Nada é comparável. No entanto, a nossa experiência pessoal serve-nos de base para tentarmos entender a dos outros.
Se há coisa que eu gostava de entender é o sentimento de pai. Sou mãe e conheço muitas mães. Como as mulheres falam mto umas com as outras, não preciso que verbalizem o seu sentimento maternal, pq está presente em todas as conversas. As mulheres falam mto dos filhos, eles ocupam grande espaço na sua mente. Os homens falam menos da sua vida pessoal.
Imagino que o sentimento de pai seja tão intenso e profundo quanto o de mãe, mas é seguramente diferente...
Quando a minha filha mais nova nasceu, o meu marido (na época, era-o) olhou para ela e disse: "Sinto-me disponível para me apaixonar de novo!" ( o "de novo" referia-se à 1ª filha:) )
Achei aquilo mto bonito, até pq foi espontâneo, e a disponibilidade para amar é, em si, já um estádio desse amor.
Mas pensei: "Eu já estou apaixonada por ela há tanto tempo..."
Ou seja: o arranque não é igual, e acredito que, nos 1ºs tempos, esses 9 meses de antecedência façam alguma diferença, mas, depois, essa diferença esbate-se e o pai apanha rapidamente a carruagem.
Ainda assim, gostava de compreender melhor o papel que os filhos têm no coração dos pais, como sofrem ou ficam expectantes por eles,como se orgulham, como lhes servem de bússola para não perder o norte, etc.
Já que tenho tantos comentadores homens, ainda por cima homens que gostam de pensar e conversar, será que conseguem verbalizar esse sentimento, nem que seja com uma só frase? :)
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25 comentários:
Ora, estás como a psicóloga da minha filhota, no acompanamento da anorexia. Deu-nos, a mim e à mãe, um questionário de 14 perguntas em que a primeira era qualquer coisa como "O que sentiu quando viu, pela primeira vez, a sua filha?". A minha filha foi a segunda, depois de um primeiro. Escrevi uma página e quase meia, com tudo o que senti nesse dia, de ansiedades e enamoramentos, de surpresas, de saber que ela ia ser só minha. Ser pai também se aprende, porque também é ser-se mãe. Ser pai, também é a coragem de afastarmos a mãe, algo que não fiz com o primeiro por razões que, para aqui, não são chamadas. Com a segunda, aprendi a ser mais pai do primeiro, a deitar abaixo as barreiras aos afectos, algo muito mais fácil com uma menina do que com um menino, a atirar para o lixo os conselhos pediátricos (desculpe, sra. dona cientista) de quando fazer e como fazer. As outras perguntas tinham a ver com datas, do tipo "quando deixou de dormir na vossa cama", e a todas elas só sabia responder "quando ela quis ou já não cabíamos os três", ou, então, "quando ela o entendeu e como o quis". Mentalmente nunca fixei objectivos ou criei outras expectitavias para a filhota que não fossem as de se sentir segura e de a proteger nos seus passinhos hesitantes. As avós andavam lixadas comigo, sem dar por isso afastava-as da miúda, ela era minha e as avós já tinham tido os seus bébés. O curioso foi a filhota nunca ser uma "estragada" de mimos. Sempre nos foi obediente e aceitou as explicações dos nãos. Ser pai é borrifar-me nos conselhos pediátricos e hexitações a mãe, de os manter em casa e não ir a correr para o hospital. Uma ova, se ao segundo dia continuavam com febrões, agarrava neles e ala para as urgências, queria saber o que se passava, a história duma gripezinha ou duma virose era coisa que não me chegava. Se a doença fosse minha, ficava em casa, com eles é que não. Pois, olha, ser pai é um sentimento de zêlo enamorado, ora sereno ora angunstiado, por uma ligação inexplicável de criação comum, em que ambos, filho e pai, se pertencem como um todo comum. Ser pai é, também, viver num orgulho silencioso de afectos. Não sei que mais te possa dizer sobre isto. Nada esgotará a estranheza do que sinto. Ser pai não é algo de estático. Desde que os vi pela primeira vez na ecografia, tudo foi mudando. Depois de nascerem, muda tudo todos os dias, porque, com eles, todos os dias é como se fossem, sempre, uma primeira vez. Quem é que explica isto?. De resto, não sei muito bem como uma mãe explica o que é isso de ser mãe, sem o fazer por clichés. :) talvez fosse bom sabermos o que pensam as mães no que o sentem enquanto mães. Não que aos pais isso nos interesse muito. Para resumir, não concebo os meus filhos sem a mãe na sua vida, para o melhor e para o pior. Isto diz tudo. Quando estamos lá, sentimos que entre eles se passa algo.
