Novo excerto:
"Há, na História, vários exemplos de "revoluções" que substituiram antigas tecnologias e mesmo governos, sem alterarem significativamente a sociedade em geral e a vida das pessoas em particular. Mas, as revoluções reais transformam tanto as tecnologias como as instituições. E, ainda, destroem e reorganizam aquilo que os psicólogos-sociais chamam a "estrutura" da sociedade.
As revoluções também quebram fronteiras.
A sociedade industrial estabelecia uma clara fronteira entre a vida em casa e a vida no trabalho.
Hoje, para os milhões de pessoas que trabalham a partir de casa, essa linha desvaneceu-se.
Mesmo "quem trabalha para quem" tornou-se pouco claro. Uma parte significativa da força de trabalho consiste em contratantes independentes, "free agents" e outros que trabalham na empresa A mas, de facto, são empregados da empresa B.
As fronteiras académicas também estão a desaparecer. Apesar da grande resistência, cada vez mais o ensino se torna trans-disciplinar.
Na música pop, desapareceram as fronteiras entre rock, hip-hop, retro, disco e outros géneros, dando lugar à "fusão" e "hibridização" de géneros.
Mesmo as barreiras sexuais já não são fixas. Homossexuais e bissexuais saem da clandestinidade e crescem populações transsexuais.
Nem todos estes papeis e direitos sobreviverão, perante as novas mudanças económicas, tecnológicas e sociais.
Mas, quem subestimar o carácter revolucionário das mudanças actuais, está vivendo uma ilusão!"
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10 comentários:
:) Olhando para a primeira metade do texto, a algumas das conclusões já nós tinhamos chegado neste pequeno grupo de interacções bloguisticas. :) ... e até podemos acrescentar, ou melhor, expôr, de forma mais directa, outras, subjacentes ao que por aqui expusémos, como, nomeadamente, o facto de a vida e a unidade familiar se subordinam, como sempre o aconteceu, à vida no trabalho, pese o facto de isso ir, dolorosamente, contra os desejos e expectativas criadas com os afectos. Muito provavelmente, as familias sobreviventes serão as que aceitarem, e se prepararem, desde a sua génese, para este facto, e para outras formas de famílias mais adaptadas, mais móveis, fluídas e "ligeiras", no património de recordações que, consigo, deslocam. Que famílias serão estas, não sei.
No entanto, as barreiras, neste este desenfrear de globalização, até existem. As das raízes, as políticas, as culturais e as da comunicação, pela barreira linguística.
Por fim, dizer que esta evolução para diferente, melhor para uns e pior para outros, é uma revolução, enfim, será discutível.
O conceito de revolução para Toffler implica uma mudança na estrutura da sociedade.
O que me pareceu, do pouco que ainda li, foi que esta realidade americana ainda não é sentida da mesma forma no nosso país. Naõ conheço muitas pessoas a trabalharem a partir de casa.
No entanto, as mudanças profissionais começam a sentir-se, sobretudo nos jovens. Se já não há um emprego para a vida e a precariedade neste sector implica uma mobilização muito maior, como poderão estabelecer-se e constituir família, como nós fizemos?
Por outro lado, sinto nos nossos jovens um desejo de retorno à família tradicional, até por desgaste emocional que sofreram com as separações dos pais e de quase todos os adultos que conhecem.
Como irão conciliar o desejo de estruturar a sua vida afectiva, com uma vida profissional instável?
Emigram para países mais ricos?
Ainda assim, precisarão de estar perto dos avós dos seus filhos ( nós), para os ajudarem nesta dificil gestão do tempo...
a mim, mais do que os jovens, preocupam-me as pessoas que depois de 25 anos de trabalho são despedidas para renovação das empresas... eles já não servem, são precisos jovens com novos conhecimentos, novas ideias e muita genica.
E esses, os mais velhotes, dificilmente arranjam novas colocações... e a esperança de vida aumentou... sobram-lhes uns 30 anos pela frente... e as reformas não chegam tão cedo.
Que vai fazer esta nova sociedade a essas pessoas? Não se pode exterminá-los... ou pode?
Tens toda a razão. Tanta gente válida, com pouco mais de 50 anos, despedida por incapacidade ( deles ou das empresas em que trabalhavam) de acompanhar esta evolução frenética!
O que vos ocorre que poderia ser feito por estas pessoas, que sobrevivem com reformas de miséria?
... já tempo houve em que se emigrava para os países pobres mas, agora, os custo de vida é, cada vez, mais global ou até pior nesses tais países pobres.
o custo de vida não é maior nesses paises pobres...penso que falas do leste europeu...
:) vai lá ver quanto custa uma casita em Maputo :)
Ah, pensei que falavas da europa...
Este texto não suscitou mtos comentários. Acho que sei a razão: a realidade americana descrita pelo toffler ainda não é sentida no nosso cantinho. Ainda bem :)
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