe valoram o trabalho ou as condições de trabalho são desmotivadoras e ainda por cima não há promoções na carreira? Porquê meter-se em problemas com os da sua classe indo contra eles se não ganham nada com isso, se é com eles que têm que continuar a conviver e algum dia podem encontrar-se na mesma situação (caso dos médicos, dos CD)? Claro que é injusto para os “utentes”, mas creio que posso compreender que há pessoas (umas mais que outras, dependendo da consciência de cada um, claro), que necessitam ter boas condições de trabalho e sentir que alguém valora/aprecia o seu trabalho, ou então não funcionam.
E também é verdade que há profissões mais “problemáticas”, para as quais há mais sensibilidade por parte da sociedade (caso dos médicos e dos professores), onde basta um caso de mau profissionalismo para ser passado rapidamente de boca em boca e acabar generalizando-se e acusando toda uma classe. Mas eu tenho muito respeito por médicos e professores, os verdadeiros profissionais, claro, porque são profissões quase religiões onde, mais que qualquer outra profissão, é preciso ter nascido para isso, é preciso dar tudo por tudo, estudando e envolvendo-se toda a vida com doentes ou alunos, ou então, acredito, não podem ser bons profissionais.

Um lugar ao Sul disse...

reb, eu já deixei a "escolinha", já acabei o meu curso e já entrei no mercado de trabalho. Felizmente tive bons professores, mas também os tive muito mais, e tive professores que simplesmente fizeram o seu trabalho, isto é, transmitiram-me o conhecimento que o ministério da educação lhes mandava. Há professores que ainda hoje encontro na rua e fala com eles, alguns deles marcaram-me pela sua dedicação. Mas tive professores muito maus, que faltavam imenso, que as suas aulas não se extraia nada, que não cativavam os alunos que, pelo desleixe que provocaram nos alunos levaram-nos a desinteressar-se pelos estudos ou não os prepararam o suficiente para depois, no secundário acabarem por desistir.

Felizmente eu sempre fui imune a isso, porque era bom aluno, estabelecia metas para mim mesmo muito superiores aquilo que me exigiam na escola, e porque tive uns pais que me incentivavam. Não digas que não existem maus professores nas escolas portuguesas, porque existem, porque eu tive-os.

reb disse...

Não digo que não existem. Existem maus profissionais em todas as áreas. Simplesmente por isto: antes de sermos profissionais somos pessoas e, como pessoas, não somos todos mto competentes...

O que me indigna é a propaganda anti-prof que este ministério lançou que levou a que mtas pesosas que só sabem o que se passa através de telejornais, elevassem a voz contra uma classe inteira, apelidando-os de "baldas" etc...o que é profundamente injusto!!

Todos tivemos muitos professores na vida, gostámos mais de alguns que de outros, mas se chegámos onde chegámos, foi, seguramente, tb pelo esforço e dedicação de muitos mestres que tivemos.
Por isso, não sejamos ingratos e não tenhamos tendência para recordar apenas os maus exemplos...

Imagina que eu, enqto professora generalizava em relação a todos os alunos que já me passaram pelas mãos!!
Os alunos tb são pessoas ( embora ainda em formação) e, embora haja muitos indisciplinados, não posso dizer que todos o são, nem sequer a maioria!

Um lugar ao Sul disse...

reb, se há classe que as pessoas falam não pelo que vêm na tv, mas pelo que sentem no dia-à-dia, é dos professores. São das classes mais expostas, e das quais mais se exige. Os professores têm de entender que aquela era do antigamente, de serem reis e senhores já acabou, hoje são uma classe que presta um serviço público importantíssimo, e como tal têm uma responsabilidade acrescida. Têm de saber lidar e trabalhar com esse peso sobre os ombros.

reb disse...

O que tu desconheces é que tudo o que tem a ver com politicas educativas é definido pelo ministério da educação. São eles que decidem os programas, os curriculos, a carga horaria atribuida a cada disciplina, as leis sobre problemas disciplinares ou sobre passagens e reporvações, etc...
Não, os professores não são reis e senhores...apenas tentam fazer o seu melhor com as condições que têm...

Um lugar ao Sul disse...

Os professores são capazes de ser a profissão que mais greves fazem, sempre a reivindicar direitos para si, nunca em tais exigências ouvi falar nos alunos.

E quanto a programas escolares, nunca tive um único professor (salvo às cadeiras que tinha exame nacional) a cumprir o programa completo.

anokas disse...

Ser um bom médico não é só saber localizar e diagnosticar uma doença e medicar.
È saber o que está por de traz da doença.O Porquê, e o que se pode fazer encontrar a origem. O que se têm que mudar na vida da pessoa.
È encontrar as causas e não as consequências, para acabar de vez com o problema.
EX: Se eu for ao médico queixar-me de dores no estômago vão tratar do estômago mas não a causa se a causa for um problema de nervos que me corroi o estomago. Por isso os sintoma vão persistir. Mesmo que se consiga ir à causa do problema nervoso têm que se encontrar a razão deste e saber como tratá-lo e fazer com que nunca mais volte.

È assim também com quem têm alguma autoridade em alguma materia, por exemplo um bom professor devia ter a capacidade de ajudar o aluno a encontrar a causa das suas dificuldades e encontrar soluções para que estas não persistam.

EMPATIA é ter a capacidade de SE PÔR NO LUGAR DE ALGUÉM e SENTIR o que esee alguém sente para isso é preciso ter experiências de vida, sensibilidade, solidariedade e acima de tudo gosto pela profissão.

Tão só, um Pai disse...

Nuno, tens razão em tudo. De facto, a resposabilização deve sê-lo pelo mau e pelo bom trabalho. O problema está em que o "bom", para ser recompensado, tem que ser definido em termos de competências pedagógicas e técnicas, e por uma avaliação sistemática da sua correcta aplicação e resultados. Só que os professores, no seu corporativismo, recusam-se a expor a estes processos, a serem avaliados pelos seus clientes e nós sabemos porquê.