aqui não posso comentar :( Eu bem tento ser mãe e pai, mas não é possível
Ah, pois, mas se tivesses um gajinho na família, podes ter a certeza de que, sem grande esforço, serias os dois.
Imaginava-me lá eu a acompanhar a filhota à ginecologia e discutir com ela e com a médica tudo o que havia ou haverá a saber sobre a menstruação. Quando chegou a altura foi para mim o mais normal, nem pensei duas vezes quando a mãe me pediu para o fazer, devido a impossibilidades profissionais. A minha filha sabe que fico chateado quando faz do seu corpito e da sua sexualidade um tabu de mistérios e lugares comuns. O curioso foi quando a médica, um bocado atónita, lhe perguntou se queria fazer a consulta sózinha ou com o pai, ela lhe ter respondido que não, que queria o pai com ela. É que eu também fazia perguntas pertinentes, que ela nunca faria e para as quais também queria respostas.
IdP, a malta vira-se, pá, e tem capaciade para se assumir até como um camaleão. Tabus é que não. É como o disse à filhota, "não tens nada que eu não te tenha já lavado e posto ou halibut ou outro creme para não assar. Sempre que for preciso estou aqui para o fazer outra vez, para te dar banho, alimentar-te e por-te os cremes de que precisares".
Isso de que os meninos tratam com o pai e as meninas com a mãe apenas servem para reproduzir tretas, mistificações e mal-entendidos. Também tive ... mais ou menos sorte. A mãe, embora vigilante, sempre me deu carta branca em tudo o que à filhota dizia respeito. Enfim, de vez em quando lá fazia côro com as avós. Mas sempre teve a atitude certa, ora de afastamento, ora de aproximação, ora se ria das nossas baboseiras e porcarias com a comida, ora se zangava. Tudo isto serviu para reforçar a minha cumplicidade com a filhota, que muitas vezes, às onze da noite, enquanto todos os outros já dormiam, estava à porta para me ver entrar e para lhe contar uma história de belas adormecidas. Não há nada que pague isto.
... e ... reb, sobre isso do arranque ... é que a malta trata a mãe já como se fosse filha, estamos atentos a tudo, aos pressentimentos dela, aos seus humores, estamos em constante estado de alerta, trazêmo-la nas palminha, desesperamos com o que não compreendemos, engolimos o que, noutra situação, até podia originar divórcio, e até já estamos numa preocupação de m... como se já fossemos pais. Por vezes, até acordamos a meio da noite com suores, porque deixámos de a ouvir respirar. As gravidezes das mulheres não é, para nós os pais, algo de sempre e naturalmente chato e pacífico. Pode ter muita angústia deste lado, principalmente quando é uma gravidez de risco. Nem sempre a gente leva isto na boa, com calma e descontracção. Quando é isso o que parece, desenganem-se as moças, é que a malta faz das tripas coração e parece o que acha que deve transparecer.
A mim parece-me que este é um pai mto especial...ou será apenas que tem capacidade de verbalizar o que sente enqto pai, coisa que mtos homens não têm?
"É um sentimento de zelo enamorado, ora sereno ora angustiado...".
Isto é mto bonito, este pai deve ser poeta, não? :)
Engraçado que seja mais fácil demonstrar esse "enamoramento" com a filha do que com o filho....São relações diferentes, não é?
Essa de ir ao ginecologista com a filha nunca tinha ouvido falar :)
E ela deixou?? :)
Qto às angústias perante as doenças em pequenos, isso já acho que é típico de pai....as mães, em geral, não têm tanta ansiedade...
