quinta-feira, 24 de abril de 2008

Realidade?

Qdo era pequena, costumava pensar : "qdo eu morrer, desaparece tudo o que vejo?"
Mais tarde, fui percebendo que esta dúvida existencialista ingénua já tinha sido abordada por filósofos.
O mundo existe pq eu o percepciono ou existe independentemente de mim? Se existe apesar de mim, existe para quem? Para os que ainda estão vivos?
Se eu viver numa aldeia de Trás-os-Montes, o que é Lisboa para mim? E vice-versa?

Há quem viaje muito, quem conheça diferentes culturas e afirme que, por todo o planeta , as pessoas são sempre pessoas e conseguimos entender-nos.
Acredito que sim! O meu conhecimento de outros lugares e gentes vem mais dos livros que vou lendo do que das poucas viagens que tenha feito...

67 comentários:

harumi disse...

Físicamente o mundo existe para todos nós de igual maneira. E como dizes, se nós particularmete não conhecemos este ou aquele local, ou coisa, não é certamnete motivo para que ponhamos em causa a sua existência, uma vez que é referida da mesma maneira por várias pessoas, sem ligação entre si e em tempos diferentes.
De qualquer forma poderão existir realidades impostas, como é possivel verificar na triologia de ficção científica "Matrix".
Podemos a partir deste exemplo, reflectir sobre se o mundo social e político em que vivemos é a totaliade da realidade possivel, ou pelo contrário, vivemos e temos consciência apenas daquilo que nos é facultado, criando-nos assim uma percepção fraccionada do mundo real.

idadedapedra disse...

H (dito em inglês que fica mais giro, heitch:) : quem te diz a ti que o mundo existe fisicamente igual para nós todos? Aquilo que me ensinaram a mim que é a cor verde, será vista como verde pelos outros? Eu não faço ideia, nunca estive num cérebro diferente.
E se um alucinogénico faz ver coisas diferentes só porque estimula algumas partes do cérebro... será que usamos todos as mesmas partes do cérebro e vemos e sentimos tudo da mesma maneira?
E a educação e o sítio onde vivemos, disso depende a percepção do mundo também e isso fará concerteza que os pensamentos, sentimentos e emoções sejam completamente diferentes. E a nossa realidade é feita disso, por isso logo aí deve ser também diferente.
Eu não faço ideia do que é a realidade. Se me dissessem que logo ali havia uma porta para outra realidade que se está a passar aqui ao mesmo tempo, eu achava perfeitamente normal :)

reb disse...

Realmente, só captamos a realidade com os nosso 5 sentidos. Alguns animais têm outros sentidos mais apurados que os nossos e conseguem prever tempestades e tremores de terra.
Como é a percepção da realidade para um cego de nascença?
Qto aos alucinogeneos, tb não sei se o que as pessoas vêem é "outra realidade" ou antes ums distorção da mesma provocada pelos efeitos do químico em questão.
Qdo apagamos a luz à noite, não vemos nada...no entanto, continua lá tudo, não é?

Apesar de tudo, parece-me que os humanos devem ter coisas comuns em todas as partes do mundo, e talvez sejam os afectos. Todos sofrem com a morte de um ente querido, por exemplo...


Vou escrever agora no post "corpo emocional" pq tenho uma coisa pra vos dizer a esse respeito.

idadedapedra disse...

mas é que a realidade depende da maneira como o nosso cérebro interpreta os impulsos nervosos enviados pelos sentidos. Vé lá o que escrevi nas cores

reb disse...

sim, mas há coisas que vemos todos da mesma maneira ( eu vejo um bocadinho diferente pq sou míope :)

Agora, um alucinogeneo deve interferir mto na tal percepção pelo cérebro da realidade, não é?

idadedapedra disse...

não sei...
encontrei isto na net mas num site que vale o que vale:
"O cérebro humano teve uma "expansão súbita e misteriosa do tamanho", num período de 3 milhões de anos desde o Homo habilis até ao Homo sapiens, que surgiu há cerca de 100.000 anos atrás, simbolizando o homem enquanto indivíduo consciente e com percepção de si próprio. Este é considerado "talvez o avanço mais rápido registado para qualquer orgão complexo em toda a história da vida". Este facto, suscitando a curiosidade e interrogação por parte dos antropólogos e paleontólogos, indica a existência de um qualquer factor de pressão selectiva sobre o ser humano. O etnobotânico McKenna sugere que a presença de "compostos químicos mutagénicos e psicoactivos existentes na dieta dos primeiros humanos influenciaram directamente a rápida reorganização das capacidades de processamento informativo do cérebro". Por outras palavras, compostos alucinogénicos como a psilocibina, a dimetiltriptamina (DMT) e a harmalina, podem ter catalisado o aparecimento da autoconsciência humana.

