Há uns meses vi o filme realizado por Sean Penn. A história deste jovem que perde a vida no Alaska, aos 24 anos, tem-me acompanhado. Comprei o livro, escrito pelo jornalista Jon Krakauer, no qual o filme se baseou. Acabei de o ler e, tal como qdo saí do cinema, sinto-me "perto" deste rapaz e tenho vontade de o homenagear.
Chris tinha terminado a sua licenciatura, qdo em 1992, decide afastar-se da sociedade onde sempre vivera e empreender uma viagem solitária pelo oeste americano até ao Alaska. Era um jovem da clase média/alta, criado em Washington D.C., tinha sido um óptimo aluno e atleta.
As razões que o levam a partir são várias. O objectivo parece ser encontrar alguma Verdade no encontro com a natureza, ou, talvez, encontrar-se a si próprio.
Passados dois anos de viagem em que trabalhou para várias pessoas com um nome falso, entra no Alaska, munido de 5 kgs de arroz, uma espingarda para a caça, um livro sobre sementes e raízes comestíveis, uma máquina fotográfica, livros e diários. Sobreviveu 4 meses. A sua inexperiencia conduziu-o à morte. Não se suicidou, Chris planeava regressar depois desta "viagem interior".
Deixou livros sublinhados ( era um admirador de Tolstoi) com escritos à margem e muitas fotos sorridentes. Qdo se sentiu moribundo, escreveu um bilhete em que agradecia a Deus a sua feliz existência. Reconciliou-se com a vida antes de morrer. Encontrou forças para se pôr de pé e tirar uma última foto, em que aparece cadavérico, de grande barba, com um sorriso na cara...
Se puderem vejam o filme. É muito bonito, mesmo muito bonito!
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29 comentários:
Pois é, não li o livro, nem vi o filme, mas até penso que percebo o sujeito.
No entanto, sem querer retirar seja o que for ao romantismo da hístória, o pequeno resumo que dela fazes e, em particular, o epílogo, quiçá inevitável, também nos dão outras lições importantes. O ser-se inteligente e atleta, ou, de certa forma, ser-se um "vencedor" ou "promissor", num determinado contexto, de nada vale noutros, em que a inteligência exigida é outra, onde a experiência não é substituída pela inteligência, e onde um simples pé torcido faz a diferença entre o continuar por cá, e o "ganhar" um bilhete, só de ida, para o outro mundo.
Foi pena que 24 anos de juventude, em procuras e descobertas, acabassem de forma tão pouco inteligente, quando poderiam ter tanto mais para nos contar.
É verdade! Na sua juventude, ele queria ter uma experiência-limite!
Se leres o livro ou vires o filme, poderás compreender as suas razôes para embarcar numa experiência daquelas...
Tal como dizes, tb eu entendo o sujeito. Qtos de nós, na juventude, não tiveram sonhos parecidos?
Adorava que os "dispersos" lessem o livro ou vissem o filme para podermos debruçar-nos sobre a vida deste miúdo...
Em português, está traduzido para: "o lado selvagem"...
tenho o filme no pc para ver, mas não consigo passá-lo para dvd, não sei lá porquê. portanto implica ficar aqui em frente do écran do computador a vê-lo. Talvez este fim de semana
Ah, que pena! Tem uma imagem e um som tão bonitos!!!
Acho que mais valia ir comprar o filme a uma loja de dvds...
já tentei comprar mas ainda não está à venda. E como a minha TV não é muito melhor do que o ecran do pc, a diferença é só o sítio onde me sento
REB :) ... olha que isso não nos dá apenas na juventude ... ânsias de descobertas temos ao longo da vida. Que me lembre, desde os 6 anos ... mas isto ... cada um nasceu onde nasceu, viveu onde viveu e ... olha :) ... há coisas que nos acompanham sempre ... só que a experiência, no meu caso, foi, de certo modo, acompanhada, ensinada ... e nós aprendemos :):):):)
Estarei a ver em duplicado :)
Olha, ts1pai, sorte a tua que deves ter tido uma infãncia ao ar livre, sempre em aventuras e sem medo dos raptos :)
Os teus filhos já não devem ter tido experiências dessas, não é verdade?
