sexta-feira, 4 de abril de 2008

Perfumes

Muito se fala em feromonas. Ao que parece um dos nossos sentidos ( o olfacto) é exímio em estimulá-las.
No entanto, ao longo da história, temos vindo a adicionar odores ao nosso corpo, através de essencias florais e , ou, perfumes de todos os géneros.
E as feromonas continuam a funcionar...
Se eu polvilhasse a minha cadela de perfume, nenhum cão se aproximava dela para a cheirar.
Para os animais só funciona o cheiro natural...
Mas nós até falamos de algumas pessoas assim: "Cheira tão bem!"....o que equivale a dizer: "Usa um perfume tão bom!" :)

16 comentários:

Tão só, um Pai disse...

Os homens, querem-se feios e a cheirar a cavalo. Elas, querem-se esculturais e com o cheiro das couves, de preferência colhidas há algumas semanas.

Tão só, um Pai disse...

:) couves greladas, claro está :)

reb disse...

Não era este o caminho que eu pretendia seguir qdo coloquei este post.
Acho a questão pertinente e gostava de ler algum comentário mais esclarecedor, mais científico...
Esperemos pela idadedapedra :)

Tão só, um Pai disse...

Pois, prefiro brincar e, na brincadeira, digo tudo, no que acredito. Às vezes, resumimos de forma exagerada pois, sem o estarmos verdadeiramente, sentimo-nos pressionados pelo tempo. Vê bem, tenho ali umas camisas por passar a ferro, com uns vincos junto ao punho. Como já dei cabo de algumas, é algo que me tira do sério, restando-me a esperança de que, um dia, o farei de olhos fechados, pois tenho fé em que aprendemos, também, fazendo. O problema é não saber, ainda, o "a partir de quando".

Introduza-se o assunto. Confesso a minha ignorância, apesar de ter lido algumas coisas sobre ele, não por o procurar mas porque, tais leituras, me caiem no colo. Às vezes, não temos muito para ler, quer num consultório, quer no num barbeiro, onde, para além duma ou outra revista masculina, claro está, de capa bem guarnecida, até a "Maria", estranhamente presente, marcha, e com gozo. O mesmo gozo com que, agora, escrevo isto :)..
Outras vezes, quando acompanho a minha filha a qualquer sítio, onde sabemos ser a espera, por norma, longa, compramos a revista que ela prefere, a qual, e sem outra expectativa, aborda, por vezes, este assunto, o do cheiro, referindo experiências e descobertas ... enfim, algo imberbes, a condizer com o público alvo.

Chega para introdução, entremos no que interessa. O papel do cheiro no relacionamento humano. Com e sem perfumes. Com a humildade de quem se traz na ignorância, apenas refiro no que acredito, agora e hoje. Que o "bom" e o "mau", dos cheiros, são aprendidos, são culturais, variam no tempo e, dentro de cada época, no espaço. Aqui, varia, ainda e muito, de pessoa para pessoa. Continuo em crenças, que o cheiro da nossa mãe é importante, mas não determinante, e que, em determinados contextos pessoais, o bom e o mau cheiro deixam de o ser, passando a, e apenas, "bom", neutro, ou ... a mau. Também acredito que nos habituamos rapidamente aos odôres, sejam eles "bons" ou "maus", e nos tornamos insensíveis. Embora, às vezes, ... isso seja difícil. Acredito que existe um cheiro social e mínimamente aceite, como norma de conduta. Acredito que o cheiro contribui para nos aproximarmos, ou não, das pessoas, mas que não é por isso que gostamos mais ou menos delas, principalmente se já as conhecemos. A menos que tenhamos vivido, ainda, muito pouco, ou nos tenha sido transmitida, de forma traumática, algum tipo de fobia olfactiva.

idadedapedra disse...

"Que o "bom" e o "mau", dos cheiros, são aprendidos, são culturais, variam no tempo e, dentro de cada época, no espaço." dos cheiros como de tudo o resto :)

"em determinados contextos pessoais, o bom e o mau cheiro deixam de o ser, passando a, e apenas, "bom", neutro, ou ... a mau. Também acredito que nos habituamos rapidamente aos odôres, sejam eles "bons" ou "maus", e nos tornamos insensíveis."- é com os cheiros e com quae tudo o resto :)
Quando me apaixono por um homem bonito vejo-o lindo; depois de viver com ele uns anos e já estar muito fartinha dele, já não o consigo ver bonito.
Portanto, são os sentidos; é a importância que nós deixamos que o cérebro dê aos impulsos eléctricos emitidos pelos sentidos.
Os perfumes servem para isso, para atrair; é preciso fazer um sinal de alerta no cérebro do macho que não daria pela nossa passagem se não lhe entrasse pelo olfacto a dentro até ao cérebro de uma forma tão intensa que seja mais forte do que "o ruído de fundo"
Eu não uso perfume. Não gosto. Gosto do odor corporal de cada pessoa. Mas eu sou a idade da pedra :)

idadedapedra disse...

portanto reb, em respoat às tuas perguntas eu diria que passou a ser necessário perfumes como cheiros mais intensos do que as feromonas para conseguirem atingir os cérebros pensantes. Mas nunca estudei sobre isto. Estou só a pensar por mim

reb disse...