Essa relação com a barriga da mãe tb pensei que não se passasse assim. Alguém, mais, quer falar sobre isso? Ou será coisa de pais poetas? :)
:) n posso comentar pq n sei o q e ser mae, mas julgo q deve ser um sentimento muito bonito, acima de tudo e q os pais também o sentem:)
há pais q por vezes também ficam "grávidos", ou seja, experimentam uma gravidez psicológica como q por solidariedade com a mãe!
Hum ... REB, ai tu achas que isto tem a ver com a poesia? Ha ha ha, não, menina, qual poesia qual quê, nessa altura nunca tinha pensado em poesia e nem em escrever seja o que for, isto tem a ver com o ser pai e como eu há milhões. Verbalizar? Eu tenho a minha maneira de sentir as coisas, mais memórias para emoções que para factos. Eu consigo-o na escrita, porque, de resto, é como to disse, sou calado e gosto de o ser. Se os outros não escrevem, não os posso obrigar. Tive um colega que escrevia muito mal, provavelmente nunca escreverá seja o que for, mas, na troca de impressões que tinhamos, percebi que era igual a mim, na sua forma de sentir e nas suas preocupações. Isto está-nos no sangue.
E quanto à ginecologia, sim, fui lá duas vezes e irei as que forem precisas. Da primeira vez, a minha filhota estava apreensiva, lá está, o tabuzinhos, e eu disse-lhe, quando quiseres que o pai saia, dizes. Olha, não saí nem nessa nem na seguinte. Só não achei piada ao facto de a médica estar pouco àvontade comigo. Depois, passou-lhe o nervosismo. Tudo isso se passou há dois anos e, o mais provável, agora, é acompanhá-la e ficar cá fora, porque ela assim o quer, o que também é ser pai. Mas faço questão de entrar sempre no princípio, cumprimentar a médica, e de voltar no fim, para saber o que me tem a dizer e ou queira transmitir, também, à mãe. A minha filha não aponta nada e esquece-se das coisas. Eu, porque sei como sou, tiro um bloquinho e vou de apontar tim tim por tim tim. A malta não pode ser preguiçosa e despreocupada com a saúde dos filhos. De resto, tenho por hábito o de fazer um resumo escrito à mãe e detesto ser impreciso ou vago porque, numa próxima vez, será sempre mais provável que a mãe acompanhe a filha. O que, por acaso nem aconteceu e, na segunda, puxei dos apontamentos para fazer um ponto de situação. Nesta altura do campeonato, de memória, nem ao berlinde.
Sim, a relação pai filha não é iqual à relação pai filho. São afectos diferentes, o papel de pai é diferente ao longo da vida de cada um. O mesmo se passará entre mãe - filha e mãe filho. Ou não? Mas o tal zêlo é igual. Os gajinhos até podem trazer mais preocupações. O meu, aos três anos, até quis ir-se embora de casa porque se zangou com a mãe. Foi uma confusão do caraças cá dentro de mim.
É verdade, é um sentimento de zelo enamorado, ora sereno ora angustiado, não o digo por poesia alguma, não é bonito nem feio, é assim, o que sinto, é não consigo dizê-lo de outra maneira, e o que sinto vai sê-lo, assim. até ao fim da vida, porque eles não vieram para nos sossegar, mas para nos fazerem sorrir de desassossegos.
Isto não tem nada de poeta, são as palavras que descrevem o que sinto e pais especiais somos todos, como especiais são, também, todas as mães. Deus as benza pelo que, por vezes, sofrem, ao parir os nossos filhos.