Os nossos antepassados remotos descobriram que certas plantas, quando auto-administradas, suprimem o apetite, diminuem a dor, ocasionam explosões de energia, conferem imunidade contra patogénios e sinergizam as actividades cognitivas. Estas descobertas apontaram o rumo para a nossa longa viagem em direcção à autoconsciência. Assim que nos tornamos omnívoros utilizadores de ferramentas, a própria evolução mudou de um processo de modificação vagarosa da nossa forma física para uma rápida definição de formas culturais através da elaboração de rituais, línguas, escrita, capacidades mnemónicas e tecnologia. "

idadedapedra disse...

bem, ao que parece não está bem definido ainda como é que os alucinogéneos funcionam...
"É uma especulação razoável imaginar que haja um problema na capacidade de filtrar o que entra na consciência a partir dos sentidos", diz Sealfon, ressaltando que mais estudos ainda são necessários para confirmar a hipótese. Assim, a ação do LSD poderia ser comparada a certas doenças, como a esquizofrenia."

reb disse...

Acredito que as plantas que comiam ou inalavam tenham tido um qq papel no nosso desenvolvimento, a par de outros acontecimentos.
Ainda hoje, em tribos por esse planeta fora, devem continuar práticas dessas.
Os índios não fumavam o cachimbo da paz? Que folha era aquela e pq lhes transmitia paz?
Em marrocos, vemos velhinhos à porta das suas casas com cachimbos na mão a toda a hora.
Para não falar das mezinhas utilizadas ainda nas nossas aldeias ( será que ainda há aldeias? ) que curavam diversos males e talvez tb estimulassem os sentidos...
Isso tudo era antes de o trabalho ter tomado conta da nossa vida, exigindo de nós lucidez, dinamismo, rapidez, etc...
Trabalhar com moca não dá mesmo :)

idadedapedra disse...

http://www.cem.msu.edu/~cem181h/projects/96/lsd/drug.html

Aqui explicam muita coisa, mas vocês não vão perceber nada porque é linguagem muito técnica. Eu depois de conseguir ler tudo digo-vos... hoje tenho uma enxaquecazita ainda a chatear-me.

reb disse...

Pensei que já estava mais que estudado o papel dos alucinogéneos e a forma como actuam.
Nos anos 60/70, houve uma corrente "anti-psiquiatria", que fez experiencias com drogas, Lembro-me que havia um psiquiatra ( neste momento não sei o nome, mas já me lembro) que tomava LSD com doentes para "viajar" com eles e os trazer de volta à terra.
Sempre achei uma loucura e sabe-se lá o que pode ter acontecido a esses pacientes :)

reb disse...

Sempre que estou com enxaqueca há uma amiga minha que pergunta: "mais enxa ou mais queca?" :)

idadedapedra disse...

nessa altura queria-se muito encontrar a espiritualidade como o fazem os orientais, mas duma maneiraa rápida, à ocidente :) Foi por aí que começou o boom dos alucinogeneos, que depois deu merda pois claro

harumi disse...

Haverá diferenças de sensibilidade na percepção do meio físico que nos rodeia, só assim se percebe porque alguns de nós se emocionam perante um conjunto de pinturas expostas numa galeria de arte, outros ao ouvir uma obra de música clássica, etc, etc.
Mas este tipo de sensibilidade é adquirido com educação dos sentidos, e aqui os olhos ou os ouvidos, são só a ferramenta para que o cérebro percepcione a obra em causa.
Mas se falarmos das leituras feitas pelos orgãos dos sentidos, aí, acho que não existirão grandes diferenças entre nós. Não é por alguém ter uma sensibilidade à arte muito trabalhada que passa a ver cores diferentes daquele que não a tem.
o vermelho ferrari, acho mesmo que todos o vemos de igual forma. As cores emitem uma frequência que perante o nosso orgão óptico, são percepcionadas de determinada maneira. Claro que se alguém tiver olhos de gato, eventualmente vê algo diferente, mas como sabemos, todos temos olhos humanos.
Não imgino que quando eu me refiro ao encarnado por associação com o vermelho da carne, alguém possa estar a ver o sangue com a mesma cor com que eu vejo um relvado dum campo de futebol.

idadedapedra disse...

