sexta-feira, 16 de maio de 2008

A criança que em em ti existe...

Ler João dos Santos apazigua-me com a humanidade :)
Viveu entre 1913 e 1978. Dedicou a vida a tratar bem as crianças portuguesas...

Transcrevo aqui um texto, em forma de poema, dedicado a adultos que lidam com crianças:


"A criança modela-se.
Ajuda-a a modelar-se oferecendo-lhe tudo quanto tenhas de mais autêntico dentro de ti.
Oferece-te a ti próprio como modelo.
Faz de modelo, não só com o teu corpo de Homem, mas também com o que resta da tua espontaneidade infantil para o Amor.
Homens capazes de Amor são aqueles que foram crianças ou que se reconciliaram com a criança que foram.
Se amas a criança que em ti existe, então podes amar as crianças.

(...)

Educar é oferecer-se como modelo.
Educar é respeitar o seu próprio modelo.
Educar é respeitar a criação do Homem
e do seu Universo.
Educar é respeitar a criança e a criatividade infantil.
Se podes ser infantil, podes ser Homem, podes ser Mestre."

6 comentários:

TãoSóUmPai disse...

... mas, não bastará amar uma criança para se ter o seu amor, pois não? Perceber uma criança nunca será fácil. É respeitar um adulto com a benevolência por algo que não o é :)

idadedapedra disse...

é um texto muito bonito. E crianças criadas assim dariam adultos melhores, se o adulto tiver para dar uma alma boa.
No entanto, o meu grande dilema na educação é que nós temos que os preparar minimamente para o mundo em que vão viver. E como dizia o toffler, o mundo não está para cobardias, ou seja é preciso conseguir meter-lhes ao mesmo tempo alguma vontade de "vencer" na vida porque senão a sociedade maltrata-os. Isso é que é difícil: ensiná-los apenas na bondade e prepará-los para um mundo cruel

reb disse...

ts1pai, eu acho que basta amar uma criança para se ter o seu amor. Só que, às vezes, eles andam zangados com a vida e nós é que pagamos...É para isso que cá estamos :)

IP, colocas uma questão que me é tb sensível. Tenho pensado mto nisso, mas o que me parece é que um adulto que está bem com a vida, com os valores que recebeu na infância, consegue "vingar" num mundo competitivo, sem ter que amachucar os outros. Basta gostar do que faz e ser responsável, não achas?

idadedapedra disse...

espero que sim.
O que acho é que eles vão aprendendo por exemplo a competitividade na vida fora de casa... Eles têm que sobreviver, certo?

reb disse...

Alguma competitividade é necessária. O problema é qdo se torna uma obsessão e resulta em perda de outros valores...

harumi disse...

Sempre me senti fascinado pelos meus tempos de infância. Cada ano, de tão repleto de acontecimentos, parecia-me uma existência em si.Descobri mais tarde que isso acontecia porque para a nossa construção da ideia de tempo, é necessário existirem pontos de referência, e na infância de facto estão sempre a acontecer coisas novas que mobilizam as nossas emoções para viver estádios de permanente fascínio.
De tal forma fiquei com boas recordações da minha infância, e com a tal sensação de ter vivido muitas existências num período que não ultrapassou duas décadas, que ainda hoje, procuro entender os mecanismos que então caracterizavam o meu cérebro, e o porquê de algumas modificações com o atingir do estado de adulto, que para mim significaram indiscutivelmente "perdas".
Talvez por tudo o que acima descrevi, compreenda a minha procura de conhecimento nos domínios do "Zen". Um dos últimos livros que li desta temática, chama-se precisamente "Mente Zen - Mente de principiante", onde se aborda a educação da mente para se manter num estado permanente de curiosidade e de nos deixarmos surpreender pelos acontecimentos, com a vivacidade dos tempos de infância.