terça-feira, 27 de maio de 2008

Poesia 1

De Eugénio de Andrade:


Sobre a terra

Sei que estou vivo e cresço sobre a terra
Não porque tenha mais poder,
nem mais saber, nem mais haver.
Como lábio que suplica outro lábio,
como pequena e branca chama
de silêncio,
como sopro obscuro do primeiro crepúsculo,
sei que estou vivo, vivo
sobre o teu peito, sobre os teus flancos
e cresço para ti.

2 comentários:

JR disse...

Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -

se a luz é tanta,
como se pode morrer?



(Vaguíssimo retrato - Eugénio de Andrade)

reb disse...

:)

lindooo...