é mais enxa, acho eu :)
Estive a almoçar na praia sem sombra e estava muito sol...
Aliás vi um fenómeno engraçado e não tinha tomado absolutamente nada, juro: o sol tinha à sua volta um halo grande que era circundado por um arco-iris, que neste caso era mais um círculo-íris.. Resultado: enxaqueca :)

idadedapedra disse...

H: não imaginas... mas olha que se calhar é assim: se calhar para alguns o benfica é verde, mas eles chamam àquela cor que vêem vermelho :)

reb disse...

Deste uma boa achega, harumi.
Realmente, as difernças não estão tanto naquilo que os nossos sentidos captam mas nas associações que fazemos dentro de nós. Eu gosto de ouvir determinadas músicas pq me provocam estados de espírito, pq, provavelmente as associo a momentos de bem-estar, ou, no caso de músicas nunca antes ouvidas, pq despertam a minha sensibilidade. O caso das pinturas, q referes, tb é paradigmÁtico. Perante um quadro, cada pessoa repara em pormenores diferentes. Penso que se pode aplicar aqui a teoria da "projecção" ( a maggie é que sabe disto).
Há testes projectivos para avaliar as personalidades das pessoas. As pranchas de roschard ( escreve-se assim?) qdo apresentadas a várias pessoas permitem que, através da projecção ( dizerem o que lá vêem) se possa concluir se passaram por momentos traumáticos na vida, por exemplo.

reb disse...

Isso é coisa de daltónicos :)

idadedapedra disse...

bolas, preciso mesmo de me ir deitar que isto está outra vez a doer muito.
Bye bye minha gente, 25 de abril sempre!

nelio disse...

acho que se está aqui a labutar num erro ao chamar realidade à nossa percepção dessa mesma realidade. para lá do que nós percepcionamos, existe algo independente. nunca saberemos se uma árvore é exactamente como nós a percepcionamos, se emite algo para o qual não temos receptores, etc, etc. isso dava-se no antigo 6º ano (actual 10º) em psicologia, num capítulo chamado teoria do conhecimento. tive a sorte de ter nesse ano e nessa disciplina um daqueles professores que nos marcam para a vida e que merecem ser chamados de mestres. ou seja, o nosso conhecimento da realidade é limitado, mas ela existe, para lá da nossa percepção. outra coisa diferente é aquilo a que chamamos a "nossa realidade". aí sim, intervem toda a nossa percepção que está inevitavelmente contaminada por factores emocionais, culturais, e outros ais.

Tão só, um Pai disse...

IdP, é engraçado, eu também reparei no halo solar. Será que mais ninguém reparou? Será que se perdeu a capacidade de olhar para o céu, o sol e as núvens?

Quanto ao tema, pois até penso que a chamada realidade, é algo de individual, socialmente aprendida, e conceptualizada internamente através de algorítmos da mente, incluindo a terceira dimensão em que atribuímos. ou estimamos, a profundidade no espaço, uma vez que a nossa visão apenas nos permite ver a duas dimensões.

harumi disse...

IP (aipi....até que é giro! Bem feminino!)

Olha que tu não me venhas dizer que as camisolas do Benfica são da cor relvado, que eu até sinto formigueiro a subir por mim acima!

Imagino que já estejas a fazer ó-ó por causa do halo solar....radiações, é o que é!
Antes fora por causa da enxa ou da queca ou seja lá o que for.
Os meus desejos que amanhã acordes fresca que nem uma alface (e não me venhas dizer que vês as alfaces cor de laranja!).

25 de Abril sempre (já somos dois)
E viva o Benfica! Mesmo a perder, somos os maiores!

Tão só, um Pai disse...

Hum, uma coisa é a percepção da realidade, e outra é a compreensão da realidade, o que depende da informação e da sua organização em conhecimento. Por norma, temos medo do desconhecido. Há gajos que brincam com cascavéis e eu tenho um pavor a essa bicharada.

Tão só, um Pai disse...

IdP, melhoras para essa enxaqueca. Uma das receitas popularuchas para esses males é a de beber muita água e pôr umas rodelinhas de batata na testa. Mas não podem ser de batata semente. Senão, grelam. Se isso não melhorar, avisa. Cá te aguardamos para uma "trip" de palavras alucinogénicas.

idadedapedra disse...

