sábado, 5 de abril de 2008

"Nós"

Falo de "nós" pronome pessoal ( eu, tu, ele,...)
Excluindo as relações familiares...quando podemos na vida dizer que "eu+tu= nós" ?
Quantas vezes sentimos que o" outro" encaixa no nosso "eu"?
Quantas vezes sentimos uma sintonia de semelhanças e diferenças que nos torna compatíveis?
Quando nos acontece ter ternura pelos "defeitos" do outro, pq essas são as suas características únicas, que o tornam especial a nossos olhos?
Quantas vezes perdemos o medo de mergulhar no oceano dele e deixá-lo mergulhar no nosso, criando uma união com códigos secretos, inacessíveis às outras pessoas?

Quem já viveu situações destas, sabe do que estou a falar: sem se dar por isso, começa-se a usar a 1º pessoa do plural: NÓS!

8 comentários:

Tão só, um Pai disse...

Há uns tempos atrás, os filhotes perguntaram-se o que era isso do amor ... e qual a diferença entre gostar e amar. Recuei uns anos valentes, lembrei-de do embevecimento enamorado pela mãe deles, de alguns episódios recambolescos, quase trágicos, que me deram o mote: gostar, é quando alguém que vai à nossa frente é atropelado e isso nos dá um desgosto até ao fim da vida. Amar, num daqueles amores de faca e alguidar, é quando alguém que vai à nossa frente está prestes a ser atropelado, e nos pomos á frente do carro, para que isso não aconteça.

Ou seja, a diferença poderá estar, também, na ausência de sentido que a ausência da pessoa trará á nossa vida. E vice-versa. Esta é, também, e em maior ou menor grau, a essência da diferença entre o eu e o nós.

Explicá-lo, de forma racional, poderá ser demasiado insensível. Deixo-o aos matemáticos e às descobertas revolucionárias dos físicos quânticos. :)

idadedapedra disse...

amor pelos filhos, é óbvio (embora eu ache que as suas origens vêm realmente do instinto de sobrevivência)... amor pela mãe... amor por familiares que nos acompanharam o crescimento... amor por amigos que nos acompanharam no amadurecimento...
Por qualquer um destes eu diria que me poria em frente do carro para ser eu a atropelada.
Pelos homens que passaram na minha vida, talvez quando andava com eles também fizesse isso. Será então que amei e nunca dei por isso?
Amor que a morte deixa marcas para o resto da vida: com os primeiros que descrevi é óbvio; com os homens... eu diria que se qualquer um deles tivesse morrido quando eu estava loucamente apaixonada por eles, ficaria uma marca para o resto da vida e eu diria que "o homem da minha vida" tinha morrido :)
Sou horrível, não sou? Mas é que nesta idade já aceito perfeitamente aquilo que sou :)

Tão só, um Pai disse...

... e mais não te/nos pode ser exigido, :) ... o problema está em que, por vezes, quando conhecemos o amor, a fasquia fica demasiado alta e demoramos a baixá-la, para recomeçarmos tudo outra vez, sermos humildes, percebermos que, na essência, não haverão dois amores iguais, e permitirmo-nos arriscar para o descobrirmos mais uma, e outra, e outra vez. Quer quando acontece, quer quando "escolhemos" e ... acima de tudo, quando somos "escolhidos" e o aceitamos como ponto de partida.

reb disse...

Gostei mto de vos ler. Fiquei com um sorriso na cara :)
Sim, os amores que nos acompanham toda a vida ( no nosso caso parecem ser os derivados de laços de sangue ou os amigos escolhidos) não nos deixam dúvidas: punhamo-nos à frente do carro, ou, pra naõ exagerar, adquiriamos um tal reflexo que o salvávamos, salvando-nos também.
O busílis são os outros amores que vamos sentindo ao longo da vida: para algumas pessoas ( sortudas) há um amor que as acompanha desde a adolescência até ao fim da vida ( crescem juntos, integram-se um no outro e formam um "nós" invejável). Mtas vezes, qdo um morre, o outros pouco tempo mais lhe sobrevive.
Mas outros têm várias experiencias amorosas ao longo da vida, e embora nem todas sejam marcantes( algumas são resultado de uma carência essencial para a sobrevivência), as que marcam nunca mais se apagam: o que fica dentro de nós é um ganho imenso, tornamo-nos pessoas melhores. Depois, com o tempo, ou prevalece uma amizade ou fica a separação física, mas o que existiu é integrado na memória e sobrevive ao tempo.
Há uma frase do fernando pessoa com a qual me identifico completamente: "Guardo, dentro de mim, num altar, todos aqueles que amei!"

ZIB disse...

Gostei Reb, “o que existiu é integrado na memória e sobrevive ao tempo”. O amadurecimento deve ser isso. As más experiências fazem-nos crescer e encarar a vida com mais “tesão”. As boas experiências, tornam-nos melhores. Mas então, porquê as más experiências nos fazem criar uma carapaça tão dura, que às vezes nos impedem abrir-nos ou confiarmos em novas relações (amorosas ou de amizade)? E porquê as boas experiências fazem com que queiramos repetir o “formato”, distorcendo a essência duma nova relação, nem que seja com a mesma pessoa? E isso não é possível, pois não? Portanto, só podemos encarar novas relações com novos formatos, porque cada pessoa é um mundo e nos vamos tornando diferentes nas diferentes etapas da vida … mas estou de acordo, as antigas experiências sobrevivem no tempo, integradas na memória.

reb disse...

Sim, acho que todas as experiências nos servem para alguma coisa: as boas, ficam a fazer parte de nós e enriquecem-nos como pessoas, as más ensinam-nos muito, fazem-nos pensar e tentar não cometer os mesmos erros. O que acho preocupante é qdo nos tornam azedos ou ressabiados. Penso que devemos estar muito atentos a isso, pq é humano, mas pode-se evitar se extrairmos alguma coisa boa da lição aprendida. Todos conhecemos pessoas que, por terem algum azar na vida, invejam os que estão bem e tornam-se "mazinhas".
Qto à tua questão: nunca se pode voltar a molhar os pés na mesma água do rio ( a água será outra e nós tb ) :)

idadedapedra disse...

por estranho que pareça eu acho que se amadurece mais e que nos tornamos melhores pessoas mais à custa da dor do que do prazes

reb disse...

Concordo contigo: a dor ensina-nos mto mais do que o prazer!
Os maus momentos, depois de passarem, tornam-nos mais humanos...