Ser mãe...é ...:
ter uma âncora até ao fim da vida ( ou duas ou três);
perder a "liberdade" que se tinha antes de o ser, e gostar dessas amarras;
querer sofrer as dores dos filhos por eles;
sentir um orgulho imenso nas suas conquistas;
ajudar a criar-lhes umas asas fortes para poderem levantar voo;
só poder estar bem se eles tb estiverem;
intuir qdo não estão bem, mesmo que estejam longe;
saber como se sentem pela forma como entram em casa;
confiar totalmente e saber que eles tb confiam da mesma forma; estar lá sempre que precisam, e não precisar que estejam lá qdo precisaríamos;
e tudo o resto que não cabe em palavras. Resumindo: se uma fada aparecesse a uma mãe e lhe dissesse: Só um de vocês ( mãe e filho) pode ser feliz, qual escolherias? A mãe escolheria o filho, pq sabia que se ele não fosse feliz, ela nunca o poderia ser ( nem com a magia da fada:))
Pois, ser pai…
Lá a ver se não me perco em clichés…
Creio q, para começar, seja a melhor cura q há para o nosso egoísmo.
No caso das mães será um pouco diferente pq vão treinando para isso ao longo da sua educação, o que as obriga a pensar e a peocuparem-se + com os outros.
No nosso caso não, chegamos normalmente à paternidade ainda com o ego mt no centro. Aí, dá-se a fusão, o “eu” alarga-se a este ser, e anula-se nele. Sentimos + a dor vinda deles do q a nossa própria, passamos automaticamente a 2º plano.
Depois a aprendizagem é contínua e comum, ora ouvindo a razão ora o instinto e a memória.
No n/ caso, o equilíbrio a clarividência e o saber ser, da mãe, facilitaram imenso.
É como se já existisse um guião de mãe na sua cabeça.
De resto, existe uma cumplicidade lindíssima entre eles, mãe e filhos.
A partir da adolescência começam as “lutas” para conquista de espaço e a necessidade de afirmação da identidade, instala-se um certo ambiente de concorrência e a comunicação torna-se + difícil. Estamos nessa fase agora.
(…por acaso dava jeito os conselhozitos de quem já tivesse passado por isso, com rapazes :)
Às vezes dou comigo a criticar demasiado a sua arrogância e futilidade, próprias desta idade e, isso não ajuda nada. Ele fica sentido e fecha-se +… Por isso, ultimamente, tenho optado por tolerar, e evitado o confronto.
Ele até é um puto mt atinado, trabalhador e responsável e, a adolescência até é uma fase relativamente curta…
A experiência não se pode transmitir…. Tem de se viver. Por mt q nos custe.
LB, tenho um com 18 anos que até nem está no que, para mim e para a mãe, seria o "bom caminho", desde os 14 que deixou de viver como o pai e ... houve ali um gap de socialização, de que está a recuperar aos poucos. 2005 e 2006 foram um acumumar de processos disciplinares, às vezes por dá cá aquela palha, porque os professores já lidavam com ele, até antes de o conhecerem, com as pistolas à cintura. Vai daí, ele despreza-os e ... o resto foi história.
O que eu faço? Oiço-o, damos umas voltas de carro para sítios mais remotos :) e é quando estamos, assim, lado a lado, nunca frente a frente, depois de trocarmos sonhos e experiências, que aborda o que o preocupa e partilha comigo alguma da sua intimidade. Outras vezes, isso acontece quando me ofereço e o levo, ou vou buscá-lo, a algum sítio, onde esteve com os amigos.
Outras vezes, depois do jantar, ofereço-lhe um wiskyzinho na varanda, um cigarro, ficamos sentados lado a lado e falamos durante duas horas e meia. Isso melhora as notas ou fá-lo passar de ano? Não, mas está mais sociável. E ambos procuramos dentro dele o que poderá despoletar a sua vontade própria interior, de querer ter um destino e seguir em frente. Os miúdos desta idade têm muito em comum, mas não há dois iguais.
... hum ... lá está, de memória, nem ao berlinde. O questionário da psicóloga tinha, originalmente, 14 grupos de perguntas. Depois, foi alterado e passou a contar com 17 grupos, num total de 63 questões ... a correcção está feita ...