REB, falei-te de um caso. Lê-o bem, está lá tudo, desde a DT até ao CD. Posso dar-te mais uns quantos. Quanto à mudança de professores, o próprio sistema se encarrega de proteger os do quadro, e não valoriza a competência de quem anda por aí temporário, de escola em escola. Como o de uma senhora formada em contabilidade que foi dar aulas de economia, de que nao percebia patavina. Copiava o livro para o quadro. Pois, só que livro tinha erros de bradar aos céus, mas ela não percebia nada de nada. Questão: como é que uma pessoa que não percebe nada de economia dá aulas da dita? Como é que uma escola seleciona um livro de econonia? É para isso que as escolas querem autonomia e serem geridas pelos próprios professores? Discordo. A gestão das escolas deve ser profissionalizada e supervisionada pelos pais, que para isso deveriam ser pagos, em vez de ser entregue a um CD constituído por "colegas". Falas de políticas educativas e da denegrição da imagem dos professores pelos sucessivos governos. Rapariga, chutar para o lado é não querer ver que há um problema. E que este está na natureza corporativa do corpo docente e na forma como o sistema é gerido em torno dele. Quase todos nos queixamos de ganhar pouco. No entanto, na privada, temos duas alternativas: ou saímos para ganhar melhor noutro sítio, ou ficamos e damos ao litro porque, mesmo ganhando pouco, dependemos da sobrevivência da organização em que estamos para ganhar esse pouco, cerramos fileiras e ignoramos se o director A ou B tem este ou aquele carro. O que interessa é saber se ele é, ou não, um bom director e guia a empresa entre os escolhos das dificuldades dum mercado cada vez mais difícil e em que a concorrência é de morte. E aqui não há diuturnidades nem melhorias salarias com a antiguidade, nem reduções de horário pelos anos de serviço. Mas há e sempre a responsabilzação. Também há o prémio, cada vez mais simbólico, que por vezes dá direito ao aumento das responsabilidades e que em nada é acompanhado pelo aumento do rendimento líquido. A vida é dura, e nela já não há lugar para o encobrimento da incompetência e do laissez faire. Acabou. E ai do governo que não mexa nisto, ai do governo que não ponha isto no seu programa. Tudo o resto pode andar mal, mas o que mexe com os futuro da vida dos nossos filhos é que não, somos exigentes e vamos até ás últimas consequências. Os professores podem fazer as greves que quiserem, podem fazer as grandes manifestações que quiserem, mas não impedirão que se mude o sistema e as regalias, e alinharem pelo que se exige em transparência e responsabilização. Isto vai mudar porque, se não mudar, muda o governo. É que quando os governos mexem numa classe poderosa como a dos professores, fazem-no por sentirem legitimidade para isso, que lhes é dada pela opinião pública, a dos seus eleitores.

idadedapedra disse...

Pois olhem, eu como pediatra, estou zangada com o que tenho visto nos últimos dias.
não tem muito a ver com a discussão dos bons ou maus profs...
De há uma semana para cá que ando a ver meninos de 9-10 anos doentes, com queixas muito inespecíficas.
Ora quando a doença não é muito óbvia, a gente tem que tentar perceber o que está por trás daquelas queixas. E sim, percebi que esses meninos andam no 4º ano (4ª classe portanto, ou seja, são crinças pequenas) e agora estão em época d eprovas de aferição. Ora foi-lhes dito que aquilo não conta para a nota, mas que conta para a avaliação dos profs e por isso estes explicaram-lhes que embora não conte para a nota, as notas vão ficar afixados e toda a gente vai ver que o aluno A ou B teve muito má nota e isso é muito feio e etc e tal. Bom, a carga de stress que provocaram nos putos fez com que os asmáticos entrassem em crise, meninas desmaiassem, outros tenham febre sem qualquer outra razão aparente... não dormem, andam com olheiras até ao chão.
Mas que raio andamos a fazer aos nossos putos? é suposto entrar no mundo do stress do trabalho aos 9-10 anos? os gajos não têm estrutura mental para isso. Mas que merda é esta?
Tou mesmo zangada com isto, fóniz!!!!

idadedapedra disse...

Quanto aos bons e maus profissionais... bem, aqui os médicos é diferente, se trabalham por conta própria. tenho colegas que não sabem a ponta dum chavelho, que fazem asneiras a torto e a direito, mas que como são muito simpáticas com as mães e meninos e que de cada vez que eles têm febre, lhes receitam logo um antibiótico de largo espectro que mata tudo e um par de botas, menos o vírus que é o agente que mais frequentemente lá se encontra... mas que como a doença ía passar sozinha na mesma, os pais acham que é do antibiótico e que a médica é muito boa e pronto, são grandes nomes do mercado...
Eu hoje estou mesmo zangada :) É que vou na 3ª urgência de 14h de trabalho desta semana e tenho visto tanta asneira que fico com os cabelos em pé...

Tão só, um Pai disse...

IP, também não percebo isso, nós tinhamos testes e não andávamos nesse stress. Se não passássemos no exame, chumbávamos ... sem stress ... Aí anda coisa.

TãoSóUmPai disse...

:( ... pois ... e explicar isso ...

TãoSóUmPai disse...