Ora bem, hoje que já está fresca como uma alface, vamos lá a responder a esta maltosa:
H: nunca se vê a camisola do benfica igual ao relvado; se se vir a camisola do benfica de outra cor, então o relvado será outra cor ainda :)
ts1p: resumiste muito bem tudo o resto dizendo "uma coisa é a percepção da realidade, e outra é a compreensão da realidade, o que depende da informação e da sua organização em conhecimento"
é isso mesmo, vai daí conclui-se que a realidade pode (e provavelmente é) completamente diferente para cada um de nós.
E a receita de beber muita água é muitíssimo verdade, principalmente quando a enxaqueca é desencadeada por calor a mais e cervejolas desidratantes. Eu fiz isso (águinha) mas também tomei um analgésico potente e fui para o meu quarto ás escuras, porque nessas situações todos os estímulos intensos dos sentidos fazem doer mais.

TãoSóUmPai disse...

IdP,

:) ... fico contente por te ler mais restaurada dos sentidos. Essa da "estimulação intensa" dos sentidos fazer "doer mais", subjectivamente, tem muito que se lhe diga :) ... sendo o sol e os cheiros da maresia gostosos psicotrópicos, o bem estar que nos proporcionam fazem-nos sempre querer mais, e sem chapéu ou protecção solar. Talvez por sonharmos com palmeiras distantes. :)

idadedapedra disse...

atão e o tópico de homenagem ao 25 de abril??? Hein???
Tás atrasada hoje, Reb.
Espreita lá o und3rblog, tá o máximo!

TãoSóUmPai disse...

Bom dia, 25 de Abril.

Lembrei-me do jornalista Baptista Bastos, imortalizado numa rábula do Herman José, com a pergunta intimidatória "pois, mas onde é que você estava no 25 de Abril?", que é como quem diz, "você, que não fez nestum por isto, não merece credibilidade para falar ou decidir, em consciência e responsavelmente, sobre seja o que for". :)

TãoSóUmPai disse...

Hum, então aqui vai uma perguntinha metereológica para os que cá estavam nesta data. Pelo que me apercebi, no que vestiam as pessoas, em filmes e fotografias, fazia frio, não era?
O que nunca percebi era se estava céu nublado. Algjuém se lembra?

reb disse...

Pessoal, vim só escrever um tópico sobre o dia de hoje e ler a correr o que andam a dizer :)
Agora vou praiar que bem preciso :)

Não se equeçam que somos a ultima geração que cresceu com "abril"!
Por isso, parabéns a todos! :)

Tão só, um Pai disse...

:) e não te esqueças tu do chapéu e do protecto solar. Os tempos mudaram e são outras realidades :)

reb disse...

Não estive de caras para o sol, por isso não fez falta o protector :)

hmmm, chegou o calorzinho :)
Começamos a andar mais bem-dispostos, chegou ao fim a hibernação :)

idadedapedra disse...

se estava sol? Dizem que sim, mas acho que o sol era mais dentro da alma dos que viveram esse dia intensamente. Juram-me os meus amigos de mais 10 anos que eu, que no 1º de Maio seguinte estava um calor abrasador. Estive a ver imagens da manifestação desse dia e toda a gente tinha casaco vestido. Mas a alma devia estar ao rubro :)

Tão só, um Pai disse...

... :):):):) ... se fosse hoje, andavam com camisolas de alças e calças à dread ... :):):):)

reb disse...

isso já não se usa:)

Tão só, um Pai disse...

:):)::)):) ai não? então, conta lá ...

reb disse...

calças dread era há 10 anos atrás.
Os putos de agora usam calças mais normais e tshirts de alças só os blacks :)

Tão só, um Pai disse...

aha, eles compram calças normais para as usarem a metade da nádega e se verem os boxers.
Quanto às de alças, tens razão, eram capazes de usar tshirts sem mangas ou tshirts da ericeira :)

reb disse...

A minha experiência vem dos meus sobrinhos rapazes e dos meus alunos: já nunca mais vi essas calças de boxers à vista :))
tshirts sim, tudo o que venha de lojas de desporto-marca :) essas da ericeira eles adoram :)

os meus alunos é mais as das feiras que imitam na perfeição :)

Tão só, um Pai disse...