Este último comentário talvez seja a resposta à questão. O cérebro influencia as feromonsas de forma a que elas sintam o cheiro de perfume como um atractivo, em lugar do "cheiro natural" de cada um, que segundo dizem é quase um cartão de identidade.
Ou seja, as feromonas tb se adaptam e culturalizam ( ao contrário do que acontece nos animais).
Já agora um aparte: há pessoas que dizem que os perfumes não são suficientes( desde que não se despeje um frasco para cima) para camuflar o odor natural...antes, misturam-se( adapatam-se a ele)...o que faz com que os amantes distingam o cheiro da sua( seu) amado do de outra pessoa que use o mesmo perfume :)

Tão só, um Pai disse...

Sobre isto dos cheiros, deixei muita coisa implícita. Por exemplo, que quando amamos, ou não nos incomoda mesmo nada, ou até gostamos do cheiro do sovaco da pessoa amada, do cheiro do seu suor, do cabelo por lavar. Quando não amamos ou deixamos de amar, tornamo-nos críticos e exigentes, os cheiros afastam-nos.
Acontece-me o mesmo com os filhos. Exceptuando o chulé dos ténis do meu filho, tudo o resto cheira bem. Como nunca os deixei de amar, continuam a cheirar-me tão bem, depois de todos estes anos. Nunca o cocó deles me cheirou mal, enquanto que, o das outas crianças, sim. São estes alguns dos contextos pessoais a que me refiro. Repito, são, e apenas, alguns.

Continuando, olhemos as culturas e as aprendizagens.
Nós, os portugueses, e no que aos perfumes respeita, temos uma preferência pela frescura, que associamos ao limão e às fragâncias florais. São os estudos feitos junto de grupos femininos que o determinam e, por isso, é o que se lança no mercado. As mulheres são as nossas mães. Aprendemos com elas gostos e cheiros.
Os norte-americanos têm preferência pelo cheiro a champô e óleo Johnhson, que usaram na sua infância, ou seja, identificam-no com bebés. Por essa Europa fora, a mesma marca de perfume difere e adapta-se às preferências culturais de cada país. É preciso ter cuidado quando compramos a nossa marca preferida de perfume num desses aeroportos internacionais pois, quase de certeza, será, pelo menos, ligeiramente, diferente.
Quanto a hábitos de consumo, os espanhóis estão à cabeça, no que se refere ao consumo per capita. A diferença em relação a nós, e não só, é tanta que, "sin embargo", nuestros hermanos devem enfrascar-se, todos os dias, em fragâncias e perfumes.


Povos e raças. A raça negra tem, na sua genética, um suor e cheiro característicos que, pelo menos há uns tempos, se dizia protegê-la dum inimigo de longa data, a mosquitagem. Duvido que seja só por isso. Como nasci e vivi por lá até aos 16, esse cheiro nunca me incomodou, sempre achei incompreensíveis os reparos dos recém-chegados que, a mim, cheiravam a sabão clarim, que era o cheiro do chão lavado. Cheiravam ao chão que pisava.
Desde pequeno que me lido àvontade e alegremente com os meus amigos indianos, paquistaneses e árabes, mas nunca fui à bola com os cheiros do incenso. Suporto-o por respeito. Tenho um amigo do peito que usa uma colónia cujo cheiro me dá vómitos e, ao qual, nunca me habituei. É, e espespero que o seja sempre, um amigo do peito. Uma pessoa que amei muito gostava e gosta de um perfume que nunca me foi simpático, era demasiado doce. Sempre foi o que lhe ofereci nas ocasiões especiais, passei a aceitá-lo com um sorriso e, depois senti-lhe, muito, a sua falta, a dos dois, a dela e a do perfume adocicado. :)

Ontem fui à ermida da Peninha e adorei os cheiros. Levei a companhia a minha filha, que também os adorou. Coisas de plantas, de maresia, são cheiros de vida e de liberdade. A natureza também tem uma palavra a dizer, na forma como nos gostamos, aprendemos a gostar e a identificar, pelos e nos cheiros. Na juventude acampei com malta amiga no meio de nenhures, ou no do matagal, ou numa praia vazia e desconhecida. Sem sabonetes ou perfumes, muitas vezes sem banhos, apenas com o nosso cheiro e o da natureza. Só dávamos por algo de anormal quando o contacto com a civilização o demonstrava.