:) REB, obrigado pela partilha ... finalmente ... ! ... ainda espero pela "história" dos astros ... afinal, quem não deve, não teme ... (vá, não me batas) :)
Falas de amarras voluntárias, que surgem naturalmente e ... "gostosamente" ... esse sentimento é curioso, mesmo "amarrado" nunca senti amarras que, para mim nunca foram gostosas. Pelo contrário, senti necessidade de navegar a lancha de forma menos brusca, de lhe dar mais motor porque o barco está mais pesado, mas ela continuou sempre a navegar, apenas o passou a fazer com mais gente a bordo, há mais algazarra e paragens, uma em cada porto. :):):) amarras? Não, o barco já existia, e não estava ancorado. Agora, rodeiam-se as tempestades, arriscar nem é preciso, navegar, sempre, sim, ou a marinhagem fica impaciente e o ambiente tenso :):):) ... esta malta empurra-nos para a frente, não nos deixam sossegados ... :):):)
raízes... os filhos são raízes.
Se eu não tivesse tido filhas sei lá por onde andava agora... de certeza que tinha uma vida muito menos "normal".
Eu fui mãe tão nova... 22 anitos. Era mais madura do que eles são agora aos 22 anos (seria? diferente era pelo menos), mas não fazia a mínima ideia daquilo em que me estava a meter.
Eu sempre fui este ser terreno, físico, e por isso gravidez e parto foram uma viagem à idade da pedra fenomenal: fui bicho e adorei. A melhor experiência que tive na vida foi parir. Foi o maior prazer.
Depois, de repente tinha ali um ser que era mais importante do que tudo na vida... uma sensação que nem sei descrever.
tenho um amigo que diz que quando viu o filho pela primeira vez disse: estou fodido! Por isso mesmo, porque toda a vida se altera, porque deixamos de ser um só ser, porque daí para a frente passamos para 2º plano.
Os primeiros meses de vida são ainda fémea e cria, muito mais prazer do que preocupações (se a criança for saudável).
Depois vem a parte difícil: introduzir na cabecita deles o programa chamado civilização ocidental, versão XX-XXI.
E aí se, como eu, uma pessoa sente que esta civilização é um merdelum, é difícil de fazer isto.
Eu, aos 22 anos, vinha da ressaca da geração hippy, amor livre, famílias é coisa do passado, etc, etc.
Foi muito difícil com essa minha cabeça e essa minha filha... acertarmos agulhas.
Amor inquestionável,sempre. Mas tudo o resto talvez não tenha feito da melhor maneira. Mas sofri todas as dores dela e infelizmente ela as minhas.
A 2ª filha já foi muito mais fácil, já tinha 31 anos e a experiência anterior.
Quando a minha filha acabou o curso e teve alta da psiquiatria eu chorei sozinha de alívio, dizendo "parece que nos conseguimos cumprir!"
Já me lembro pouco das partes más, é engraçado. Do internamento dela, da magreza dela, do meu medo que morresse, do meu medo que ficasse para sempre doente e inadaptada.
O amor pelos filhos é AMOR. esse sim, eu sei o que é.
À tua maneira e com o que sempre tiveste à mão, foste e és mãe e pai. :) ... é aquilo a que, jocosamente designo, e no que também me incluo, por grupo de "hermafrodectos", ou seja, hermafrodita de afectos. :)
Alguns factos curiosos, quer nos pais, quer nas mães, ou na maioria de ambos, é uma capacidade ilimitada de perdoar, sarar e esquecer, e de amar, com outro retorno, que não o de receber, a partir de uma certa idade, nem o amor ou os afectos deles. Quando são pequeninos, não, amor dado é amor recebido, somos uns heróis mas, quando mais granduchos, o retorno é zero e a malta ainda gosta tanto ou mais de dar, sem nunca irmos à falência. Deve ser uma coisa calculista, a pensar nos netuchos. :):):)
Só há uma coisa que não bate cá com o "moi". Apesar de várias tentativas sérias para "seguir em frente", não consigo ter planos de vida sem pensar na minha "bezerrada", apesar dos "incentivos" que eles me têm proporcionado. Já tive ums planos valentes, já a fumegar, mas, depois, oh, caiem-me no colo que nem tordos e tenho que desligar o "foguetão". Estão sempre a atrasar-me a partida. A malta aprende. Se esses planos não os incluirem em contigência, é porque não são lá grande coisa.
eles vão voar, os filhos. Hoje em dia vão todos para o estrangeiro para fazerem curriculum, etc, etc...