:):):) se não têm boxers à vista é porque devem ser betinhso :):):):) ...

reb disse...

:)))))))))

reb disse...

começámos a falar de realidade e acabámos a falar de boxers :))

Tão só, um Pai disse...

:):):) ... é verdade, a realidade tem muitas perspectivas e dimensões. Até umas boxers podem ser um instrumento de provocação ... :):):)

reb disse...

as boxers são tão reais com "esta pedra cinzenta em que me sento e descanso" :)

idadedapedra disse...

"Porque é livre como o vento
Porque é livre" (as boxers... ou os donos, e não estou a falar de cães)

reb disse...

:)))

E esta pra despistar: "Ser livre é estar sozinho!"

:))

Tão só, um Pai disse...

... e ... ? já há muito que eu e um amigo discutimos isso. "A liberdade também é uma topologia da solidão".

reb disse...

Pois...os nossos afectos são as nossas "amarras doces". Se não os tivessemos, não criávamos raízes e seríamos nómadas :)

Tão só, um Pai disse...

???? :)))) :):):):) ... o que impede os casais nómadas de se unirem, também, pelo amor? Nem os filhos os prendem a um lugar ... pelo contrário, aprendem, também, a ser nómadas :)

... :):):) ... e não me venhas cá com a história do "em sentido figurado", nem com a minha falta de sensibilidade emocional ... :):):):)

idadedapedra disse...

mas eu concordo absolutamente que só se é livre se se viver completamente sozinho, se nem compromissos de amizade se tiver

reb disse...

ts1pai, se quiseres fazer como os beduínos e andares de terra em terra com 5 filhos às cavalitas é lá contigo :))

IP, quem quer ser completamente "livre"?
Só se for o rapaz do filme "o lado selvagem" ( into the wild)
A propósito, comprei o livro, para compreender melhor o miúdo. Sabes o que me parece? Que, em alguma altura da nossa vida( de jovem) todos sonhámos com uma experiencia daquelas, mas poucos devem ter tido a coragem de "passar ao acto"

Tão só, um Pai disse...

:) REB, conheci pessoas sem-abrigo muito felizes.

... a felicidade não é uma "propriedade" dos sedentários, nem dos "remediados na vida ...

... se os meus filhos fossem mais felizes, não me importava de andar com eles às cavalitas, de terra em terra, como um cigano. Tinha era que lhes assegurar um instrução a sério. Conheço um exemplo duma coisa assim. :):)::) ... se fosse uma tribo, ainda melhor. :) ... mas para isto, é preciso muita coragem. São poucos os que a têm, de largar tudo para trás e abalar com a casa às costas. :)

reb disse...

os sem-abrigo só devem ser felizes qdo lá passa a carrinha das sopas quentes no inverno :)
Deve haver dias em que tb amaldiçoam a vida que levam :)
Têm a vantagem de não ter que acordar cedo com despertador como nós :))

Tão só, um Pai disse...

:):):):) ... se calhar, é só isso ... e se não for? ... já viste que trabalhamos tanto para sermos, um dia, mais livres? :):):):) ... por quantos anos?

idadedapedra disse...

trabalhamos para ser livres??? Essa não concordo nada.
Eu cá trabalho para poder dar às minhas filhas uma educação (bonito, hein?), para elas seguirem caminho sozinhas. Depois trabalharei para sobreviver e para poder cumprir alguns sonhos.
Liberdade total... no big deal... não tem grande utilidade para os nossos cérebros inquietos. Implica afastamento de todos os outros seres, mesmo dos não pensantes... E eu sozinha com o meu cérebrozito, chateava-me comó caraças de certeza. Há dias em que estou farta de mim, não vos acontece? Há dias em que me apetece dizer ao meu cérebro, eh pá vai lá fora ver se está a chover e deixa-me descansada um bocadinho. Ora imagino-me eu a viver na total solidão; às tantas queria divorciar-me de mim própria de certeza :), o meu respirar irritar-me-ía.
Eu gosto de ser eremita, um bocadinho, e acho que hei-de ser.. mas com carro para ir visitar os amigos e com net para teclar e aprender. Logo, não serei livre, porque precisarei dessas coisas :)

Tão só, um Pai disse...