Há, ainda, o nós e, claro, os animais. Nunca me incomodou o cheiro a cão cá de casa, para mim, indetectável, mas que não o era para os meus pais e sogros, quando nos visitavam. Queriam o cão fora de casa e tivémos que os pôr na ordem. Gostamos muito que nos visitem, mas é com o cão em casa. :)

idadedapedra disse...

eu confesso que gosto do cheiro a cão...
do cheiro a terra...
do cheiro de bosta de vaca...
por vezes até um certo cheiro sulfuroso de algumas águas menos limpas...
gosto do cheiro do alentejo na primavera

O tal cheiro a catinga, não me incomoda, desde que não seja em exagero, mas isso é tal e qual como o cheiro do suor dos brancos.
A minha filha mais nova é mulata e durante os picos hormonais do início da idade pubertário, por vezes tinha um cheiro intenso a catinga; não era pior do que o emanado pela mais velha nessas alturas...
Perfumes não gosto tanto. Não uso porque gosto do meu cheiro. Incomoda-me por vezes nos outros se for muito doce. Incomoda-me por vezes nos homens se lhes quero reconhecer o próprio odor corporal

Tão só, um Pai disse...

:) numa vida a dois, não há hipótese de um perfume poder ocultar o verdadeiro cheiro corporal. Ou se gosta da pessoa e, ou não, pelo menos inicialmente, do seu perfume natural, ou se gosta do seu perfume natural mas ... acabamos por não gostar do seu dono. É que também acontece. Ou seja, o cheira não determina o que somos por dentro e para os outros, nem o que os outros sentem por nós.

Tão só, um Pai disse...

Adoro os cheiros da zona do Rogil e Maria Vinagre, que começam um pouco antes, em Odeceixe. :) ... o cheiro da terra quente e molhada ... perturba-me, muito, transporta-me no tempo para outros espaços, aqueles em que nasci e vivi há muito tempo. Os outros cheiros são, para mim, sempre novos e inebriantes. Os do Alentejo profundo e a Serra do Gerês, são um exemplo.

reb disse...

Belas dissertações sobre um dos sentidos menos valorizado: o olfacto :)
Concordo que gostamos sempre do cheiro dos nossos filhos. Lembro-me que, quando elas eram pequenas ,adorava o cheirinho que tinham ao acordar, o hálito :) Lembro-me de "snifar" os pijamas delas qdo lhes ia fazer as camas. E, tal como o "tão só um pai", o cocó dos meus bebés nunca me cheirou mal :)
O cheiro da nossa infância é delicioso: comida da nossa mãe, o cheiro de alguns frutos, e, no meu caso, o cheiro e sabor dos pães de leite é um delírio. Às vezes acontece-me encontrar uns que sabem tanto à minha meninice que fecho os olhos qdo os estou a saborear :)
Qto aos nossos amores, o cheiro do perume que usam é tão potente que, se na rua nos deparamos com um cheiro semelhante, activamos logo as papilas olfactivas:)
Nisso, como em tudo, somos subjectivos: gostamos do que é "nosso" e somos insensíveis ao que nos é distante.
Mas a questão inicial deste post era outra: antes de começarmos a gostar de alguém, somos atraídos pelo seu cheiro. Escolhe-se? Eu não consigo aproximar-me de alguém se o seu cheiro( e outros aspectos ligados à minha sensibilidade) não me atrairem.
Ora, vivendo nós numa época de sabonetes, gel de banho, shampoo, desodorizante, perfume, como podemos dizer que as nossas fermonas reagem ao odor específico dessa pessoa?
Por isso, fiz uma analogia com os animais. Eles simplesmente rejeitam odores artificiais :)

Termino com uma coisa que me contaram: o Napoleão, qdo vinha das suas batalhas, enviava um recado para a sua Josefina: "estou a chegar. Não tomes banho!" :)

Tão só, um Pai disse...

:) ora aí está, o banho e a história do banho. Se calhar, não tem muito a ver com o pedido de Napoleão mas, provavelmente e ainda nessa altura, havia uma crença generalizada de que o banho e a lavagem da roupa eram muito prejudiciais para a saúde, fragilizavam a pessoa que, assim, se tornava muito vulnerável a maleitas mortais. As roupas vestiam-se até o seu fedor se tornar, mesmo, insuportável, não para nós, que vivemos hoje, mas para eles, não obstante alguma insensibilidade desenvolvida em relação ao mesmo. Depois, os trapinhos iam para o lixo. Nas cortes, os perfumes também reinavam, para atenuar alguns conflitos olfactivos.
Arrisco uma especulação: talvez a Josefina lhe cheirasse mal, depois do banho. De certa forma, regresso aos dois primeiros comentários deste post :)

idadedapedra disse...

banho diário faz muito mal à pele :)
uma coisa engraçada na pediatria de hoje é que as mães teimam em dar banho aos bebés pequeninos todos os dias... Com isso tiram-lhes a gordura normal da pele. Mas tararararara: enchem o banho de óleo e besuntam-nos com vários cremes hidratantes caríssimos...!
Crazy world!

Tão só, um Pai disse...

:( ... e nos adultos? Será que o aconselhável é lavarmo-nos à gato? Não ... bem ... pois, não é com a língua, mas por "partes", sem molharmos o corpinho todo?

idadedapedra disse...

isso depende da pele e do uso que lhe dês. Uma pele seca, num país frio, não deve ser lavada todos os dias (por isso os cámones tomam tão pouco banho). No nosso país, no verão ficamos muito peganhosos e mal cheirosos