:) ... olha, faz como a outra, é xanax e prozac pra cima dos putos ... :)

reb disse...

teste

reb disse...

começo a ficar farta das raivas do ts1pai!
Volto a dizer que este é um blog de ideias e que, para debatermos, é necessário termos serenidade e respeito pelas opiniões alheias.
O ts1pai é muito parcial nas observações que faz, sobretudo pq as vê sempre de um prisma emocional e pessoal. A raiva contra os professores ( noutros posts era contra outras coisas) tem que ver com insatisfação relativamente á vida académica dos filhos. E generaliza, acusando toda uma classe de corporativismo. Esta é uma classe que nem tem uma Ordem que a represente.
Não sabe o que se passa, nem tem a humildade de querer saber por parte de quem está no terreno.
Ora acontece que eu sou professora, e um mínimo de sensibilidade é necessária para não me agredir.
Se está interessado em extravasar a sua raiva contra os profs, crie o seu blog pessoal. Não vai ser no meu, com certeza, que aliviará tanto ódio!


Anokas, que sejas bem-vinda!
O teu comentário é interessante e enquadra-se no tema deste post :)

Tão só, um Pai disse...

Ó REB, não compreendo o teu comentário.
Estás a tomar o que digo como um ataque pessoal, quando o que ponho em causa é o encobrimento da irresponsabilização pela própria classe que, quer o queiras, quer não, existe, no que a ponho em causa, bem como ao que, na minha opinião, a isso conduz. Isso há em mais sítios? Pois há. Mas, nesses sítios, salvo raras excepções, não está em causa quer a formação para a cidadania, quer o futuro e o bem-estar dos meus filhos.
Lamento que te sintas atingida, mas quanto a isso não posso fazer nada. Alternativamente, até poderia concordar contigo em tudo, mas não o faço. E ponho muitas coisas em caus, sem apontar nomes ou escolas. Não ando numa caça ás bruxas. Antes, confronto uma classe, a dos professores. A começar pelo actual modelo de gestão das escolas pela classe. Uma classe que se queixa muito, mas que não mais faz do que contribuir para o status quo em tudo. Uma classe que se queixa muito, mas que usufrui de benesses que fazem pasmar qualquer um no sector privado, exceptuando os trabalhadores mais antigos de algumas empresas anteriormente nacionalizadas que, mesmo assim, as têm vindo a perder porque são insustentáveis.
Uma classe que, se não pegar nas próprias rédeas da mudança, com todos os outros interessados, nomeadamente os pais, outro alguém, bem ou mal, se encarregará de o fazer. Quando as coisas não mudam de dentro para fora, mudam de fora para dentro. As leis e os tais direitos adquiridos mudam-se. Porque há problemas, e dos graves. Há muito laissez-faire, nas escolas e no ministério. No dia em que isso mudar, serão os pais a exigir, até, outra autonomia para a escola e a eleger os seu corpos directivos. O modelo alternativo até poderá ser, também, o do velho reitor todo poderoso, mas responsabilizado. O mais estranho é o de o actual modelo de gestão das escolas, com as devidas adaptações, até funcionar razoavelmente em algumas faculdades públicas. Se calhar, porque aqui o grau de exigência, de controle e avaliação dos resultados e competências é muito superior, pese embora as lutas instestinas, políticas e outras, que minam a nossa sociedade, reflectindo-se isso na gestão das universidades. Seja como for, nesse dia, em que houver mudança, podes acreditar que os funcionários burocratas profissionais do ministério vão dar lugar a pedagogos e a técnicos competentes, e sê-lo-ão no terreno. Agora, como as coisas estão, não funciona. Sei que não concordas, achas que o que corre mal são casos isolados, e eu acho que são o que consideras casos isolados, que logo por azar são aqueles que me tocam, os que apontam para a falta de razão dos professors, no que se queixam e no que propôem, porque não podem propôr nada contra si. Falta de dinheiro e desmotivação há em todo o lado, principalmente nos sítios em que as pessoas não têm de lutar, no seu dia a dia, para terem um futuro assegurado, e há sempre alguém acima ou ao lado para culpar.
Tudo bem, dizes que são alguns que não estão à altura. Pois a ideia é a de o sistema conter mecanismos transparentes e não discriminadores, com poderes de decisão imparciais e não contemporizadores, para que esses que ñão estão á altura ou saiam ou sejam reafectados dentro do sistema.
Uma coisa é certa. Não é a classe que o fará.
Alguém, eu, está dizer-te, se quiseres ouvir ou ler, que o modelo actual de gestão das escolas protege quem não deve e fomenta a irresponsabilização. Consideras isto um ataque de "raiva pessoal"? Então, nada poderá ser dito que não seja classificado como tal. Uma coisa, é certa. Não pessoalizei nada. Não concordas com o que digo? Tudo bem, não concordes. Mas exemplos de perversidade dentro do sistema há muitos, provavelmente são melhor detectados por quem está de fora, e nao é por haver bons exemplos que nos deveremos encolher e não apontar o dedo aos maus e exigir a correcção do que lhe está na raiz, já que o sistema, pela sua natureza, não se auto-regula e nem se auto-corrige. O que farias tu, se estivesses deste lado? Nesta sociedade, a maioria de nós são bons cidadãos e contam-se pelos dedos, enfim, em percentagem, os que são ladrões mas, não é por esse facto que não se averigua a verdade e, se necessário, são os culpados julgados e presos. Certo? Agora, o que não fará sentido, é o de serem os criminosos deste país, policiados e julgados pelos "colegas". Ou faz? No mínimo, as escolas devem possuir um organismo autónomo e independente da "classe", que receba as queixas, as investigue e sobre as quais exija aos actuais CD's imediata acção correctiva. Se assim não fôr, lá teremos os "colegas" geridos por outros "colegas", o que, no mínimo, é de duvidosa ética. Caso contrário, e aplicando-se a regulação inter-pares a todas as esferas da sociedade, configura-se, potencialmente, uma situação como a vivida durante a lei seca nos EUA. É isso que queres para nós? Por certo que não, como também eu não o quero em parte alguma da sociedade.
Por isso, as escolas não podem ser "cooperativas" de professores. Há gente empenhada e sacrificada? Há. E depois? Essas pessoas são competentes? Nem sempre. Por vezes, fazer o melhor que se pode não é o que se deve fazer. Muitas vezes é inventar, improvisar mal ou fazer o que não se deve. Eu sou pelo fim da gestão das escolas pelos próprios professores. Eu sou pelo fim dos sacrificados. Os empenhados nunca se sentem sacrificados.