:):):):):) ... deixa-me dizer-te que de solidão eu não percebo nada :) ... então de eremita .... :) ... mas tenho pena de me estar a tornar um. Ou melhor, gostava de reaprender a partilhar o meu espaço. ... afinal, a liberdade também é uma topologia da solidão.

idadedapedra disse...

hum... partilhar o espaço, o território... não faço isso há tanto tempo (só com as filhas o partilho, mas elas fazem parte dele) que não sei se ainda sei fazer...
Eu sou mansa e aceito muita coisa facilmente, mas ía-me custar ter alguém que me dissesse que não podia deixar os sapatos no meio da sala, ou que tinha que pôr cortinas nas janelas ou tampos nas sanitas :) E que os móveis estão velhos... E que não se pode viver sem cabides para pendurar as toalhas... São tudo coisas sem importância, mas que no dia a dia às vezes tomam proporções disparatadas

Tão só, um Pai disse...

:) ... não é fácil sairmos do isolamento, depois de nos envenenar a vida ... do silêncio ... dos momentos de reflexão ... isto é uma chatice, isto é grave ... ora, pensemos noutras coisas ... pois, essa das cortinas, enfim ... imagina (como me aconteceu) um vizinho, no café, chegar ao pé de ti e ... vejam lá se baixam a persiana da sala ... os miúdos estavam a ver ... bérébébéu ... enfim, intimidade é intimidade ... :):):)

Tão só, um Pai disse...

... hum ... IdPedra, no global do que falas, todas as sugestões me são bem vindas, desde que não desdenhosas e me aceitem na minha prórpria casa ... :):):):) ... o amor vira tudo ao contrário, mas ... mas, enfim, há limites para as sugestões. Hum ... até ideias para mudar o sítio dos móveis me faz logo franzir o sobrolho. Quando vim para aqui, andámos com eles de parede em parede para ficarem onde estão. Pois logo haviam de embirrar com eles, e querer andar, outra vez, a experimenar todos os cantos. Mind you, os móveis não mudaram de sítio e o resto começou a correr menos bem.

reb disse...

Eu tb acho que, ao fim de algum tempo a viver sozinha ( como diz a IP, as filhas fazem parte) não me imagino a partilhar o meu espaço com outro ser. Esse é o preço desta liberdade doce de poder ler na cama até apetecer, sem nos pedirem para apagar a luz, ou deixar a cozinha de pantanas e só a arrumar no dia seguinte. A nossa casa torna-se a nossa pele, e até gostamos de receber pessoas em casa, mas partilhar este espaço tão íntimo, tão "carne da nossa carne" :) torna-se dificl depois de já se ter vivido em conjunto e se ter aprendido a viver só.
Apesar de tudo, parece-me que é mais fácil para os homens reaprenderem a viver em casal, na mesma casa, do que para as mulheres ( depois dos divorcios)

Tão só, um Pai disse...

hum ... já vi que não és muito virginiana. Cozinha de Pantanas é o meu terceiro nome :)
Pois, percebo tudo o que tu dizes. Sinto tudo o uqe dizes ... mas ... sabes, eu não era assim e nem queria viver assim. Não sei, mas acho que não está muito certo. Quanto aos homens terem mais ou menos capacidade ... olha, nem todos somos iguais. :)

idadedapedra disse...

bem, Reb, eu reaprendi a viver em casal uma data de vezes... acho que é por isso que dou tanto valor à minha situação actual :)

reb disse...

Eu só vivi em casal com uma pessoa, mas foram muitos anos, e é por isso que tb dou tanto valor a esta liberdade:)
Mas não renego o tempo que vivi em casal, aprendi muitissimo, crescemos juntos e transformei-me na pessoa que sou hoje, com aqueles anos de cumplicidades.
Compreendo-te, ts1pai, às vezes tb me parece que isto não está "certo", somos um animal monogâmico ( pelo menos um só amor de cada vez) e, em termos afectivos, regredimos qdo estamos sós. É por isso que nos tornamos "intelectuais" e temos blogs destes que nos dão uma enorme satisfação. Ainda bem que somos polivalentes e conseguimos dirigir a nossa energia para um dos nossos lados, qdo o outro está pobre :)

Mas, não há nada no mundo que me faça sentir mais feliz, mais em paz, do que descansar a cabeça no ombro de alguém que amo e me ama, sentir o outro coração a pulsar ao ritmo do meu e ter a sensação( sentimento) de que estou completa...

é verdade, ts1pai, não sou virginiana, sou gemeneana ( um ser disperso e sonhador) :)

ZIB disse...

