quarta-feira, 9 de abril de 2008

Um povo sem história é um povo sem memória!

Para mim, que não sou prof de História, acho esta a disciplina mais importante!
Dá-nos a noção do "devir", da mudança. Dá-nos raízes, estrutura-nos. Dá-nos esperança: a humanidade tem vindo a evoluir.Embora haja retrocessos, o caminho é o do aperfeiçoamento ( um passo atrás e dois à frente, dizia o lenine).
A história são as nossas memórias, aquilo de que somos feitos, o que nos foi transmitido, e o que iremos transmitir às gerações futuras. Situa-nos no tempo, deixa-nos compreender melhor os nossos próprios ciclos, o nosso crescimento.
Sem História, sem memória, a vida perde o sentido.
Os jovens deviam interessar-se mais por esta disciplina que, infelizmente, para os que seguem o ramo científico, acaba no 9º ano...

12 comentários:

Tão só, um Pai disse...

Hum ... por vezes a História também os torna, aos alunos, cínicos e retrógrados. E temos de andar nós cá em casa para confrontá-los com outra informação, porque os programas não dão mais relêvo a outros aspectos, se calhar mais importantes. Há qualquer coisa, ou muita coisa, errada nisto. Com tanta higiene política, não se questionam as consequências morais e humanas dos actos mais bárbaros.

Tão só, um Pai disse...

... já agora, nem em todos os ramos "científicos" a história acaba no 9º ano. Lembro-me de que, há 25 anos, apanhei, no 1º ano da faculdade, uma disciplina de história económica, em que toda a bibliografia estava em língua inglesa, o que me fez andar um pouco aos dicionários, que é como quem diz, "ao papel", e me deu um prazer enorme. Costuma ser assim, quando descubro algo para o que ainda não tinha resposta.

idadedapedra disse...

pois, a história é a memória, claro. Lá se a memória está correcta ou não, isso dava aqui pano para mangas e outros frutos.
Eu tenho uma incapacidade completa para decorar o que quer que seja de história. Sei quem foi o 1º rei de portugal e pronto.
E já tive que voltar a estudar história para ajudar as minhas filhas na escola... e logo a seguir desaparece-me tudo da cabeça num instante. Provavelmente sei mais do início do universo até à pré-história do que daí para a frente. Não faço ideia do porquê disto. É que das outras disciplinas ficam sempre algumas noções, a tal da cultura geral que é aquilo que a gente se lembra quando já esqueceu tudo o que aprendeu. Mas da história não me fica nadica de nada.
A minha filha mais nova andou na voz do operário e aí todos os anos o que eles davam na disciplina de história era o 25 de abril :) Aí era fácil de a ajudar porque é história muito recente e recordo com muito prazer, porque fiz parte dela

idadedapedra disse...

"Embora haja retrocessos, o caminho é o do aperfeiçoamento ( um passo atrás e dois à frente, dizia o lenine)."
Aperfeiçoamento... depende de que perfeição estejamos a falar.
Evolução sim, 2 passos para a frente, um para trás.
Evolução no sentido de virmos a utilizar cada vez melhor as capacidades do nosso cérebro, no sentido de virmos a descobrir cada vez mais coisas.
Mas a perfeição é tão subjectiva. Depende de pessoa para pessoa e dentro da mesma pessoa, das etapas da sua vida.
falando da humanidade, estamos a aperfeiçoar-nos? Não sei a resposta a esta pergunta. Talvez daqui a 10 comentários já tenha uma ideia :)

Tão só, um Pai disse...

É curioso. Também me lembro muito pouco do que dei, lá me lembro de um ou outro nome, algumas vezes por outras razões que não o de lhe estar associado algum facto histórico em si, tipo "Nabucudonussor". De resto, sempre achei os historiadores portugueses um pouco intragáveis na escrita. Já não tanto na televisão, com esse comunicador de larachas que dá pelo nome de José Hermano Saraiva.
No meio desta curiosidade, sempre tive uma baixa auto-estima pelo primeiro rei cá do burgo. Não sei porquê, sempre o achei muito desmiolado, irresponsável, do tipo impulsivo-instinctivo-animal, o mesmo que acho dos vinkings, e cujos principais prazeres seriam o de beber e, em vez da caça, malhar nos e assaltar mouros. Ora, uma vez, vou eu deambulando por uma livraria, e dou de caras com um livro sobre o espécimen em causa, da autoria do Diogo Freitas do Amaral. Claro, devorei-o, ao livro, em apenas um dia, para chegar à conclusão de que, o nosso primeiro rei, até era um bárbaro com alguma probabilidade de se civilizar. Aliás, é isso o que penso de alguns "jovens turcos" que se espavoneiam pelos pelos nossos partidos políticos e empresas. É verdade, é verdade, digam lá o que disserem, a história também se repete e as formas de pensar, em 1000 anos, até nem se alteraram muito, só os contextos.

