quinta-feira, 10 de abril de 2008

Amar o mar...

"Ó mar salgado
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal?" (F.P.)

Somos um país periférico, "à beira mar plantado"...
Já fomos os "heróis do mar", unimos o mundo, a partir de pequenas caravelas. Fizemos História.
Os nomes dos oceanos foram dados pelos Portugueses.
Além desses factos de que muito nos orgulhamos, temos um temperamento especial, talvez pela pequenez que nos devolve a imensidão do mar.
Se fizermos, em viagem, toda a nossa costa, encontramos as praias mais bonitas e percebemos que os povos do litoral têm uma relação profunda com o mar. Do mar, vem riqueza, mas também, companhia.
Muitos dos nossos provérbios têm o mar como tema. "Nem tanto ao mar nem tanto à terra", "Há mais marés que marinheiros", "Gaivotas em terra, sinal de tempestade", etc.
Em tempos, uma amiga disse-me: "Qdo estou triste, preciso de ir ver o mar". Também já ouvi dizer: "As pessoas, qdo se apaixonam, vão passear para a praia de mão dada".
Não penso que um suiço sinta estas coisas, ou um alemão... :)

Que papel tem o mar nas nossas vidas? Tranquiliza? Estimula? ( há tantos adeptos de desportos de mar), Ajuda à relexão? Ou, pelo, contrário, atenua os pensamentos mais obsessivos?

21 comentários:

JR disse...

Ainda há, neste nosso país, muita gente que nunca viu o mar... e se recuarmos 30 anos, poderemos multiplicar várias vezes esses muitos.
Que importância terá (ou terá tido) o mar para estas gentes?

reb disse...

Pois, esses serão certamente diferentes dos povos do litoral...para esses talvez a terra seja a sua alma :)

Tão só, um Pai disse...

:) O meu mar é quente, de vida, revolto, lamacento. O mar fala, compreende, ouve-nos, não é preciso falarmos. Só por estarmos, ali, ao pé dele, ou de o olharmos. Convida-nos. Hipnotiza, rouba-nos os segredos, a vida, eh, pá, dá cá isso! Depois, devolve-a, serenamente, sem medos, pois, lavada de medos, claro, mais brilhante, com mais vida. Ah, pois, e os segredos? Esses não, guardou-os. Não te rias, até pareces uma serpente! O que é isso? Ah, ainda tinhas aí a minha alma ... ! Alma? Não sei, mas a minha alma gosta muito deste meu mar.

idadedapedra disse...

para mim é anti-depressivo, anti-raiva, anti-ansiedade...
Gosto dele revolto, gosto que rebente por mim

reb disse...

vocês comovem-me...
Rouba-nos os segredos...
Rebenta por mim...

Algum português-de-alma conseguiria viver longe do mar?


Se me permitirem, um dia escreverei um texto sobre o "nosso mar" pegando nas vossas frases...

essa do "rebenta por mim" é digna do fernando pessoa :)

idadedapedra disse...

bem, Reb, tu fazes-me sentir tão inteligente :)))))))

idadedapedra disse...

se eu ainda tivesse ego, ele estaria nos píncaros :)

reb disse...

Não é um elogio de treta:)
Essa frase diz tudo!
Apeteceu-me logo escrever um texto que começasse assim:

Mar
Rebenta por mim!
Grita a minha dor
Canta a nossa fúria
E eu descanso...por fim...

idadedapedra disse...

:) uauuuuu...!!!!

harumi disse...

Em Setembro do ano passado fui a Dakar/Senegal, e tanto para lá como para cá os voos da Tap efectuam-se de noite, e a quase totalidade da viagem faz-se sobre o Oceano Atlântico.
Na ida para o Senegal fiquei num lugar junto à janela, e mal deixámos a costa portuguesa, deparei com uma paisagem infindável de mar, salpicado por pequenos fragmentos de nuvens e reflexos prateados.
Ao fim de algum tempo em que me mantive a contemplar aquela paisagem, interroguei-me sobre o porquê de me manter há tanto tempo a olhá-la, quando afinal, qual deserto, não possuía singularidades capazes de me prenderem os sentidos.
Ainda hoje me interrogo porque de facto me mantive tanto tempo olhando por aquela janela, sendo percorrido por uma sensação tão agradável ou até mesmo feliz.
Talvez tudo isto não passe de uma manifestação da memória colectiva que reside nos portugueses, do tempo em que a NASA se situava ali para os lados de Belém.
Quem sabe!?
Mas que gostamos muito do mar, lá isso gostamos.