Pois eu sou outra gemeneana e, como a Reb, saída duma longa relação, onde vivi coisas boas e más como toda a gente e onde aprendi a crescer com as crises, com os filhos... E concordo com tudo o que ela diz, sim senhor. A minha casa, o meu espaço, onde eu adoro receber gente, é uma nova descoberta desta minha situação de single. Como tu, Reb, já não concebo partilhar o meu espaço com ninguém! Uf, agora que finalmente aprendi a viver só para mim, a ser eu própria, a dispor do meu tempo e do meu espaço, não conseguiria abdicar disso. E é verdade, tornamo-nos mais intelectuais, com outras necessidades que antes não tínhamos, ler, escrever, pensar …ou melhor, não tínhamos porque não tínhamos tempo para as ter, não porque não quiséssemos. E sim, como tu tenho momentos em que me apetece descansar a cabeça no ombro de alguém de vez em quando, mas isso não implica que tenha que partilhar o meu espaço no dia a dia com esse alguém. Nova vida, nova fase, novas necessidades, novas distracções, novas maneiras de estar na vida, novos amigos, tudo novo. Os gemeneanos não aguentamos muito as rotinas, né, Reb?

reb disse...

É verdade, zib :)

E tb acho que pertencemos a uma geração de mulheres que se tornou mto independente. Conheço poucos homens assim: geralmente, depois dos divorcios, ou vão logo viver com outras mulheres ou voltam para casa da mãe :)
Tenho uma amiga que partiu ontem para paris para umas férias sozinha ( 5 dias) e ainda hoje falei com ela. Sente-se bem, vai passeando e relaxando de uma relação complicada que tem com o homem com quem vive :)

Mas não há dúvida, os miminhos fazem muita falta....só que, nesta fase, gostava de encontrar um homem que me desse miminhos mas não quisesse vir habitar no meu ninho :)
Difícil, né? :)

Tão só, um Pai disse...

:) ... REB, tu, uma geminiana, e a ZIB também :) ... pois, nisto, dos afectos, não quero acreditar em nada.

Apenas percebo o caminho que tomo, ou melhor, tomamos. Prefiro sorrir. :)

Não me parece de todo extrapolável que um homem vá logo viver com alguém. Ou que aceite que alguém vá logo viver com ele. Não é assim. Sobre isto, nem sequer estou a roçar a ponta do iceberg, apenas a passar-lhe por cima, a muitas centenas de metros de altitude. Percebo o recurso à casa dos pais ou da mãe. Até percebo a variedade de situações que podem conduzir um homem a ir viver, mais rapidamente, com alguém. Agora, não se esqueçam de duas ou três coisas, não metam tudo no mesmo saco.