Quanto ao a História ser a memória de um povo, os programas escolares eram um pouco como os meus escritos sobre os miúdos, apenas me apetece lembrar das coisas boas e, ao contrário de mim, os historiadores colocam o "locus de controlo" no externo, as coisas más ou menos boas, quando alguma referência lhe fazem. Eram só grandes epopeias e vitórias.

Resta-nos a história mais universal, e essa sim, a integrar num programa de cidadania e de valores para a cidadania, que é o que falta aos miúdos, ou porque que precisam da sua confirmação constante fora de casa, ou porque, simplesmente, nunca aprenderam esses valors em casa.

reb disse...

História é uma disciplina transversal: tudo se insere na história, ou seja, no tempo. Há a história da ciência, da literatura, da arte, da filosofia, da economia, dos costumes,...
Acho -a uma disciplina tão importante pq, só contextualizando no tempo, podemos compreender as coisas.
Que há interprtetações históricas diversas é um facto, mas os documentos originais são o ponto de partida. E há factos que são reconhecidos por todos. Agora, analisar o que faziam os romanos na época do seu império à luz dos nossos olhos de hoje, é esquisito. O que fica, como alguém disse aqui, são as boas coisas que nos deixaram e fizeram evoluir.
Qdo eramos pequenos, decoravamos os livros. Mas alguma coisa ia ficando. Qdo voltei a falar de história com as minhas filhas, relembrei algumas coisas e passaram a fazer mais sentido.
Para mim, o que mais me interessa é perceber como seriam as pessoas desde a idade média, em que só havia aquelas 3 classes; clero, nobreza e povo. Como passou a ser dp da revolução industrial, em que saem dos campos para as fábricas, qdo surge a nova classe: a burguesia comerciante, o apareciimento do dinheiro. Como começam os trabalhadores das empresas a revoltarem-se e surgem os movimentos operários....e depois disso, o seculo 20, com os regimes comunistas e nazis. E finalmente o nosso pos-guerra, os direitos humanos, o fim das ditaduras, e esta coisa a que se chama democracia.
Ultimamente, penso mto na revolução tecnologica nas várias classes sociais e em como as pessoas vão mudando com isto.As novas gerações que saem menos de casa que nós saiamos na idade deles, pq conversam com os amigos online. Que repercussões positivas e negativas tem e virá a ter nas nossas relações pessoais?

reb disse...

IP, tens razão: "aperfeiçoar" foi um termo mal escolhido. É mais evoluir, como dizes.
Tenho tendência a pensar que nos vamos tornando melhores, pq já não há escravatura (legal), pq as mulheres já fazem parte activa da nossa sociedade( ocidental), pq os negros já podem candidatar-se a presidentes da república, etc...
Mas...o tal passo atrás, o grande eogoismo das sociedades modernas, onde deixou de haver lugar para a solidariedade e inter-ajuda entre vizinhos e comunidades, o dinheiro como objectivo de vida, o consumo como maior prazer...
Sim, nestes aspectos, somos certamente mais imperfeitos que os nossos antepassados...

harumi disse...

No verão de 2006, aconteceu em Cascais um workshop sobre o tema "Memória: Da realidade pessoal à realidade científica". Esta iniciativa teve as seguintes colaborações:
Maria Filomena Mónica
João Lobo Antunes
Carlos Fabião
André Valente
Alexandre Mendonça
Graça Melo
António Damásio
e
Hanna Damásio
(Esfera do Caos Editores)

A compilação do conjunto destas colaborações, deram origem à publicação do livro: "Toda a memória do mundo" (Esfera do Caos Editores).

Foi uma das minhas últimas leituras.
É uma viagem pelo mundo da, e das nossas memórias, e de como elas são o berço da nossa ideia de existência pessoal e colectiva.
Recomendo-lhes vivamente

idadedapedra disse...

ok, tá feito. Foi o livro "sentimento de si" do damásio que me explicou o que são as emoções. Agora vou então entender a memória... Será que o gajo tb tem um livrito sobre a timidez para eu entender como é que ela se forma nos nossos neurónios?

Tão só, um Pai disse...

no link que indiquei falam em "auto-represamento" :(

harumi disse...

Sobre a timidez, talvez seja preferível a abordagem psicanalítica à do António Damásio, que se situa mais na geografia cerebral e como ela gera ou inibe comportamentos quando sujeita a alterações.
De qualquer forma achei o livro interessantíssimo no que aos mecanismos da memória diz respeito.

reb disse...

Obrigada pelo conselho. O livro entrará na calha :)