Os putos de agora são peixnhos de aquário :)
:) ... mas quando chegam aos 15 - 16 anos, às vezes é vê-los a deambularem por aí em grupos ... à conta dos festivais de verão e de férias em casa deste e daquele, vão descobrindo coisas, voltando para casa e contando com o que de saudades ficaram ... só precisamos de arriscar, e ficar com o coração nas mãos ...
pronto, já vi! Passei a tarde a vê-lo no computador (já arranjei as colunas:)).
Gostei muito, de tudo, tema, imagem, música, representação.
Sou incapaz de lhe chamar egoísta, como ouvi algumas pessoas comentar. Então uma pessoa não tem direito a decidir a sua vida quando chega à idade adulta (adulthood, uma palavra engraçada). Se tiver filhos, aí já é responsável por outras vidas, mas não tendo parece-me a mim que ninguém nos pode ou deve impedir... Ok, concordo que ele podia ter mandando uns postaizinhos à família, mas ele estava zangado com eles, com a sociedade. Eu própria na minha adolescência cheguei a passar 3 meses fora sem dar sinais de vida.
E a ideia dele era fazer o que lhe apetecia, mas provavelmente voltaria um dia a casa. E os pais ao que parece até já eram melhores pessoas depois daquilo porque passaram.
Ele viveu naquele ano e meio mais do que algumas pessoas vivem numa vida inteira... fiquei cheia de inveja e com vontade de um dia ainda poder cumprir o meu desejo de ir para os himalaias... tenho é que começar já fazer flexões e elevações para ainda conseguir escalar uma montanha :)
Ainda bem que gostaste. Sabia que ias gostar :)
Um dia,se puderes, vê esse filme num grande ecrã...
Acho que ele não mandou postais à família pq não queria ser encontrado, e imaginava que, entretanto, o estavam a procurar ( o que era verdade...além da policia, havia detectives particulares). No livro, fica-se a saber que ele queria escrever à irmã, mas não o fez pq ela iria dizer aos pais, que estavam preocupados...e iriam buscá-lo.
Ele só queria voltar dp de estar no alasca.
Isto é egoismo? Concordo ctgo, não era pai de ninguém. Era dono da sua vida! É mais egoista quem tenta encontrar-se a si mesmo numa aventura destas, do que quem se mete em drogas pra "resolver" problemas?
O livro tem ainda mais pormenores: tudo o que ele ia escrevendo, o que ia descobrindo, o bem-estar,a "limpeza" do cinismo que tinha conhecido à sua volta.
Aquela frase que ele escreve "happiness is only real when shared" ( leu-a num livro e usou-a) é um ponto de viragem na sua "trip".
Precisou de descobrir, sozinho, que precisava dos outros...
Não fosse a corrente do rio...e quem sabe o que poderia vir a fazer da sua vida...
:) porque acham que ele morreu?
Desconhecia coisas básicas como: o rio que tinha atravessado a pé há 2 meses, tinha, na hora em que decidiu partir, um caudal e uma corrente impossiveis de atravessar; as raízes que escolhia com base num livro sobre o assunto, tinham ligeiras diferenças, sendo umas muito tóxicas. Uma intoxicação que apanhou, debilitou-o muito já que já estava sub-nutrido.
Morreu pq, no seu sonho, julgava-se capaz de sobreviver sozinho, com poucos recursos, num local que, apesa de muito bonito, exigia dele um maior conhecimento e talvez humildade...
A interrogação, para muitos que conhecem a zona, é como conseguiu um "betinho" da cidade sobreviver 2 meses lá...
wOra, eu já esperava que a minha mais hipy de todos , gostasse.Mas já cheguei à conclusão que quem pensa como eu não são os cotas da geração do 25 de abril mas a nova geração, haja em vista o kiko e a filipa.
Clara: a filipa ainda não viu o filme, é só pelo que lhe contaram que emitiu opinião. E como contam não vale, não contam que tipo de pessoa ele é, porque é que de decide fazer aquilo tudo
pois, a malta, quando foge, tem de ver onde mete os pés, por causa da coisa de cão ... ip, quando fores para os himalaias, não te esqueças de levar umas garrafas de oxigénio ,,,,
:) como, aqui, eu fui o único que não viu o filme --- vocês alcunharam-me de filipa, foi? :)
:) a clara é a matriarca a falar. A filipa é a minha filipa :))))
zib, penso exactamete como tu, e como IP.
O miúdo era especial e os pais não o entendiam, queriam moldá-lo à sua semelhança, queriam fazer dele um executivo brilhante, e isso ele não podia dar-lhes.