Há outra coisa que ainda não entendi. Em primeiro lugar, quem elabora e decide a aprovação dos programas? Depois, por que carga de água são as escolas, geridas pelos professores, a decidirem os livros que os alunos compram? Apenas fará sentido que os elaboradores e decisores sobre as matérias e programas sejam, também, os que determinem a bibliografia. Com que critérios são, dentro duma escola, os livros avaliados e selecionados? No que é tido em conta o que as universidades de topo, públicas e privadas, exigem? Há demasiadas perguntas sem respostas e, quando assim é, algo tem de, e vai mudar. Já agora, uma coisa é a raiva, cega, muda e surda. Pelo menos não sou mudo. E, salvo erro, todos temos o direito à indignação. Ou não?

reb disse...

Tu és uma pessoa que está zangado com tudo. Não te apercebes disso, mas qq pessoa que lesse os teus comentários, em vários topicos e sobre vários temas, se aperceberia . As tuas críticas são destrutivas e carregadas de ódio.
Uma das que mais me chocou foi a do dia da mãe...mas há muitas em vários posts. Aqui atacas sem apelo nem agravo todos os professores e a gestão escolar, etc....coisas sobre as quais não estás informado, a não ser através de uma ou outra experiencia menos boa dos teus filhos.
E não ouves ninguém, não queres saber de mais nada...queres apenas extravasar a tua raiva/ revolta.
Mas devias começas a pensar pq razão tens tanta raiva dentro de ti...

Agora volto a lembrar-te o que já te disse: este não é um blog de projecções emocionais!
Ninguém vem aqui para se irritar com o que lê. ALIÁS o objectivo é exactamente o oposto: confrontar ideias sobre temas numa perspectiva de interdisciplinariedade e com o intuito de nos enriquecermos em conjunto.
Se tens necessidade de revelar sistematicamente a tua indignação, por favor abstem-te de comentar no meu blog!

Tão só, um Pai disse...

Claro. De acordo. É claro que me abstenho. :) Afinal, é o teu blog. Já agora, gostava de dissesses o que pensas estar mal nas escolas e no ensino secundário, em geral. Bem como o que achas que, quanto a isso, possa ser feito. Claro está, de forma positiva, ou seja, propondo algo de concreto na mudança, a haver alguma. Garanto-te que o lerei, mas não o comentarei, pelo que disse acima.

idadedapedra disse...

Hum... isto está bravo por aqui...
Este é um tema que eu sei que tu és hiperssensível, Reb. E por isso estás a hipervalorizar a coisa.
Já te ouvi dizer que te desmanchavas a rir com os comentários do ts1p... e que sentias falta dos comentários dele.
O Nuno diz exactamente o mesmo que ele, são opiniões... é este tema que te magoa.
Tem calma Reb, não desperdices os teus comentadores por causa deste tema. No do dia da mãe não o convidaste a abster-se de comentar. Ele tem ideias fixas... mas isso tb os outros todos que aqui comentam :)

reb disse...

Sim, tenho várias ideias sobre o que deveria ser feito para melhorar a educação neste país. Tenho enviado várias cartas para jornais e algumas foram publicadas. Se conseguires ter acesso ao D.n. de domingo passado, na pág.9 está uma carta minha com o título: reformas na educação!

Aqui, prefiro falar de outras coisas, até pq quero espairecer dos problemas da escola.
Criei este blog para abordar mil e uma outras coisas q tb me interessam. Sobre educação já escrevi que baste, incluisve troco emails com o Daniel sampaio que é uma pessoa informada sobre o assunto.

reb disse...

IP, eu já o tinha avisado noutras situações, mas o tom de crítica continua e eu não criei um blog para isto. Quero que seja estimulante e não irritante!
Estou farta de ouvir pessoas falarem de cor daquilo que não conhecem. Aqui, neste blog não quero que isso aconteça.
Cada um tem as suas ideias mas há maneira de as debater, sem projecções emotivas e irracionais...

Não sei se não terá sido por coisas destas que o harumi desapareceu...
adelante, os temas não vão parar :)

idadedapedra disse...

alguém criticou o harumi nalguma coisa? Não me lembro mas vou perguntar-lhe.
O que eu acho é que inibes as pessoas de comentar com reacções dessas. Mas tu lá sabes, o blog é teu realmente.

Um lugar ao Sul disse...

Reb, eu em parte concordo com o ts1p, existem coisas que estão mal, existe inoperância no sistema, estão montes de coisas más. Claro que nem todos os professores são maus professores, e as pessoas têm tendência a generalizar e com isso dizem injustiças. É um raciocínio errado, mas isso não invalida a sua opinião sobre o tema!

Eu penso que o objectivo do blog é mesmo este, discutir diversos temas com pessoas com opiniões diferentes, é por isso que este blog é rico e isso cativou-me. Se convidas todas as pessoas com opiniões diferentes (ou porque se explicaram mal, ou porque têm o coração na boca, ou outro motivo) acabas por ficar com as pessoas que apenas têm ideias iguais às tuas, e com ideias não à discussão. E as que ficam, quando têm uma opinião diferente têm receio de comentar para não ferir susceptibilidades.

Compreendo que o assunto te seja sensível, porque vives com o coração, e o "ataque" aos professores levas-lo como se fosse a ti. A nós acabamos por ver as coisas de fora, com algum distanciamento emocional, mas também com as dificuldades inerentes a isso (não conhecimento total do sistema). E esta discussão devia nos ajudar de ambos os lados, permitir-te perceber a opinião do exterior e tu dizer-nos como se passa no seu interior.