A net ajudará a encurtar a distância.
Quando a casa estiver vazia, as minhas raízes a este espaço físico quebram-se.
E aí provavelmente eu estico-me até mais longe. Mas elas continuaram sempre a ser a coisa mais importante do mundo.
E se vierem netos, se calhar voltarão a nascer raízes...
Who knows...
Mas gosto de pensar que posso ir se já não for necessário ficar, capicci?
Eu sei que vão voar :( nada que não o venha pensando de há uns anos a esta parte ... a questão está em saber quando nos deixarão voar ... é que eu, a certa altura, até julgava que já me tinham deixado ... milhafrinhos do diabo, parece que sentem que vou bater as asas, depois de andarem meses longe, ou arranjam uma doença ou ... é paizinho queridinho para aqui e para ali e preciso de um favorzinho ou posso ir dormir para aí ... e .. e ...e ... e ... e há sempre um "e" quando já julgava que me tinham transformado num espaço em branco. Ora. É que fico desconfiado, têm sempre o timing certinho, mas como é que é possível?
Quanto ao resto, pois, chamaram-me à atenção de que a pequerrucha estava a deixar de ser a menina do papá ... grande novidade. Só não me souberam respender quando é que eu deixava de ser o papá da menina. Não é?
Estes foram os comentários que mais gostei de ler no meu blog.São os mais honestos! Saem de dentro :)
Achei curioso o que diz o lb: as mães já nascem, ou crescem programadas para esse papel. De facto, desde pequeninas que nos identificamos com a nossa mãe e qdo chega a nossa vez, reproduzimos aquilo que tinhamos cá registado: pôr a comida na mesa, estabelecer horários para deitar cedo e levantar para a escola, tratar da roupa e dos livros escolares, médicos, etc. (parecendo que não, estas são algumas das coisas inerentes ao papel de mãe). O resto, tudo o resto é o que se cria com eles e isso vale pra pais e mães. A fase da adolescência é uma novidade para os pais :) E para as mães. Achei giro o quee disse o "tsó1pai": entre um pai e um filho rapaz na adolescência é mais fácil conversar de lado ( enqto se passeia de carro) do que frente a frente :))"
Compreendo isso pq os homens têm "códigos de honra" diferentes das mulheres, e qdo os putos crescem passa a haver uma relação de homem pra homem. Deve ser giro! Mas acreditem, eles adoram-vos e imitam-vos ( mesmo que não pareça nada :)). As minhas, já grandinhas, continuam a dar abraços ao pai e mtos beijinhos :) Meninas é diferente!
Achei tb mto giro que ambos os pais que aqui escrevem refiram a grande cumplicidade entre mães e filhos e não sintam inveja disso. Ambos reconhecem que é uma coisa mto bonita e que sentem que a mãe faz parte dos seus filhos. E, num dos casos, o pai está separado da mãe ( pelo que percebi).
O texto da IP é uma autêntica declaração de amor, saída das entranhas! Entre ventos e tempestades, o que resiste é o enorme amor que tem poder pra salvar tudo!
Para quem diz que não sabe o que é o Amor....chega a ser uma enorme contradição :)
Se calhar a IP queria, nas suas relações amorosas sentir algo de parecido com o que sente pelos filhos, mas isso é pedir de mais :) Esse outro amor, passa-se a um nível(camada) menos profunda da pele ( digo eu)
Eles voam, pois voam , mas regressam sempre ao ninho de tempos a tempos. É-se mãe e pai até ao fim da vida, até pq eles sabem que não podem confiar da mesma forma nos outros: só mesmo os pais perdoam tudo, e amam sem esperar retorno ( como diz o ts1pai).Basta que eles estejam bem para estarem a retribuir o que lhes damos!
Sim, acredito que os netos sejam novas raízes, e que se volte a amar da mesma maneira.