Há perdas que não saram e nem se preenchem, e sentidos de vida que deixam de o ser. No mínimo, ficamos sem os filhos, o que nos pode tirar muito sentido, se não o sentido. Como se não bastasse, podemos ser sujeitos a todo o tipo de acusações, chantagens, impropérios e, até, insultos, por manipulações teleguiadas. E ... a porra duma solidão agonizante, a de quem perdeu tudo, até, por vezes o rumo. Estranhamente, podemos continuar a produzir balões de ternura, não um fluxo constante dela, mas balões, dos bem grandes, que, muitas vezes, deitamos fora, ou porque sabemos que, nesses momentos, estamos mais vulneráveis e não queremos ficar magoados, porque o balão se pode transformar num rio, ou porque sabemos que poderemos magoar alguém, porque um balão, por muito grande que seja, é sempre um balão, também se esgota e demora a encher. Às vezes, levamos um encontrão e o filho da mãe do balão re-enche-se tão depressa que ficamos desorientados e, até mesmo, assustados. Gostamos de partilhar o nosso espaço nesses momentos do balão, e aceitamos entrar no outro espaço, também nesses momentos, os do tal balão. São estes os melhores afectos, totalmente voluntários, sem qualquer sentido de obrigação. Mas, sempre, para voltar a ficar de lado. Porque é no nosso nosso espaço, no nosso castelo, que enchemos, de novo, a vida e o balão, e é esse nosso espaço que nos faz dar o que ele tem de forma voluntária, sem dependências, posse ou obrigação. O nosso espaço também nos permite dar-lhe, ao balão, um lugar próprio, consentâneo com a necessidade de nos concentrarmos, também, no resto do que gostamos, para nós, na vida, e que nem sempre é partilhável, ou não o é de todo, como a necessidade de isolamento quando o queremos e nos apetece, sem mais ninguém. Também é esse nosso espaço que nos permite pôr o balão no lugar certo face ao que mpouco muiiiiito, que nos resta: os raros momentos em que eles conosco estão, e a preocupação com os filhos. :). Porque eles precisam, também, deste espaço para falar conosco, confidenciarem conosco, rirem-se conosco, sem a presença dum inibidor. Pai é sempre pai, e mãe é sempre mãe. De rsto, sabemos que só o nosso espaço nos permite sermos nós próprios, sem prescindirmos de nós, e é esse espaço que torna tudo claro, genuíno e voluntário.
Em resumo, a experiência da relação ensinou-nos quando os afectos são muito bons. E é só isso que queremos alcançar. Só queremos receber quando temos igual para dar, quando estamos cheios e queremos dar, e o fazemos com uma inusitada voluntariedade, porque queremos e não porque temos de, em convenções que já não aceitamos e das quais nos queremos libertar. Sabendo, de antemão, que há momentos em que não temos para dar, e que, nesses momentos, jamais quereremos acusações, mágoas e, muito menos, falsas compreensões. Mas, nesses momentos, somos exigentes, queremos uma companhia, nem que o seja à distância, com uma amizade de muitas cumplicidades, essa outra forma de afecto terrível, voluntária, solidária. Estas amizades também nos permitem ultrapassar os momentos de vazio do balão e, por vezes, muitas vezes, ou são elas que o enchem, ou são a razão para o voltar a encher. Eu sei, há afectos estranhos como o caraças. Onde isto vai dar, não sei. O importante, é não romper o balão. Aqui para nós, até nem espero que entendam isto. :) ... se calhar, porque nisto nada é peremptório, generalizável ou determinável, as mães que têm os filhos, apenas sentem o que um homem sente após a separação, quando eles começam a passar mais tempo fora do que dentro de casa. Se assim for, nós os homens levamos logo um avanço que, também e se calhar, nem o queríamos, desta forma.

idadedapedra disse...

é injusto os filhos ficarem com as mães quando os pais sempre participaram no seu crescimento de igual forma. Para esses pais presentes, deve ser muitíssimo doloroso. Eu entendo isso e até acho que nalguns casais os putos ficariam muito melhor com o pai do que com a mãe.
A outra forma de amor que falas, a amizade, essa também vai sendo cada vez mais importante à medida que se envelhece e se aprende e se quer viver sozinho. Se não fossem os amigos isto ficava muito vazio.
E dá-se ternura aos amigos. Pode-se até dormir no ombro dum amigo, embora nem sempre dê bom resultado :) Mas sei que é possível porque já me aconteceu.
Eu tenho uma vida cheia de amor, embora não daquele amor conjugal. Entre filhos, família e amigos, tenho montes de balões

reb disse...

ts1pai: qdo eu disse que a maioria dos homens, apos uma separação se envolve rapidamente com outra mulher, ou regressa a casa da mãe, baseava-me nas experiencias que conheço, que não sei se são a maioria. Não conheço um único homem que viva sozinho e conheço mtas mulheres( a maioria) que, dp do divorcio ficaram a viver sós, com os filhos.
Podes dizer-me e com razão que viver com os filhos não é viver sozinho. É verdade, os filhos preenchem grande parte da solidão que fica do desgaste de um amor, e são um estimulo para continuar. Como dizes, dão um sentido à vida! Há que seguir em frente, nem que seja só por eles.( na fase inicial)
És o 2ºhomem que me fala do desgosto insuportavel da separação dos filhos.
Sabes, eu nem consigo imaginar o que isso seja. Perder a rotina com eles, não lhes poder aconchegar a roupa da cama à noite e não sentir o cheirinho deles ao acordar ( qdo são pequeninos) deve ser muito difícil e deve ser sentido como injusto.
O outro pai de que falei, durante o 1º ano da separação pediu à mulher para ir todos os dias lá a casa adormecer a filha de 3 anos, pq era um hábito que tinham... E ela aceitou...

Mas, acredito que apesar de não poderem viver o dia-a-dia, essa relação pai-filhos, qdo é forte, se mantém e, depois da fase inicial, se reajustam e passam mto bons momentos juntos, não é?