Penso que estas a ser precipitada reb!

reb disse...

Leste com atenção o comentário do ts1pai sobre professores?
só faltou dizer que eram todos uns filhos da....
Sendo eu professora, achei de uma falta de delicadeza total!

Todos os comentários são bem-vindos desde que haja uma base de respeito e educação.
Este blog só faz sentido entre pessoas que queiram acrescentar alguma coisa e nunca num bota-abaixo raivoso.

reb disse...

nuno, eu sou a 1ª pessoa a dizer que o sistema educativo português não serve. Tenho, incluisve, ideias sobre mudanças que consideraria indispensáveis. Como já aqui disse, já escrevi e debati muito essas ideias e, se achasse que aqui alguém estava disposto a ouvir-me, era capaz de voltar a escrever sobre o assunto.
Sabes, até há 2 anos a esta parte, a minha profissão era considerada e respeitada. Entretanto a minha ministra da educação resolveu que queria mudar coisas, para que não estivessemos na cauda da europa como estamos. E a 1ª coisa que ela fez foi dizer que os resposaveis pelo insucesso eram os professores( saía mais barato encontrar a causa aí). Cheguei a ouvi-la dizer na televisão esta frase incrível: os professores não se preocupam com o sucesso dos seus alunos!
Nessa altura, a opinião publica começou a atacar-nos e desrespeitar-nos de uma forma horrivel.
Cartas com conteúdo identico ao texto do ts1pai apareciam na net todos os dias.
E, no entanto, nada de mais injusto.
As politicas educativas sempre foram decididas no ministerios pelos sucessivos governos. Com muitas delas ninguém no terreno concorda, de absurdas que são. Mas, como somos funcionarios do estado, obedecemos às ordens.
Entretanto, pessoas conscientes do que se estava a passar, escreveram e foram elucidando a opinião publica. Houve um volte-face.
Muito te poderia eu contar sobre o que os professores fazem pelos seus alunos dos bairros degradados. Podia até dizer-te que não sei se aguentarias dar aulas nos dias de hoje ( tal é a crise social e familiar que afecta principalmente os jovens)...
Por isso, não é no meu blog que vou aceitar comentários odiosos e generalizaçoes sobre a classe docente. Não aceito! Podem colocar-me questões a que eu posso responder. Afinal, de todos os que aqui escrevem normalmente, sou a única que vive numa escola todos os dias.
Ideias sobre mudanças no ensino, claro que tenho. Passamos a vida, nas escolas a falar destas coisas...
se fosse possivel fazer isto...fazer aquilo...

Um lugar ao Sul disse...

reb, li e em parte concordo. Está escrito num tom um pouco provocador, e isso pode magoar. Fala de casos que existem (não são a maioria, mas só o facto de existirem já se torna assustador e têm de ser combatidos), não os podemos ocultar, temos de falar abertamente sobre eles, assumir que existem e combate-los.

Os professores são das classes profissionais que mais direitos adquiridos têm. Sei que são direitos "adquiridos" e que isso podia legitimar a sua manutenção, mas numa sociedade justa quando não podemos oferecer essas benesses a toda a gente devemos poderá-las. Queres exemplos? Para começar o sistema ADSE (para todos os funcionários públicos) que descontam uma ninharia do ordenado, não é autosustentado pelos seus utentes e por isso obrigam o cidadão comum a suporta-lo sem nada usufruir. Os professores obtêm a reforma após 36 anos de contribuições quando um trabalhador do privado tem de ter 65 anos (quando há gente que começou aos 15, são 50 anos de contribuições, e as reformas que obtêm disso são miseráveis), um funcionário público trabalha 35 horas semanais (um do privado 40), mas os professores têm menos horas porque o resto das horas, dizem, é para preparar as aulas. Se um professor no inicio de carreira perde imenso tempo a preparar as suas aulas (eu também por vezes trago trabalho para casa e ninguém me paga mais por isso) ao fim de algum tempo as aulas acabam por ser repetir os apontamentos de anos anteriores (tive professores que os seus apontamentos era em folhas já tão velhas que mal se viam), se há alguns professores que usam essas horas para realmente actualizar e estudar novos métodos de ensino, outros não, e todos conhecemos casos desses. Quando ouvimos falar de avaliação dos professores (a única forma de garantires uma qualidade mínima) saem todos à rua a dizer que vamos destruir o ensino, como queres que o cidadão comum perceba isto? Era a mesma coisa que deixar de fazer testes, e os alunos passavam de ano automaticamente.

Espero que depois de te expor a minha opinião, que vai contra a tua, não me convides também a sair.

reb disse...

Pois, essas são as opiniões de quem não sabe o que se passa. Apontamentos de um ano para o outro? Só se for na universidade.
No ensino básico, onde lecciono, nunca usei sequer o mesmo teste 2 anos seguidos. Nunca na minha vida de professora!!
A reforma como deves saber é agora igual à de toda a gente: 65 anos. Não contesto. Temo apenas não ter força para aguentar os miudos qdo tiver essa idade...mas logo se vê.
De facto, os porfessores têm um horário lectivo menor do que os outros. Mas sabes porquê? porque é humanamnete impossivel dar 8 horas de aulas por dia. Se experimentasses, davas-me razão.
Sabes, há alguns profes da tua idade na minha escola e, curiosamente, são os mais estafados. Somos nós que os consolamos. Não conseguem controlar os miudos naquelas aulas de 90 minutos. Hoje em dia cada aula dura 1 hora e meia e, ou tens um pulso de ferro, ou eles dão-te cabo do juizo. Tornou-se uma profissão estafante! Ninguém a quer e chegará o dia em que haverá deficit de professores.