No livro há uma explicitação maior da sua revolta. Qdo ele começou a fazer viagens sozinho, pela américa fora( ia sempre, no seu datsun nas férias da uni), um ano foi visitar uma outra terra onde tinha vivido com os pais na infância. Ficou a saber que o pai, aquele homem tão rigoros e exigente, tinha tido uma vida dupla, tinha inclusive um filho 2 anos mais novo do que ele de uma outra mulher.
Nunca contou isso aos pais, mas disse à irmã o seguinte: "Depois de saber isto, a minha infância tornou-se uma ficção!"
Ficou a saber que tinham mudado de estado depois de se descobrir essa situação e a mãe tinha pactuado com o pai na mentira.
Essa dor nunca o largou...pensava que, se o prórpio pai vivia com uma mentira tão grande dentro dele e se fazia de moralista, provavelmente toda a sociedade que ele conhecia assentava em mentiras...
Também me ponho a imaginar como teria sido a vida dele se tivesse regressado. Acredito que, não só ele teria mudado, mas os pais tb e muito. Ás vezes é preciso ir ao fundo do poço para mudar...
Reb, talvez todos nós, daqui, possamos tirar algumas ilações para a vida. Primeiro, que a inteligência o pode ser para umas coisas e não para outras. Que toda a beleza encerra dramas e perigos próprios que nos são desconhecidos. Que o querer não é poder, nem com as gentes nem com a natureza. Que não há livros para tudo, nem para nos ensinarem a viver em situações extremas. Que o pensamento não é claro, quando toldado por algo que cause cinismo, revolta ou raiva. Que o instinto da sobrevivência também se aprende com a inteligência da idade, a chamada experiência. E, finalmente, que a experiência que possuímos, boa ou má, a devemos partilhar com os nossos descendentes.
Conheço pessoas que têm como sonho, o de fazer o percurso, no deserto, do Paris-Dakar. No entanto, essas pessoas mal conseguem aguentar o calorzinho estival da nossa terra :) ...
Por último que "quem tem rabo tem medo" :))
... e ... há a inteligência emocional ... duvido que ele tivesse um livro sobre isso ... não que o ajudasse muito ... conheço "inteligentes" que não são inteligentes com eles próprios ... :)
Alguém sabe definir inteligência ?
Há tantos tipos de inteligencia...
Felizes os que morrem jovens e felizes.
Porque lamentam que tenha morrido tão novo e com tanto para dar?
E quem não é egoísta?
Eu gosto de associar a inteligência à capacidade de sobrevivência e medi-la pela adaptação. Devo dizer que nesse sentido as baratas estão a anos-luz da espécie humana.
quem lamentou a morte dele foi ele próprio, coitado, porque foi uma morte lenta e dolorosa e porque ele ainda queria fazer muita coisa na vida.
Mas provavelmente não se ía dar bem se tivesse voltado à sociedade.
Ele era uma personalidade estranha. Pelo menos no filme, ele é uma pessoa tão cativante, que toda a gente o quer. No caminho para o alasca, que ele faz sem pressa nenhuma, vai conhecendo pessoas e ficando por uns tempos. Todas as pessoas que ele vai conhecendo, lhe querem criar raízes, querem-no ali com eles. Ele despede-se e vai, enquanto os outros ficam a chorar. Mas porque ele precisava mesmo de conseguir ir até ao alasca e não queria raízes antes disso.
A capacidade de sobrevivência dele num ambiente como o alasca foi fantástica; eu imaginei que ele morreria ainda no primeiro inverno, com tudo coberto de neve.
Mas era tão crente na sua capacidade de sobrevivência, que acreditou que sobreviveria porque se tinha dado ao trabalho de ir aprendendo umas coisitas sobre plantas e conservação de alimentos. Um citadino aos 23 anos não tem experiência nenhuma daquilo e os livros não ensinam tudo.
JR, pela tua definição de inteligência o Bush deve ter um QI do caraças :)
Mas não chega aos calcanhares da barata...
só agora li o comentário da IP sobre a capacidade de sobrevivencia do bush :)))))))
Esse aspecto da personalidade do Chris, que a IP refere, é interessante.
De facto, todas as pessoas com quem se cruza no seu caminho para o alasca, o querem adoptar...
Talvez pela sua autenticidade.... o rapaz era desprovido de cinismo...
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