ZIB disse...

É pá, vou atrasada, porque este post já só sai "ao lado", e já ninguém deve ler (despistei-me nesta imensidão de dispersões, e só agora entrei neste “Amar o mar, mas apetece-me escrever….aqui … agora). Sou filha de pai marinheiro, adoro o mar e, como ele, não poderia viver sem saber que o tenho por perto, mesmo que não o veja todos os dias. Desde que tenho memória, o mar esteve sempre comigo. Durante a infância/adolescência, longos verões na praia (Atlântico), longas viagens (Atlântico e Índico) naqueles enormes “paquetes” coloniais rodeados de mar por todos os lados durante dias e dias… Depois casa com vista para o rio (Tejo). E nos últimos anos, tomo o pequeno-almoço a ver-o-mar (Mediterrâneo). Mares, rios, oceanos, cores diferentes, ondulações diferentes, mas sempre mar, sempre belo, sempre misterioso, sempre diferente. E relaxante. E… há alguma sensação tão prazenteira como um pôr-do-sol vermelhão sobre o mar? Ou tão violenta como uma tempestade de raios e coriscos sobre um mar enraivecido, violento e espumoso, a rebentar contra as rochas? É isso IdP, se rebenta ele não rebentas tu! E sim, nota-se, né? Eu amo o mar!

reb disse...

Eu li-te, sim!
Adorei o teu texto e entendo bem o que sentes: talvez seja genético, talvez sejam genes de marinheiro, mas eu tb não conseguiria viver longe do mar :)

idadedapedra disse...

eu também te li :)

Tão só, um Pai disse...

Zib, o meu mar foram o zambeze e o índico. :):):) Andei, salvo erro no Vera Cruz (que tinha um navio géemo) e no Infante D. Henrique ... :):):)

Tão só, um Pai disse...

... meninas, se calhar, até podíamos alugar uma traineira :):):)

JR disse...

Já que recuperaram o mar, que haja uma voz discordante, pois entre o mar e um monte, uma serra, umas árvores, a minha escolha é sempre pela sombra...

Tão só, um Pai disse...

... :):):) ... eu também, com a sombra dos colmos que cobrem aquela espécie de chapéu de sol tropical ... ou sob uma palmeira numas ilhas que cá sei :))))) ... ou duma espécie de pinheiros cujas raízes entram pelo mar adentro, na maré cheia ... :))))) sombra, é sombra ...

idadedapedra disse...

"O príncipe perfeito"... o barco, acho que foi nesse que chegámos a moçambique...

Sombra também gosto, na esplanada a ver o mar e a beber umas bjecas :) (à falta dos coqueiros, xiiii, lindos, em são tomé há 3 anos atrás!!!!)

reb disse...

Todos os portugueses têm genes do mar, pq todos são descendentes de marinheiros :)

ZIB disse...

Sim senhor IdP, o Príncipe Perfeito da Companhia Nacional de Navegação. E eu também andei no Angola comandado pelo papá! Uf, que viagem, que recordações!
E que surpresa voltarmos a falar do mar, eu que pensava que os posts do lado direito, lá tão escondidinhos, já não tinham adeptos. Mas basta a Reb parar um bocado novas dispersões, para relermos os antigos. Óptimo :-)
Relendo Amar o mar, parece-me que só temos uma voz “discordante” que prefere as serras. E aí lembro-me do outro post onde tentámos definir/diferenciar emoções e sentimentos. E claro, porque somos diferentes, uns emocionamo-nos mais com o mar … outros com as serras. E não há serras de mar? Para mim “Há mar e mar, há ir e voltar …”.

JR disse...

Bom... Está bem... posso ficar debaixo de uma árvore, no alto da serra a ver o mar... Desde que não haja areia...
Ah! E eu não tenho genes maritimos, já os mandei analisar.