Qto à manifestação de que falas e onde estive ( eram 100 000 profs) quem te disse que não queriam ser avaliados??? Leste onde??
O que rejeitamos é este modelo de avaliação, que tu não conheces. O ministério não tinha como encontrar avalidores d eprofessores( isso custa dinheiro. É preciso dar formaçao). Então inventaram uma coisa: abriram concurso para profes titulares. Concorremos. só passavam a titulares os profes que tinham desempnhado cargos na escola ´nos ultimos 7 anos ( nem um só item para aulas). Passaram a titulares as pessoas que, nesses 7 ultimos anos, eram os coordenadores das disicplinas ( cargo esse que sempre foi rotativo). São esses titulares, que não têm mais formação que os outros, que são obrigados a assistir a aulas dos colegas e dar-lhes notas.
Foi contra isto que nos insurgimos, por não ter paralelo com nenhuma outra profissão nem com nenhum outroa país. Há colegas menos qualificados a avaliarem outros com mais qualificações. A arbitrariedade dos ultimos 7 anos colocou questões tão ridiculas como esta: eu fui coordenadora de linguas antes deste periodo a que se refere o concurso, uma colega minha sucedeu-me ( cargos rotativos)...agora ela tem que me avaliar, se fosse há 8 anos era eu que a avaliava...
OLha, trabalho de casa tenho todos os fins de semana. Amanhã tenho reunião para ir receber os exames de 6º ano de outras escolas e corrigir ( o ano passado deram-me 60 provas). Mas continuo a dar aulas na mesma, a fazer testes aos meus miudos a classificá-los...
os proximos fins de semana são de trabalho...

Tudo isto ( em especial dar aulas a turmas muito dificeis), se aguentaria se houvesse reconhecimento social. Aquilo que dizem qdo não sabem do que estão a falar é que me irrita!

Felizmente, os miudos reconhecem o nosso esforço e empenho e , qdo se portam mal, a seguir vêm pedir desculpa.
E sabes uma coisa, eu adoro a minha profissão. Não a trocava por nenhuma outra. Adoro esninar, vê-los a crescer, a mudar, ganhar a confiança deles e receber abracinhos nos recreios. :)

anokas disse...

Reb Este Blog é sensasional nas suas críticas e já mereceu a atenção do Ministério da Educação.

http://semrede.blogs.sapo.pt/

reb disse...

Obrigada, anokas.
Amanhã vou ver.
agora vou dormir!
boa noite a todos ***

harumi disse...

Os homens da IBM tanto andaram, tanto andaram, que conseguiram ultrapassar aquilo que se dizia ser, no mundo do xadrêz, inultrapassável, ou seja, a vantagem do ser humano em relação à máquina, por possuir um dado que a máquina não possui: "intuição".
Pois...., mas o que é um facto é que o "Deep Thought Blue" última versão da máquina de cálculo xadrezístico produzida pela IBM, derrotou, sem grande discussão, aquele que já é considerado o maior talento da história do xadrês, refiro-me a "Garry Kasparov".
Por outro lado temos a série "Dr. House", onde uma mistura de saber adquirido com intuição humana, chega a soluções que talvez nenhuma máquina, por agora, consiga fazê-lo com mais qualidade.
Acho mesmo que, a melhor solução passa por um casamento de final feliz Homem-Máquina.
Afinal, a máquina é um produto criado pelo ser-humano, logo, a quem pertence a vitória em todo este processo, é de fácil solução.

reb disse...

tens razão em falar de intuição, harumi!
Como definimos nós intuição?
Para mim, é como se fosse um 6º sentido, mas que se desenvolve muito com a prática e experiencia de vida. Qdo o autor do texto deste blog diz que um médico atento sabe ver nos olhos de uma criança se ela está mal, isso é absolutamente verdade no caso, por exemplo, de um professor.
A comunicação faz-se a vários níveis, não é só verbal. Se um dos meus alunos não está a perceber a materia, eu não preciso de lhe perguntar se está a seguir. Pelos seus olhos vejo se me compreende ou não. E isto duvido que alguma màquina consiga detectar, a não ser que esteja ligada á pessoa e programada para "ler" sinais específicos...
Faz-me isto lembrar uma experiencia que a minha filha que estuda psicologia me contou. Numa cadeira de psico-fisiologia, os alunos aprenderam a fazer diagnósticos de ansiedade através de ciber-psicologia. Um aluno ofereceu-se como cobaia e pôs um daqueles "capacetes" para ver a 3 D.
Um aparelho ligado a uma parte do corpo media as transformações da pele ( chamam-lhe função galvanica da pele, os poros abrem e fecham..).
Foram projectadas imagens de tubarões, hamburgueres, homens e mulheres, etc. O aparelho lia, qual poligrafo, as reacções da pele do rapaz. O resultado era projectado em gráfico.
Conta ela que era girissimo ver as subidas instantaneas do grafico qdo por exemplo o tubarão se aproximava dele...em 3D.

máquinas precisam de programação para fazer registos, pessoas precisam de saber olhar e saber ouvir...

harumi disse...

É isso reb! Imaginemos por exemplo,as infindáveis possibilidades que os pequenos músculos que formam o nosso rosto têm,combinando-se, de produzir um número muito grande de cambiantes expressivas.
Retirar exactamente o sentido desse bailado de expressões, é um trabalho para a intuição do ser-humano. Quanto melhor o fizer,diz-se, maior será a sua inteligência emocional.
Agora imagina juntarmos a isso os gestos que entretanto vamos fazendo com as mãos. os sons que vamos deixando escapar. as manifestações que o corpo como um todo vai deixando entre todas essas leituras anteriores.É fantástico! é um enorme caleidoscópio de pequenos detalhes que criam e desenvolvem toda esta riqueza que afinal, somos nós.

reb disse...