Somos um bicho bonito, nós os pais :))
Reli estes comentários e lembrei-me de uma coisa: há uns anos, li num livro, que já não me lembro qual foi, esta cena:
Um pai divorciado encontra uma mulher por quem se sente muito atraído. Vão passar um fim de semana fora e, quando chegam a um sítio paradisíaco, a ex-mulher telefona-lhe a dizer que o filho está mto doente. O homem mete a namorada no carro e corre para casa da ex pra ir socorrer o filho. Pelo caminho, a ansiedade enorme, vai sentindo que aquela que ali vai ao lado não lhe diz nada... :)
:) ... vá lá a gente perceber a raça humana ... ou essa variante da raça do homem, a que resolveram chamar de pai ... os filhos, se frutos do amor, e feitos pelo amor, são uma bitola lixada, impõem-nos uma fasquia, às vezes, muito elevada e, o amor, quando acontece, se acontecer, é-o mesmo. Só ele poderá compreender, aceitar e suportar, que o primeiro compromisso, em qualquer caso, ou no de ambos, mesmo amando-se, o será sempre com os filhos. Senão, o que houver, não o sendo em vão, apena confirmará, ou a ainda impreparação, ou, simplesmente, que até nem são a gente certa, para se darem as mãos.
Engraçada esta definição de amor-de-pai: "Os filhos, se feitos com amor, se fruto do amor..."
Para amor-de-mãe, os filhos mesmo que não tenham sido feitos com amor, mesmo que tenham resultado de uma relação esporádica e pouco significativa, não serão, certamente, menos amados que os filhos de um aamor :)
Disse-o por humildade, porque é a única realidade que conheço de forma sentida. Conheço outras realidades, não sentidas por mim, de gente que diz ter tido filhos porque o "relógio biológico" assim o determinou. Ainda bem que isso não aconteceu comigo. É que há malta desta que diz servirem os filhos apenas para lhes estragarem a vida. Fico revoltado e horrorizado.
A primeira vez que fui pai tinha 21 anos, e quando olho para trás, a primeira recordação que me vem à memória, situa-se no dia do parto, que teve lugar de manhã, embora a minha mulher tivesse ido para a maternidade ao cair da noite. lembro-me de ter andado toda a noite cá fora, junto ao gradeamento, de um lado para o outro, pois não era capaz de permanecer sossegado e sentado no interior das instalações.
Depois o nervosismo do primero contacto com a mãe e a criança (um rapaz). Recordo que embora me tenham dito que tudo tinha corrido bem, sentia em mim um misto de alegria e nervoso miudinho, e se uma atitude de descontração e um sorriso de orelha a orelha, era a postura recomendada, eu, garanto-lhes, ía a trocar as pernas uma com a outra.
Depois, foram as descobertas e novidades do dia a dia, que o crescimento de uma criança nos traz.
O rapaz nos primeiros nove meses de vida, revelou-se um chorão profissional. Era ver eu e a mão a fazermos quartos de sentinela com o menino ao colo, cantarolando lenga-lengas, e sempre a andar de um lado para o outro.
Depois....... ó rapaz: tu estuda, ó rapaz: tu tem juízo, ó rapaz: tu come....
Afinal, como toda a gente
Quando tinha 39, veio uma menina, que hoje tem 16. Nunca chorou uma única noite, e talvez por eu ser mais velho, e portanto, dotado de um acumular de sensibilidades e experiência maior, ter hoje a recordação que o acompanhamento dos tempos de criança da filhota, se revestiram de maior importância para mim do que o foram com o rapaz (ele não vai ler isto).
Penso que com 21 anos, o meu ego e ânsia de viver e de descoberta eram enormes. O que já se encontrava mais relativizado ao entrar nos meus quarenta anos.
E pronto, o resto foi igual ao rapaz.....come rapariga.....estuda rapariga......tem juízo rapariga......
:) caramba, à excepção do "come rapariga, estuda rapariga,", parece que me estou a rever na meninice dos meus. O "come rapariga" só o foi mais recentemente :):):)
pois é, são parecidas as vossas vivências com os filhos. Será por serem homens e ser mais facil o relacionamento com as mulheres? Ou será só por vos ter saído primeiro um rapaz?
Para mim, com as minhas duas filhas também foi muito diferente, muito mais fácil com a segunda, mas aí acho que é por aquela maturidade que o Harumi fala, que vem com a idade
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