É verdade, harumi. Tinha um amigo muito observador que me dizia que não havia duas pessoas a pedirem café da mesma maneira, ao balcão.
Uns inclinam-se, outros recuam um pouco, uns falam em voz decidida, outros tímida, uns pôem todo o peso num só pé, outros distribuem-no, etc...
Tb me fascina toda esta diversidade que faz de nós seres únicos..
ás vezes, qdo estou numa esplanada, gosto de ver as pessoas a andarem e, só pela maneira como andam, parece-me que uns estão mais satisfeitos que outros :)

De facto, alguém atento pode conhecer muito do universo dos outros e imagino que os surdos ( tema do outro post) sejam eximios nisso...

reb disse...

anokas, acabei de visitar o blog que me aconselhaste e gostei. Vou divulgá-lo junto de colegas. Só conhecia outro: a educação do meu umbigo.
Obrigada :)

Um lugar ao Sul disse...

reb, desculpa a minha ausência durante estes tempos, mas os meus dias continuam com 24 horas, e há sempre muito que fazer.

Pegando na tua resposta, há muitos trabalhos onde é "humanamente" possível fazer 8 horas diárias. Se entrares numa industria e vires os trabalhos que pessoas desempenham verias, desde os mais monótonos que dão cabo do cérebro a cada um, aos fisicamente desgastantes, às condições de trabalho inimagináveis, níveis de ruído exagerado, atmosferas inóspitas, etc, e muitos deles por vezes fazem-se 50 horas semanais... Se é tão complicado dar 8 horas de aulas por dia porque é que professores meus faziam tudo para juntar as aulas todas em 2 ou 3 dias para ficaram com os outros livres, levando-os a ter um dia completamente preenchido? A tua lógica levava-os a distribuir pelos 5 dias.

Quanto à manifestação dos 100mil, não duvido que estivessem lá efectivamente 100mil pessoas, já 100mil professores duvido sinceramente. Havia professores que levavam a família inteira para fazer número. Não é só no ensino que as coisas vão mal, já reparaste que as greves são essencialemente no público, mas garanto-te que onde existem as piores condições de trabalho é no privado. Mas esses não se manifestam, sabes porque? Não é por não terem condições deploráveis...

Já agora convido-te a dar uma vista de olhos aqui: http://umlugaraosul.blogspot.com/2008/
03/os-professores-devem-ser-os-
funcionrios.html

reb disse...

Nuno, dar aulas na faculdade não tem nada a ver com dar aulas no básico. Hoje em dia, como penso que sabes, os miúdos andam muito indisciplinados. Deves ter visto aquele video da professora e da aluna por causa do telemovel. Parece que as consiciencias deste país acordaram. Não se falava de outra coisa. Pois eu digo-te que isso é o dia-a-dia nas escolas publicas. Perdeu-se o respeito pelo professor. Para isso contribuiram os politicos deste governo ( palas razões que atras enumerei) e alguns pais que defendem sempre os filhos contra os professores, dando-lhes um mau exemplo e mostrando-lhes que um professor não é ninguém respeitavel.
Isto não acontecia há 6/7 anos atrás. Indisciplina sempre houve, mas eram casos pontuais. Agora é generalizado. Cenas como a do video da escola do porto acontecem todos os dias na minha escola.
Qdo as famílias estão desestruturadas, os miúdos ficam instáveis e revoltados. Na escola, não se controlam. É por isso que, além de ensinar, temos que ser psicologas e assistentes sociais.
As aulas agora, e tu já não apanhaste esta época, duram, cada uma, 1 hora e meia sem intervalo. Se tens o azar de ter uma turma dificil ao ultimo tempo, já não consegues fazer nada deles. Aquilo é o caos....e como ninguém desiste, faz-se das tripas coração para transmitir alguns conhecimentos...
O desgaste é enorme...
Não duvido que há outras profissões de grande desgaste ( normalmente as do fim da piramide)...mas, como nem todas as profissões têm o mesmo desgaste, deveria haver condições de reforma diferentes para as mais "violentas".
O meu pai vivia no mar ( era comandante da marinha) e reformou-se ao fim de 30 anos de mar!
Alguma humanidade é necessária...

Um lugar ao Sul disse...

Quanto às aulas, quando andava no ciclo, a minha escola foi pioneira na aplicação de períodos de 2 horas (não de 90 minutos, o que para mim era muito mais produtivo que duas aulas de 50 minutos. Reconheço que ao fim de duas horas a concentração já não era coisa que havia muito e os professores deixavam-nos quase sempre sair mais cedo um bocadito, que era para nós o delírio.

Talvez duas horas seja em demasia, já na faculdade duas horas custavam imenso passar, mas 90 minutos ganha-se muito mais em rendimento que períodos de 50 minutos.

Quanto à descredibilização dos professores perante a sociedade, para mim, como cidadão comum, é que foram os professores que se autodescridibilizaram nas constantes saídas em protesto, mas manifestações sucessivas, acabaram por perder a postura por que sempre foram pautados, mostrando-se assim uma classe em crise, declínio... e isso passou para a opinião pública.

reb disse...

qdo as pessoas estão descontentes com as políticas que lhes impõem , manifestam-se. Este é um direito que nos assiste em regimes democráticos. A grande manif de professores ( a dos 100 000) realizou-se num sábado. A anterior, que tb foi grande mas não teve esta dimensão, foi no dia 5 de outubro( dia do professor) que tb é feriado.

Aulas de 2 horas no ciclo???. Só se tinha intervalo pelo meio. Agora são 90 minutos sem intervalo. Não sou contra aulas de 1 hora e meia em algumas disciplinas ( qdo há trabalho de laboratório ou em artes ou educação física). Sou contra a generalização a todas as disciplinas. O que acontece é que, ao termos aulas de 90 temos, os miudos têm menos vezes essa disicplina por semana ( por exemplo, em ingles só tenho 2 vezes por semana e dantes tinha 4). Há disciplinas em que é preferivel treinar todos os dias um pouco, do que dar matéria até à exaustão. Até pq a partir de 1 hora de trabalho, crianças desta idade já não se concentram, e, agora, é proibido deixar sair antes do toque.
Esta medida (90 min) vem do tempo do guterres, e foi imposta pela ana benavente. Já passaram mtos anos. Poderia ter-se feito um balanço sobre a melhoria ou não das aprendizagens. Não foi feito e a indisciplina aumentou, como é fácil de perceber ( miúdos fechados na sala durante dias inteiros ficam cansados e fartos...)

Um lugar ao Sul disse...

Eu tinha, eram dois blocos de 50 minutos sobrepostos (ou um de 50 e outro de 60 já nem sei) eram quase duas horas. O nosso horário era assim, tínhamos duas horas de aulas, depois tínhamos um intervalo grande, tipo primária de meia hora, depois tínhamos mais duas horas, um intervalo de 5 ou 10 minutos e depois tínhamos uma hora de aulas (servia para por aquelas aulas que as horas lectivas por semana eram ímpares) depois íamos todos contentes almoçar :D (de tarde já não me lembro como era, mas também era assim, tínhamos as aulas de EVT, educação física e assim.

Recordo de se falar na altura que a nossa escola era pioneira, eu estreei a escola novinha, fomos nós os primeiros a fazer riscos na porta das casas de banho :D

Eu sinceramente gostei, achava que havia melhor rendimento, aulas de 50 minutos: o professor atrasa-se 10, mais 10 para nos sentarmos, 5 para ficarmos quietos e depois os últimos 5 minutos ninguém presta atenção ao que se diz pois só se olha para o relógio, que tempo de aula sobra? Em aulas mais compridas há um melhor aproveitamento do tempo efectivo de aulas. (É claro que aquelas que eu não gostava demoravam uma eternidade).

Mas eu gostei, e acho que se tinha melhor rendimento. depois havia aquela questão de não termos as disciplinas todos os dias, e isso tem as desvantagens de não praticar, mas tinha muitas outras vantagens:
-não tinhamos 500 disciplinas diferentes todos os dias o que implica 2 toneladas de livros e cadernos nas mochilas;
-mesmo que todos os professores nos mandassem trabalhos para casa, podíamos gerir melhor o nosso tempo pois havia mais espaço entre dois dias de aulas dessa disciplina.

reb disse...

Isso deve ter sido uma experiência piloto, à semelhança do esquema da primária. Numa terra de boa gente, acredito que tenha sido positivo :)

Um lugar ao Sul disse...

Eu acredito que todas as terras são de gente boa! No entanto, a minha terrinha onde estudei, está longe de ser uma terra com grandes sucessos escolares. É uma terra com pessoas muito pobres, com pouca motivação, que muitos estavam só lá para fazer o 9º ano. As pessoas que da minha turma chegaram ao ensino superior contam-se pelos dedos de uma mão (e no final ainda te sobram dedos)!

Mesmo assim eles criaram uma turma com os alunos que pretendiam prosseguir os estudos, de forma a serem mais exigentes com essa turma. Essa turma era a minha, mas mesmo assim, embora sendo mais exigentes, nunca precisei de estudar (posso afirmar que a primeira vez que comecei a estudar foi no 10º ano), ia para os testes sem pegar num único livro, apenas fazia os trabalhos de casa e estava atento nas aulas, e no final do período levava quase tudo 5. Quando cheguei ao 10º tive um nível de exigência ao qual não estava habituado, e patinei um bocadito, mas como sempre tive aquela filosofia do "se ele consegue eu também consigo" facilmente me consegui apresentar ao nível dos meus colegas, mas muitos outros colegas meus não conseguíram lidar com essa exigência e acabaram por desistir durante o 10º ano.

Com isto quero dizer que ao estarmos a criar facilitismo de forma a melhorar o sucesso, estamos a penalizar realmente as pessoas que são boas, não as deixando testar as suas verdadeiras capacidades.

reb disse...

A formação de turmas "de nível" tem sido um assunto largamente discutido em pedagogia, e que nunca mereceu consenso. Teoricamente, todos beneficiam da heterogeneidade. No entanto, em escolas situadas em bairros problematicos, há experiencias dessas: turmas mais pequenas com alunos com grandes dificuldades, de forma a que seja possivel um ensino mais individualizado...

Qto falava em "boa gente" referia-me ao seguinte: há 2 tipos de pobreza. Uma, a que existia dantes, correspondia a famílas com poucas possibilidades, mas estruturadas e que transmitiam valores aos filhos. Estes miúdos, cujos pais às vezes nem sabem ler, qdo devidamente estimulados, conseguem fazer percursos escolares normais ( tantos licenciados filhos de analfabetos). A outra pobreza, que agora prolifera nos suburbios das grandes cidades é de outro tipo. Pessoas desenraizadas que tb não se enquadraram na sociedade e cuja principal fonte de recursos é o tráfico de droga e não só. Nestas familias há uma gigantesca pobreza de espirito.

Um lugar ao Sul disse...

Enquanto a primeira pobreza é algo que devemos tentar ajudar a resolver, apoiar essas pessoas (tanto os pais como os filhos) de forma a superar essa pobreza e torna-la rica!

Já a segunda pobreza que falas deve ser combatida, pois essa desestroturação não poderá dar frutos para uma sociedade como a que vivemos!

reb disse...

câmaras de gás? ;)

Um lugar ao Sul disse...

Ao preço a que está o gás? Só se for como na china, que depois do fuzilamento a conta da bala vai para casa da família...